O documentário O Cinema dos Meus Olhos (2007) tem um título auto-explicativo. Com uma câmera na mão e umas perguntas na cabeça, o cineasta Evaldo Mocarzel aproveitou a alta concentração de cineastas e cinéfilos da 30ª Mostra para investigar como eles vêem a sétima arte.
Conversando na saída das salas de cinema, em estúdios ou no próprio lounge da Mostra, ele recolheu depoimentos de pessoas importantes para o cinema nacional e internacional, caso dos diretores Walter Salles, Cao Hamburguer, Wolfgang Becker e Tata Amaral, o diretor de fotografia Walter Carvalho e críticos conhecidos, como Luiz Carlos Merten e Rubens Ewald Filho, entre tantos outros.
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E o que poderia ser um motivo de orgulho (para o realizador), logo passa a ser foco de preocupação (para o público). Com tanta gente falando fica difícil acompanhar os raciocínios de todos os entrevistados e guardar quem disse o que sobre que assunto. Não é falta da dinâmica de montagem, que aliás é um dos pontos positivos, pois costura muito bem os pensamentos de alguns entrevistados. O problema é mesmo de ter muita gente e uma ânsia de dar espaços iguais a todos, como erroneamente se vangloria o release do longa.
Em nada ajuda também os estranhos enquadramentos, que deixam personagens ora deitados sob tapetes, ora falando para a câmera através do espelho. A tentativa de ser muito "moderno" ou "descolado" acaba produzindo essa disformidade que por muito pouco não chega a ser cômica, como se via no quadro "Bruno", em que o comediante inglês Sacha Baron Coen (Borat) deixa os seus entrevistados nas poses mais esdrúxulas possíveis.
Por fim, as presenças de Leon Cakoff e Renata de Almeida como produtores tanto do filme quanto da Mostra geram outra anomalia. Quebrando o ritmo e até mesmo o tema que vinha sendo discutido até então, os entrevistados passam a discorrer sobre seus momentos mais inesquecíveis dentro da Mostra. Talvez um olhar mais neutro conseguisse enxergar mais longe e barrasse esta dispensável autopromoção final.
