Mês do Orgulho: 5 séries e 5 filmes com a melhor abordagem LGBTQIA+

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Mês do Orgulho: 5 séries e 5 filmes com a melhor abordagem LGBTQIA+

No Mês do Orgulho muita coisa pode estar disponível para ser assistida, mas algumas delas são obrigatórias.

Omelete
1 min de leitura
28.06.2022, às 14H32.

Decidir o valor de uma produção voltada para a comunidade LGBTQIA+ não é uma tarefa possível para ninguém que tenha verdadeiro bom-senso. Mas, rastrear em algumas delas características positivas e negativas já é o suficiente para entender quais dessas produções prestam serviços e quais delas prestam desserviços quando o assunto é a percepção não só da própria comunidade, mas de quem não faz parte dela (e que é, evidentemente, um dos grandes objetivos de quem as criou e produziu).

O nível de toxicidade é um ponto em questão que sempre deve ser considerado – e que costuma ser ignorado em nome da eventual relação que você tenha com a série ou o filme. É comum ver listas onde a relação de Kurt e Blaine (Glee) seja encarada como “tóxica” porque aconteceu uma traição uma única vez entre eles, mas, na mesma lista, a relação de Mickey e Ian (Shameless) sendo vista como bacana mesmo pautada em atos de violência constantes.

A ideia, então, é considerar a abordagem LGBTQIA+ como um todo, incluindo a forma como as séries e os filmes trataram, também, episódios de toxicidade. Porém, mais que tudo, essas produções são importantes para quem faz parte da comunidade e essenciais para que quem não faz parte conseguir ter um panorama sensível de uma realidade que eles não vivenciam. 

SÉRIES

Heartstopper - Netflix

Grande sucesso do momento, as razões para assistir Heartstopper são as mesmas que te fazem querer assistir qualquer boa história de amor: o conforto que elas trazem ao coração. Além de ser curtinha e com episódios de apenas 30 minutos.

A história não é nada original: Charlie saiu do armário há pouco tempo e despertou a atenção de Nick, o cara mais popular da escola, que apesar de corresponder, não sabe ainda como admitir sua orientação. Os dois, então, vão seguindo por uma trilha onde o afeto vai se tornando impossível de negar e a relação começa a afetar outras pessoas que estão em volta. Há também uma personagem trans que antes da transição estudava na escola para meninos e após a transição, se transferiu para a escola de meninas.

Heartsopper é bem escrita, bem dirigida e consegue criar tantas situações delicadas e sensíveis que dificilmente seu coração vai resistir. É uma produção confortável em todos os níveis, que foi calculada para que as demonstrações de carinho entre os personagens gays fossem unicamente românticas, tornando-a plenamente capaz de se comunicar com todo tipo de audiência.

Veneno - HBO Max

De tudo que foi lançado no mercado a respeito da comunidade trans, Veneno, disponível na HBO Max, talvez seja o que mais impressionou público e crítica, sobretudo por conta de sua saga geracional, que acompanha, em diferentes partes da vida, a famosa La Veneno, cantora, atriz e ícone erótico que se tornou famosa na Espanha na década de 90.

A série mistura a realidade e a ficção através de uma jornalista chamada Valeria, que ao investigar a vida de Veneno, vai sendo mergulhada em correlações e catarses que transformam sua vida. Ao mesmo tempo, Veneno é vivida por três atrizes trans diferentes, uma para cada fase de sua vida, dando visibilidade para essas artistas e ocupando seu devido lugar de fala. É impossível não amar a atmosfera quente e dramática da estética de filmes e séries espanholas, sobretudo quando elas remetem ao passado.

Apesar de ser um marco para a visibilidade trans, Veneno não é a melhor opção para apresentar o assunto ao seu primo hetero que está passando uns dias na sua casa e tem curiosidade. É importante, contudo, não esquecer de colocá-la na lista de produções essenciais sobre a vida e sobre a arte.

Love, Victor - Star +

Bem antes de Heartstopper encantar o público adolescente com sua história de amor britânica, Love Victor já tinha feito isso com uma premissa muito parecida. A série é um spin-off do longa Love Simon (que também estará nessa lista), que repete a trajetória de auto-aceitação, mas dentro de um outro contexto.

Victor é um jovem criado numa família latina, onde algumas percepções imutáveis podem estar incutidas nas ideias de absolutamente todos os membros da família, uma vez que a virilidade masculina é um aspecto cultural para essa comunidade. A série é preciosa porque, através disso, vai subvertendo esses códigos, criando um pai mais compreensivo e uma mãe mais intransigente, por exemplo.

Apesar da grande importância que Heartstopper tem para a construção das noções de homoafetividade, Love Victor consegue ser um pouco mais realista no retrato da adolescência contemporânea.

Feel Good - Netflix

Entre os muitos títulos em que a homoafetividade feminina é o destaque, a já cancelada Feel Good talvez seja a que – com somente duas temporadas – conseguiu amadurecer não só sua protagonista como a relação que ela construiu desde os primeiros episódios.

Na série, a comediante Mae Martin usa o próprio nome na criação de uma stand-up comedy que começa a série em processo de reajuste da própria vida, depois de passar muito tempo lutando contra a dependência química. Ela, então, conhece George. As duas escondem suas verdadeiras condições uma para a outra, mas logo os sentimentos envolvidos vão tomando a frente.

Além da adorável presença de Lisa Kudrow no elenco, Mae é uma protagonista extremamente relacionável, insegura, ansiosa... mas, que encontra em George e no próprio trabalho, um canal para ir, aos poucos, vencendo os traumas que a levaram até aquela posição. É uma produção sensível e muito bem escrita.

Manhãs de Setembro - Prime Video

Liniker, cantora e atriz, assumiu a responsabilidade de estrear Manhãs de Setembro, na Amazon, sem que a fórmula que resultou no roteiro tivesse sido nem meramente original. Histórias sobre filhos desconhecidos chegando do nada são mais velhas que andar para frente. Como diz RuPaul, “você não precisa reinventar a roda, a roda está bem”. A produção do Amazon, então, não reinventa.

Mesmo assim, cheia de clichês, Manhãs de Setembro cumpre seu papel de apresentar uma história em território nacional sobre uma mulher trans, com uma atriz trans e que fala da complexidade das relações pela ótica da “pessoa invisível”, que faz entregas, passa de um lado para o outro no centro de uma cidade grande, sem ser verdadeiramente “vista” pelo organismo social. É muito importante, também, a forma como os roteiros não estão priorizando a condição trans, mas sim o que é para aquela mulher descobrir a maternidade em um ponto crítico da própria vida, em que a solidão é o único estado que ela reconhece como familiar.

Apesar de ser ambientada na crueza das ruelas do centro, a série tem uma estrutura narrativa muito parecida com a que Hollywood estabeleceu, o que a torna muito relacionável e acessível para todos os públicos.

FILMES

Luca - Disney+

Para aqueles que estranharem a presença de Luca nessa lista, uma dica: assistam esse filme com um olhar voltado para as metáforas de diversidade e as coisas farão sentido para você.

Luca e Alberto sonham com uma vida misturados aos moradores de uma vila italiana paradisíaca, desfrutando de tudo que os faria sentir-se parte daquele organismo. Só tem um problema: eles escondem um segredo. Ambos têm forma humana, mas quando molhados voltam a ser criaturas marinhas. O único jeito, então, é manter essa condição “no armário”.

Com aquele clássico jeito Disney de tornar animações mais carismáticas do que qualquer pessoa de verdade poderia ser, Luca é um filme que dá uma aula divertida e comovente sobre inclusão. Se não bastasse o enredo claramente direcionado à diversidade, a relação entre Alberto e Luca alcança todos os meninos, meninas e não-conformistas que já precisaram lidar com a dura realidade de se apaixonar por alguém que nunca poderá corresponder esse amor.

Luca é uma explosão de metáforas e analogias poderosas, capazes de sensibilizar até o coração mais duro. Deveria ser obrigatório para todos que precisam ainda compreender as angústias do não-pertencimento e as alegrias da aceitação e do afeto incondicional.

The 4th Man Out

Durante muito tempo esse filme encantador esteve disponível no Netflix. Agora, infelizmente, é necessário esperar até que outro streaming se interesse em trazê-lo de volta ao mercado. Considerando que ele tem muita força em listas como essa, isso não deve demorar muito.

A história pode assustar os mais preocupados com as questões de heteronormatividade. Adam é um mecânico que tem três amigos com quem vive plenamente sua rotina de “brother”. Jogos, bares, papos sobre garotas. Um dia, contudo, Adam resolve sair do armário e a revelação põe em risco o equilíbrio entre eles. A grande força do filme está em como os quatro tentarão manter a relação protegida do que a homossexualidade de Adam representa culturalmente para cada um deles.

Com uma linguagem minimalista e discreta, o filme toma a decisão correta de embarcar numa jornada em busca do amor. Assim que percebem que Adam sempre esteve sozinho por medo de que os amigos não o aceitassem, eles começam a tentar ajudá-lo a encontrar um par.

Com Amor, Simon - Star+

Assistir ao filme que deu origem à série Love, Victor pode tornar ambas as experiências ainda melhores. Embora as histórias se pareçam, elas não são a mesma história. O enredo do filme é mais adepto dos códigos das comédias românticas dos anos 90 e 2000, mas feito com mais cuidado, com as preocupações de hoje.

Simon tem 17 anos, vive no mundo contemporâneo, com pais que provavelmente seriam receptivos à descoberta de que o filho é gay. Porém, o rapaz alimenta um conflito que está enraizado no DNA social: ele está acostumado a ver gays sofrendo, se escondendo.... Nada mais natural, então, que ele faça o mesmo e deixe essas angústias o dominarem.

Seu único escape é a paixão por um garoto que conheceu na internet e que, é claro, se tornou um mistério que ele precisa desvendar. Assim, o filme se torna uma deliciosa aventura para descobrir a identidade do amor de Simon, para que ele, nesse processo, também redescubra o amor por si mesmo.

The Prom - Netflix

Apesar do elenco estelar formado por Nicole Kidman, James Corden, Kerry Washington e Meryl Streep, The Prom acabou passando despercebido pelas premiações. Mas, em se tratando da mais pura diversão, ele é imbatível.

O filme é uma adaptação do musical da Broadway que conta a história REAL de uma menina do interior dos EUA, que foi proibida pela escola de levar a namorada ao baile. A jovem decidiu expor a situação publicamente, obrigando a direção da instituição a voltar atrás em sua decisão. O horror todo veio logo em seguida... Os estudantes – com o aval da escola – criaram um baile fake, mandaram a menina e alguns outros “indesejáveis” para lá, e festejaram de verdade em outro lugar. Quando a história foi descoberta, trouxe de volta as discussões sobre até que ponto as instituições de ensino fundamental estão realmente trabalhando contra o bullying e a exclusão.

Ryan Murphy chamou de volta o produtor musical de Glee e criou uma adaptação intensa, colorida e cheia do típico otimismo das produções adolescentes do diretor. The Prom vai na fronteira do cafona em vários momentos, mas é um filme honesto sobre ter seu lugar, cheio de personagens muito carismáticos e canções inspiradíssimas.

Other People - Netflix

Esse filme precisaria ser garimpado, mas aqueles que o encontraram não se decepcionaram. O elenco é cheio de gente conhecida das séries de TV, o que deixa a sensação de familiaridade contribuir ainda mais para aquecer o nosso coração.

Jesse Plemons faz um roteirista de quase 30 anos que até então nunca conseguiu emplacar nenhum piloto. Sua mãe – vivida por uma impressionante Molly Shannon – está em estado terminal do câncer e ele volta para casa para acompanhar seus últimos meses de vida. A questão é que sua homossexualidade, que até então era um assunto que levava sempre ao constrangimento, precisa ser encarado.

O filme tem momentos absolutamente hilários, outros incrivelmente comoventes... e a ressignificação da canção “Drops of Jupiter”, do Train, é para devastar você no final. Sem muitas firulas, o texto e a direção contam uma história honesta sobre a compreensão derradeira de que amor é amor; e que não se pode perder tempo para vivê-lo. A morte é uma realidade que ceifa oportunidades de tudo... e ela não espera você estar pronto para dizer adeus.

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