Montagem com cenas de O Iluminado, Laranja Mecânica e Percy Jackson

Créditos da imagem: Warner Bros./20th Century Studios/Divulgação

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8 autores que odeiam filmes inspirados em suas obras

Nem mesmo clássicos como O Iluminado ou Mary Poppins foram capazes de agradar seus criadores

Omelete
1 min de leitura
16.06.2020, às 20H20.
Atualizada em 28.07.2022, ÀS 10H08

Embora seja uma indústria com base na criatividade, Hollywood não é nada estranha a adaptações de propriedades intelectuais de outras mídias. Alguns dos maiores sucessos da história do cinema, aliás, são inspirados em livros ou quadrinhos, como 2001 – Uma Odisseia no Espaço ou Batman: O Cavaleiro das Trevas.

Ainda que conquistem público e crítica, as versões cinematográficas nem sempre agradam seus autores. Mesmo alguns dos maiores clássicos da indústria, queridos por gerações, estão sujeitos à rejeição de seus criadores, que não poupam palavras para criticar as adaptações de seus trabalhos.

Confira abaixo oito autores que odiaram a forma como suas obras foram transformadas por Hollywood:

Rick Riordan – Percy Jackson e Os Olimpianos

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Durante a busca de estúdios por uma propriedade na literatura jovem com potencial para se tornar o “novo Harry Potter”, a série literária de sucesso Percy Jackson e Os Olimpianos parecia uma aposta certeira da Fox. Baseado na mitologia da Grécia antiga, o trabalho de Rick Riordan conta com personagens jovens, uma história divertida e elementos sobrenaturais que preenchiam o nicho deixado pela franquia do bruxinho. Ao comprar os direitos da adaptação, no entanto, o estúdio não permitiu que o autor opinasse no roteiro dos filmes, que desviaram bastante dos cinco volumes publicados entre 2005 e 2009.

Claramente insatisfeito com o resultado, Riordan nunca escondeu o quanto detesta as adaptações de O Ladrão de Raios e O Mar de Monstros, lançados em 2010 e 2013, criticando-as sempre que tem a chance. Recentemente, o autor chegou a dizer que lamentava pelos atores que teriam sido “arrastados para esta bagunça” e prometeu que a versão televisiva da franquia, produzida para a Disney+, vai “consertar” os erros cometidos nos filmes.

Roald Dahl – A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971)

Visto hoje como um clássico por trazer o mundo surreal de Roald Dahl à vida, a versão de 1971 de A Fantástica Fábrica de Chocolate não é exatamente querida pelo autor do livro, publicado em 1964. Enquanto a obra original foca sua narrativa no garoto Charlie, o longa de Mel Stuart gira em torno de Willy Wonka e da atuação de Gene Wilder, considerada pretensiosa por Dahl.

Durante a produção do filme, Dahl se opôs a diversas decisões, tentando barrar músicas como “The Candyman”, a direção de Stuart e o roteiro de David Seltzer. O escritor ainda se opôs desde o começo à escalação de Wilder, já que queria ver Spike Milligan ou Peter Sellers no papel de Wonka. Segundo a biografia do autor escrita por Donald Sturrock, Dahl considerou retirar seu nome do filme – para qual ele mesmo escreveu o roteiro – e só passou a “tolerar” o longa porque sua popularidade ajudou na venda de seus livros.

Stephen King – O Iluminado

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Lançado em 1980, O Iluminado é considerado até hoje uma das maiores obras-primas do terror. Dirigido por Stanley Kubrick e protagonizado por Jack Nicholson, o longa adapta o livro homônimo de Stephen King, publicado em 1977. No entanto, a boa vontade que o público mostra com o filme não é compartilhada pelo idealizador da história. O autor já criticou diversos aspectos da adaptação, como a abordagem “misógina” de Wendy (Shelley Duvall) ou o final alterado por Kubrick. Porém, uma de suas principais broncas com a adaptação foi com Nicholson.

Segundo King, o ator apenas repetiu suas atuações de Sem Destino e As Motos Diabólicas, interpretando Jack Torrance como um louco desde sua primeira cena e apagando, assim, o arco do protagonista. Para o escritor, Kubrick não entendeu que o espírito maligno dominava o Hotel Overlook, passando sua natureza desumana para os personagens do filme.

Winston Groom – Forrest Gump: O Contador de Histórias

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Embora Forrest Gump – O Contador de Histórias ainda divida opiniões de críticos e público, sua importância na cultura pop é inegável. Além de ser uma das maiores produções da carreira de Tom Hanks, rendendo um Oscar para o astro, o filme de 1994 tem alguns dos diálogos mais icônicos do cinema. Winstom Groom, no entanto, não é um grande fã do longa, que adaptou o seu livro homônimo de 1986. O autor ficou bravo com o estúdio por alterar o tom da história, omitindo a linguagem mais forte e cortando cenas de sexo para que o filme vendesse melhor.

Para piorar, Groom chegou a processar os produtores de Forrest Gump por não ter recebido os 3% dos lucros previstos em contrato. Segundo o estúdio, a bilheteria US$ 678 milhões não cobriu os custos somados de produção (US$ 55 milhões), distribuição e publicidade.

P.L. Travers – Mary Poppins

A história da conturbada relação entre P.L. Travers e Walt Disney é bem documentada. A escritora negou diversas investidas do produtor para comprar os direitos cinematográficos de Mary Poppins, cedendo apenas porque passava por um momento financeiro delicado. Durante a produção, a autora chegou a criticar a mistura de animação e live-action, as mudanças na personalidade da personagem-título e sempre se mostrou insegura com a transformação da obra em um musical.

Embora seja um dos maiores clássicos do cinema, Mary Poppins causou uma reação tão adversa em Travers que ela chegou a chorar na estreia do longa por causa das mudanças feitas por Disney e sua equipe. A relação da autora e do produtor chegou a ser tema do filme Walt nos Bastidores de Mary Poppins, embora a produção tenha alterado alguns fatos para que o produtor não fosse retratado sob uma ótica ruim.

Michael Ende – A História Sem Fim

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Embora Michael Ende tenha sido o primeiro roteirista a escrever a adaptação cinematográfica de seu livro A História Sem Fim, a versão final do roteiro foi assinada por Herman Weigel e pelo diretor Wolfgang Petersen. O autor da obra original, publicada em 1979, só teve contato com a versão que foi para as telonas dias antes da estreia, em 1984, e chamou o resultado de “revoltante”.

Assim como Stephen King, Ende afirmou que os produtores não entenderam sua obra e fizeram o filme pensando apenas no dinheiro. Sem sucesso, o autor chegou a processar o estúdio para reaver os direitos cinematográficos do título.

Anthony Burgess – Laranja Mecânica

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Mais uma adaptação de Stanley Kubrick que acabou rechaçada pelo autor original, o filme Laranja Mecânica foi criticado por Anthony Burgess por não só por não ter compreendido o objetivo do livro, mas por, segundo o autor, glorificar a violência. Para o escritor, a interpretação incorreta de sua obra por parte do cineasta levou uma geração de leitores a repetir o erro.

Anos após o lançamento de Laranja Mecânica nos cinemas, Burgess chegou a dizer que jamais deveria ter escrito o livro, pois a própria obra dava margem a interpretações incorretas.

Alan Moore – Absolutamente tudo

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Um dos nomes mais celebrados dos quadrinhos, Alan Moore abomina toda e qualquer tentativa, bem-sucedida ou não, de adaptação de suas obras. Roteirista de clássicos como Watchmen, V de Vingança e Batman: A Piada Mortal, o quadrinista nem ao menos permite que estúdios o creditem em produções inspiradas em seu lendário trabalho.

Para Moore, a adaptação de V de Vingança é uma “parábola [contra o presidente norte-americano, George W. Bush] feita por pessoas tímidas demais para fazer uma sátira política em seu país” e ele nem mesmo quis comentar sobre a animação de A Piada Mortal, HQ que ele mesmo repudia. A relação do quadrinista com adaptações é tão ruim, que ele afirma que as negociações com a Warner para o licenciamento de produtos para o filme de Watchmen desgastaram sua relação com a DC e fizeram com que ele não quisesse nada com um longa que ele chamou de “miserável”. Damon Lindelof, criador da série que dá sequência aos eventos da HQ de 1986, chegou a dizer que acredita ser alvo de uma maldição de Moore dias antes da estreia do programa na HBO.

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