Hebe - A Estrela do Brasil

Créditos da imagem: Hebe - A Estrela do Brasil/Warner Bros/Reprodução

Filmes

Crítica

Hebe - A Estrela do Brasil

Com recorte esperto e performance carismática de Andréa Beltrão, cinebiografia relembra apresentadora como símbolo da liberdade de expressão

27.09.2019, às 11H37.
Atualizada em 27.09.2019, ÀS 17H26

Interpretar uma personalidade icônica como Hebe Camargo não é uma tarefa fácil. A espontaneidade, os maneirismos e a excentricidade da apresentadora poderiam prontamente deixar qualquer atriz à beira da imitação. Qualquer atriz, mas não Andréa Beltrão. Em Hebe - A Estrela do Brasil, ela capta o carisma da queridinha do país, talvez seu traço mais complicado, e conduz a narrativa de um dos momentos mais conturbados da vida da comunicadora com naturalidade e determinação.

Fazendo um recorte esperto da trajetória da apresentadora, tanto dentro como fora da telinha, o filme relembra a artista como um símbolo da liberdade de expressão. Além de mostrá-la como uma voz ativa em defesa da comunidade LGBT, justamente em um momento em que o país dava os primeiros passos para se recuperar da ditadura - e, consequentemente, de uma onda de falso moralismo -, a produção narra a transição da Hebe de uma emissora para outra após seguidas tentativas de cercear o que ela poderia ou não dizer no ar. Nos anos 1980, o Brasil iniciava seu processo de redemocratização e o fantasma da censura ainda se fazia muito presente.

Ao mesmo tempo, na sua vida pessoal, Hebe enfrentava um casamento tóxico. Os surtos de ciúmes do marido Lélio (Marco Ricca) e seu machismo disfarçado eventualmente evoluíram para agressões verbais e físicas à esposa, retratadas em cenas fortes na cinebiografia. Fortes, claro, pelo teor dos momentos, mas também pela performance firme e destemida de Beltrão.

Assim, no filme do diretor Maurício Farias, Hebe é retratada como uma verdadeira heroína, sem medo de dizer e, mais importante, ser o que bem entendesse. Em um momento no qual o Brasil repete os mesmos erros do passado, impossível não encarar a figura da Hebe com algum saudosismo. Embora tenha tido uma postura “isenta” politicamente, explícita na frase "a Hebe não é de direita. A Hebe não é de esquerda. A Hebe é direta", ela sempre falou o que pensava, quer gostassem ou não. Por isso, pessoalmente, gostaria de ouvir o que ela teria a dizer hoje.

Como era de se esperar, a nostalgia é um fator importante dentro da narrativa. Os penteados, a trilha sonora, os figurinos. Tudo evoca os anos 1980. Até momentos marcantes do programa da Hebe, como o icônico dia em que ela levou ao palco Dercy Gonçalves e Roberta Close, encontram seu espaço na narrativa. Apesar de divertidos, esses acontecimentos não tomam tempo à toa na trama, como em Chacrinha: O Velho Guerreiro. Em última instância, eles servem a um propósito: salientar seu papel na formação da opinião pública no Brasil.

Hebe - A Estrela do Brasil não é um retrato em 360º da apresentadora ou sequer tem o objetivo de explorar todas as suas camadas - seria até utópico esperar por isso em duas horas de história, ainda mais considerando a decisão de fazer um recorte tão específico na sua jornada. É um filme para deixar o fã com mais saudades e, nesse sentido, as atuações, a direção e o roteiro são muito bem resolvidos. No fundo, é difícil não sair da sala de cinema pensando que a Hebe faz falta.

Nota do Crítico
Ótimo
Hebe - A Estrela do Brasil
Hebe - A Estrela do Brasil
Hebe - A Estrela do Brasil
Hebe - A Estrela do Brasil

Ano: 2018

País: Brasil

Classificação: 14 anos

Duração: 122 min

Direção: Maurício Farias

Roteiro: Carolina Kotscho

Elenco: Marco Ricca, Caio Horowicz, Andréa Beltrão

Onde assistir:
Oferecido por

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.