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Laurent Cantet vem ao Brasil encerrar a Mostra de SP e participa de debate na FLUP

Palestrante da Festa Literária das Periferias, o cineasta francês exibe A Trama em São Paulo

30.10.2017, às 18H14.
Atualizada em 30.10.2017, ÀS 19H03

Considerado uma referência cinematográfica internacional no debate sobre a exclusão e sobre a representação da juventude de classes sociais menos abastadas, o diretor francês Laurent Cantet desembarca nesta segunda-feira (30) no Brasil com duas tarefas. A primeira será encerrar a 41ª Mostra de São Paulo com a exibição de seu novo longa-metragem A Trama (L’Atelier), na quarta-feira (1), às 20h, no Cinearte 1. Na sequência, ele vai para o Rio de Janeiro participar de uma série de trabalhos ligados à formação de novos autores promovidos pela Festa Literária das Periferias (FLUP), que é aberta ao público de 10 a 15 de novembro, no Vidigal. Ele participa do evento (no Galpão da ONG Horizonte) no dia 11, às 16h, numa mesa de debates dividida com o escritor Paulo Lins, em comemoração aos 20 anos do livro Cidade de Deus.

“Coletividade é uma palavra que foi esvaziada nas práticas políticas de poder, mas que está na chave da democracia, sobretudo nestes tempos de redes sociais”, disse Cantet em Cannes. “O meu cinema se esforça em manter viva a discussão do que se passa nos coletivos, sobretudo entre os jovens, que têm comportamentos sempre em ebulição, seja pelos hormônios, seja pelos sonhos. Não faço disso uma militância específica, pois não sigo caminhos partidários. Mas eu faço da inclusão uma bandeira”.

Em A Trama, que foi exibido em Cannes, Cantet acompanha os incidentes que cercam um curso de literatura para moleques que fazem da narrativa policial um meio de espelhar a realidade conturbada de onde vieram. Mas algo de perigoso vai ocorrer nesse processo.

“Não existe nada mais politizado neste mundo do que os adolescentes e, por isso, é neles que eu posso encontrar um novo caminho para a ficção. Neles, a ficção se contorce a partir de vetores da realidade”.

Organizador da FLUP, o escritor Julio Ludemir confiou a Cantet a tarefa de analisar projetos de um Laboratório de Narrativas para roteiristas negros.

“Uma coincidência aproximou a FLUP de Laurent Cantet: o filme que ele está lançando agora no Brasil. A Trama conta a história de uma oficina de escrita criativa que uma importante escritora francesa organiza numa cidade periférica de seu país - com todos os personagens que no Brasil seriam reduzidos ao jovem negro, quando muito ao nordestino branco pobre. Em seu longa, a produção de discursos daqueles árabes, daqueles negros e principalmente do jovem branco de direita, um inequívoco eleitor de Marine Le Pen, é uma preocupação absolutamente necessária às sociedades pós-emprego, na qual a existência do jovem pobre é vista como uma permanente ameaça ao mundo formal”, diz Ludemir. “Há lógica excludente que vê o jovem como um eterno pária. E isso leva o establishment a exigir do estado uma intervenção que não raro culmina com o extermínio desses atores sociais. A obra de Cantet levanta o debate dessa realidade trágica”.

No encerramento da Mostra, será entregue o troféu Bandeira Paulista, que tem entre seus concorrentes o filme nacional O Beijo no Asfalto, que marca a estreia de Murilo Benício como realizador.

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