Seria Ainda Estou Aqui o maior lançamento da história do Globoplay? Às vésperas da estreia do filme brasileiro vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional (e primeiro longa-metragem Original Globoplay), essa foi nossa primeira pergunta para Tatiana Costa, diretora de conteúdo e canais de entretenimento e notícias do streaming da Globo. Como boa executiva, ela evita absolutismos, mas está claro que a chegada do longa de Walter Salles é um momento significativo para a plataforma.
Não é à toa. Desde a estreia de Ainda Estou Aqui nos festivais internacionais, passando para sua chegada aos cinemas – onde alcançou um sucesso impressionante de bilheteria – até o triunfo no Oscar, o filme capturou o imaginário brasileiro como poucas coisas fazem. Quantas vezes você viu o rosto de Fernanda Torres nos últimos meses?
“Para a Globo, é extremamente simbólico que o primeiro filme Original Globoplay tenha alcançado tamanha repercussão justamente no ano em que se celebram os 10 anos da plataforma e 100 anos de Globo. Com um século de história, seria injusto apontar uma única obra como a mais emblemática. No entanto, as conquistas de Ainda Estou Aqui certamente coroam o legado da Globo como uma das maiores contadoras de histórias do mundo,” diz Tatiana. “Com uma trajetória marcada por mais de 30 premiações, incluindo o Oscar inédito para o Brasil, e a comoção nacional que gerou, com o público literalmente vestindo a camisa do filme, Ainda Estou Aqui é um marco para o país, para o audiovisual brasileiro e para a Globo, claro.”
Walter Salles dirigindo Fernanda Torres em Ainda Estou Aqui
É uma inauguração de primeira para a iniciativa, mas a ideia não é parar por aqui. Na verdade, o segundo Original Globoplay mantém as coisas em família. Assim como Ainda Estou Aqui, Vitória com Fernanda Montenegro foi lançado nos cinemas pela Sony Pictures, e a telona é parte essencial da estratégia da plataforma.
Enquanto rolam debates ferrenhos na CinemaCon, que aconteceu nesta semana nos EUA e teve como principal debate a duração das janelas de exclusividade dos filmes no cinema, o Globoplay tem uma opinião clara sobre o assunto.
“A gente acredita que o sucesso de um filme nos cinemas gera grande valor simbólico e econômico às produções, aumentando sua visibilidade e melhorando seu desempenho em outras plataformas,” disse Costa, antes de reforçar que a janela de exclusividade dos originais da plataforma será de pelo menos três meses (Ainda Estou Aqui ficou 20 semanas nos cinemas). "O Globoplay, por sua vez, amplia o ciclo de rentabilização das obras, alcançando um público maior e gerando escala. E há ainda a possibilidade de uma terceira janela valiosa: a TV Globo. A Globo coloca todo seu ecossistema a favor do cinema brasileiro, para que os filmes sejam vistos por cada vez mais pessoas.”
É só a ponta da lança. Depois de focar em outros tipos de mídia, a segunda década do Globoplay vai firme e forte para os longas-metragens. “Nos últimos anos, o Globoplay lançou mais de 150 produções originais. Antes, essa produção era focada em séries, novelas e documentários,” confirmou Vitória. “Agora, expandimos esse investimento para a produção de filmes originais. Além desses dois primeiros lançamentos, temos uma esteira de novos filmes que estão por vir, incluindo o Na Linha de Fogo, criado por José Jr. e dirigido por Afonso Poyart, uma coprodução com a Disney”.
Na conversa, Tatiana Costa também comentou conosco sobre o investimento do Globoplay em novelas e coisas como k-dramas e animes. Leia a entrevista completa abaixo.
Cena de Ainda Estou Aqui com Selton Mello e Fernanda Torres.
Dado o sucesso de bilheteria e a vitória no Oscar, é justo dizer que Ainda Estou Aqui é o maior lançamento da história do Globoplay?
Tatiana Costa: Para a Globo, é extremamente simbólico que o primeiro filme Original Globoplay tenha alcançado tamanha repercussão justamente no ano em que se celebram os 10 anos da plataforma e 100 anos de Globo. Com um século de história, seria injusto apontar uma única obra como a mais emblemática. No entanto, as conquistas de Ainda Estou Aqui certamente coroam o legado da Globo como uma das maiores contadoras de histórias do mundo.
Com uma trajetória marcada por mais de 30 premiações, incluindo o Oscar inédito para o Brasil, e a comoção nacional que gerou, com o público literalmente vestindo a camisa do filme, Ainda Estou Aqui é um marco para o país, para o audiovisual brasileiro e para a Globo, claro. Indiscutivelmente, um grande filme por todas as suas qualidades e talentos envolvidos, desde a direção primorosa de Walter Salles às atuações estelares. Uma obra indispensável por tudo que representa, merecendo ser vista e revista. E, a partir do dia 6, isso será possível com sua chegada exclusiva ao Globoplay.
Vimos um impacto enorme de produções nacionais no cinema com Ainda Estou Aqui e Vitória. Vocês enxergam essa estratégia, de lançar primeiro no cinema e depois trazer para o streaming, como algo essencial para a vertical de filmes originais Globoplay, ou o lançamento direto no catálogo também é considerado?
Tatiana Costa: Os filmes Originais Globoplay sempre terão as salas de cinema como primeira janela. Além de garantir essa exclusividade para nossos originais, fazemos ainda uma grande promoção do filme em nossos canais e plataformas. Ainda Estou Aqui ganhou ampla cobertura nos telejornais e programas, além de mídia OOH estimulando as pessoas a irem aos cinemas. Para Vitória, nosso segundo filme original, que já foi visto por mais de meio milhão de brasileiros no cinema, também fizemos uma grande cobertura no lançamento.
Vitória
A gente acredita que o sucesso de um filme nos cinemas gera grande valor simbólico e econômico às produções, aumentando sua visibilidade e melhorando seu desempenho em outras plataformas. O Globoplay, por sua vez, amplia o ciclo de rentabilização das obras, alcançando um público maior e gerando escala. E há ainda a possibilidade de uma terceira janela valiosa: a TV Globo. A Globo coloca todo seu ecossistema a favor do cinema brasileiro, para que os filmes sejam vistos por cada vez mais pessoas.
Nos últimos anos, o Globoplay lançou mais de 150 produções originais. Antes, essa produção era focada em séries, novelas e documentários. Agora, expandimos esse investimento para a produção de filmes originais. Além desses dois primeiros lançamentos, temos uma esteira de novos filmes que estão por vir, incluindo o Na Linha de Fogo, criado por José Jr. e dirigido por Afonso Poyart, uma coprodução com a Disney.
Quanto a lançamentos no cinema como Vitória, vocês têm uma janela de exclusividade para cinema em mente, ou isso vai variar de filme em filme? Em paralelo, temos uma previsão para Vitória no Globoplay?
Tatiana Costa: Não temos previsão para a estreia de Vitória no Globoplay. A janela mínima de exclusividade para nossos originais é de três meses, podendo ser ampliada de acordo com a trajetória de cada filme. Veja o caso de Ainda Estou Aqui, que teve uma exclusividade nos cinemas de mais de 20 semanas. Agora, naturalmente, o ciclo se encerra. Ele está pronto para chegar a um novo público no Globoplay, onde estará disponível com exclusividade para brasileiros de todo o país.
Nos últimos meses, vimos o sucesso de novelas no streaming com Beleza Fatal, uma produção da Max. Vocês têm um grande lançamento esse ano com Guerreiros do Sol. Como vocês enxergam o futuro de novelas em streaming?
Tatiana Costa - O brasileiro é conhecido por sua paixão por novelas e o Globoplay é o destino certo para esses fãs, oferecendo um catálogo robusto com mais de 250 obras, se consolidando como a casa das novelas por excelência. Elas representam 65% do consumo sob demanda do Globoplay, entre nossas produções originais, as novelas atuais e de acervo da TV Globo e as licenciadas, como os doramas, as novelas turcas e mexicanas. Por isso, investimos na maior oferta de novelas do streaming brasileiro e fomos os primeiros a lançar novelas originais, ainda em 2021, com Verdades Secretas 2 e depois com Todas as Flores, dois grandes fenômenos de consumo e de repercussão.
Guerreiros do Sol
Nossa aposta para os 10 anos de Globoplay é Guerreiros do Sol, uma superprodução que se passa no sertão brasileiro, nas décadas de 1920 e 1930, e é livremente inspirada na vida de Lampião e Maria Bonita. Uma produção dos Estúdios Globo, a novela é escrita por George Moura e Sergio Goldenberg e tem direção artística de Rogério Gomes (Papinha).
Visitamos o estúdio de Produção Virtual no fim do ano passado e pudemos ver testes da tecnologia para Antártida, filme original Globoplay. As filmagens já aconteceram? Como foi (ou está sendo) a adaptação dos atores e da produção para essa nova tecnologia? O quanto essa tecnologia impacta nas produções do Globoplay? Já existem projetos ousados para o streaming, como uma ficção-científica ou fantasia - gêneros menos explorados por conta do custo - utilizando essa nova opção dos Estúdios Globo?
Tatiana Costa: O Estúdio de Produção Virtual da Globo foi inaugurado no final do ano passado e as nossas produções são gravadas com antecedência. Ainda não temos nenhuma prevista para esse estúdio, mas teremos dois lançamentos muito fortes para este ano que envolvem os gêneros de ficção científica e fantasia, que respondem também à nossa estratégia de ampliação da presença do público jovem na plataforma.
Um é Reencarne, série de terror que promete prender a atenção do público. Com elenco composto por Taís Araujo, Julia Dalavia, Enrique Diaz, Pedro Caetano, Grace Passô, o premiado ator guineense, Welket Bungué, e a atriz portuguesa Isabél Zuaa, a produção foi selecionada para a mostra Berlinale deste ano. Outro lançamento é Vermelho Sangue, série de suspense e fantasia que mergulha em um universo recheado de amor, ciência e mistério, escrita por Cláudia Sardinha e Rosane Svartman, e dirigida por Patrícia Pedrosa.
Vermelho Sangue
Em 2024, o Globoplay lançou O Mundo dos Casados, primeiro k-drama da plataforma, junto com a promessa de mais lançamentos em 2025. Essa é uma área onde vocês pretendem continuar investindo?
Tatiana Costa - Sem dúvida. Agora em abril, vamos lançar Doce Engano, um k-drama emocionante cheio de suspense, mistério e vingança, exclusivo em versões com áudio original e dublado em português, o que também é um diferencial do Globoplay para o público brasileiro. E isso é apenas o começo: outros lançamentos estão programados para 2025. Assim como já acontece, por exemplo, com as novelas turcas, teremos um pipeline contínuo de lançamentos nesse território. Estamos em contato com os maiores distribuidores globais do segmento e atentos aos sucessos e pedidos do público, que é muito engajado nas redes sociais.
Não é segredo que brasileiro adora anime, e o Globoplay já teve alguns no catálogo. Há interesse em expandir o investimento nessa área e talvez competir para trazer lançamentos?
Tatiana Costa - Sim, é inegável o sucesso dos animes, especialmente entre o público jovem. Vamos expandir nossa oferta em 2025, com o lançamento de títulos como Spy X Family, Fruits Basket, My Hero Academia e Jujutsu Kaisen. Nosso catálogo já inclui Digimon 2, Dragon Ball Z Kai, Dragon Ball Z Kai Episódios Finais, Beyblade Burst e Beyblade Burst: Evolution. E estamos avaliando novos conteúdos para manter essa oferta sempre com novidades, desde títulos clássicos até hits recentes que ainda estão em exibição na Ásia.
Para encerrar, quais lançamentos de 2025 você gostaria de destacar? Sei que é meio parecido com perguntar "qual é seu filho favorito?" mas sinta-se livre para dizer quantos quiser!
Tatiana Costa: Você tem toda razão, é impossível escolher um projeto favorito, especialmente quando se trata dos lançamentos desse ano, que são ainda mais especiais por conta dos 10 anos da plataforma. Mas além das produções que já citei, acho que vale destacar também os novos realities Originais, como Minha Mãe com Seu Pai, que estreia agora em abril, apresentado pela Sabrina Sato, e o Terceira Metade, que é comandado pela Deborah Secco.
Teremos também Raul Seixas: Eu Sou, uma série que homenageia o icônico cantor e compositor brasileiro, protagonizada por Ravel Andrade, e que foi a primeira produção brasileira selecionada para Series Mania este ano. Dias Perfeitos, uma adaptação do livro de Raphael Montes, que conta a história de uma aspirante a roteirista sequestrada por um estudante de medicina. Além da série de humor Pablo e Luisão, criada por Paulo Vieira e baseada em sua infância e adolescência, que conta com um trio de protagonistas muito interessante, formado por Aílton Graça, Otávio Muller e Dira Paes.
Temos muita coisa boa vindo por aí.
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