Existem algumas figuras que são emblemáticas na cultura brasileira e a apresentadora Hebe é um bom exemplo disso. Após décadas apresentando programas em diversas emissoras de televisão, a artista se tornou sinônimo de grandes entrevistas e do famoso “selinho” ao final delas. No entanto, além do grande carisma, Hebe também tinha um lado firme, sem medo de tocar em assuntos considerados polêmicos. Com isso, o lançamento da cinebiografia Hebe - A Estrela do Brasil em 2019 marca um momento importante para que outras gerações conheçam sua história.
Em entrevista ao Omelete no set da produção, o diretor Maurício Farias explicou que Hebe estava à frente de seu tempo em muitas questões, por isso a produção deve gerar identificação com o público mais jovem. “Nos anos 40 e 50, Hebe já trabalhava e se casou com quase 40 anos de idade, algo pouco comum para uma mulher daquela época, mas totalmente atual. Ela teve sucesso na carreira e nunca dependeu dos homens com quem se relacionou. Ela teve muitas dificuldades como alguém que trabalha muito e se dedica a isso. Essa é uma discussão muito atual”.
Um dos pontos que a cinebiografia explora é como a artista falava sobre tudo em seus programas de TV. Como o próprio trailer mostra, Hebe tratava de diversos assuntos e isso gerou alguns problemas em sua carreira, incluindo com a censura. “Hebe era uma pessoa que falava a sua opinião e sempre estava aberta ao diálogo. Acho que isso também é uma coisa importante para todas as idades, nesse momento que estamos vivendo, com cada vez mais extremismo e certa dificuldade de entendimento e diálogo”, diz Farias.
O projeto de uma cinebiografia sobre a apresentadora partiu de sua família, especialmente de seu sobrinho Cláudio Pessutti, interpretado no filme por Danton Mello. A produção não mostra a infância e juventude de Hebe, mas foca em um momento de mudança em sua vida na década de 80.
Segundo o diretor, o momento foi escolhido por ser emblemático e representar duas grandes viradas, uma pessoal e outra profissional. “É um momento da vida pessoal em que ela finalmente consegue se colocar da forma que ela achava que deveria, consequentemente ela se separa do marido e acerta sua vida emocional e pessoal. No lado profissional, ela deixou a Bandeirantes por conta das dificuldades que estava tendo, com pressão da censura e falta de diálogo com os diretores do programa. Ela fica um tempo fora do ar e é convidada pelo Silvio Santos para voltar ao SBT, para fazer um programa do jeito que ela queria”.
Com tudo isso, Hebe - A Estrela do Brasil é uma grande oportunidade, tanto para o público mais maduro, que lembra com carinho da Era de Ouro da televisão brasileira, quanto para os espectadores jovens, de conhecer as dores e as delícias de ser Hebe Camargo. O filme já está em cartaz nos cinemas.