Nataly Rocha encontrou sua Dayana de Motel Destino com a ajuda do colega de elenco, Fábio Assunção - mas não do jeito que você está pensando. Em entrevista ao Omelete, a atriz contou que uma conversa com Assunção durante os ensaios levou a um “estalo” criativo para ela.
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“Um pouco antes de começarmos a filmar, nos ensaios, o Fábio me disse que estava gostando da minha performance. Daí eu pensei: 'Se ele tá gostando, tá errado!'. E comecei a fazer tudo ao contrário do que estava fazendo antes”, comentou, aludindo à construção de uma relação antagônica entre Dayana e Elias, marido abusivo interpretado por Assunção. “Em toda cena, eu estava desfazendo tudo o que ele fazia, mesmo que ele não tivesse percebendo. Era um segredo entre eu e a personagem, e eu me divertia com isso”.
Encontrar o humor em Dayana foi essencial, inclusive, para empurrar a personagem para o território desejado pela atriz: “Acima de tudo, eu queria evitar que o público sentisse pena dela. Queria que ela fosse resistência, que não fosse só uma vítima da violência, apesar de ser algo que está presente na história dela. Eu quis tirar ela desse lugar chapado de sofrimento, injetar ela com algum carisma, para que ela ganhe a empatia do público não pela pena, mas por simplesmente existir. A violência é parte dela, constitui o corpo dela, mas não é o que ela é”.
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E é através do relacionamento com Heraldo (Iago Xavier), um jovem que se esconde no motel administrado por ela e pelo marido, que Dayana começa a enxergar a possibilidade de sair desse lugar de violência. Falando do envolvimento dos dois, Rocha frisou o caráter antirracista da trama.
“Ela tem essa relação com um rapaz negro, mas não de uma forma que exotiza o corpo dele. Ela cria um vínculo com o cara, de admiração e confiança, que em si gera a questão do desejo - mas primeiro vêm os gestos de parceria, para não cair na questão da mulher branca desejando o novinho preto”, comentou.
Motel Destino, produzido pelo Cinema Inflamável e pela Gullane, já está em cartaz nos cinemas.
