Filmes

Entrevista

Festival de San Sebastián | "Queda na qualidade dos roteiros me tirou de Hollywood", diz Paul Verhoeven

Diretor é encarado como celebridade no festival espanhol

19.09.2016, às 16H05.
Atualizada em 08.11.2016, ÀS 19H02

Com uma vocação popular rara entre os grandes festivais da Europa, unindo público pagante e críticos convidados nas mesmas sessões, San Sebastián anda lotada de tietes na porta de seu maior hotel, o Maria Cristina, onde celebridades hollywoodianas como Ethan HawkeHugh Grant Cynthia Nixon estão hospedados.

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Porém, há entre os convidados deste ano um diretor já septuagenário, com idade para ser avô de muito galã, que anda mobilizando um fã-clube quilométrico aqui na cidade: o holandês Paul Verhoeven. Sucessos dos anos 1980 e 1990, como o RoboCop original, O Vingador do Futuro (1990) e Instinto Selvagem (1992), fizeram bem a sua fama. As filas para se conseguir ingresso para seu novo filme, o suspense Elle, dão voltas em um quarteirão. Escalado para a mostra Pérolas, onde disputa o prêmio votado pelos espectadores, o longa-metragem – visto por cerca de 420 mil pagantes na França, onde foi produzido e rodado – traz Isabelle Huppert (de Mais Forte Que Bombas) como a executiva de uma empresa de videogames cuja rotina é abalada depois de ela ser violentada. Ecos sinistros de seu passado vão se revelar conforme suas obsessões e seu apetite sexual vão crescendo.

Dizem que Hollywood me esqueceu depois que eu fiz Showgirls [um fracasso em sua estreia, em 1995, mas hoje cultuado], mas o que aconteceu de fato foi uma queda na qualidade dos roteiros que passaram a me enviar, o que tirou muito do meu interesse em seguir filmando. Eu quero fazer filmes adultos, sobre temas que me provoquem e encontrei isso em Elle”, disse Verhoeven ao Omelete em Cannes, onde deitou e rolou no afeto dos críticos, ao disputar a Palma de Ouro. “Estamos vivendo tempos onde é essencial falar de pessoas, de gente ral. E pessoas têm estranhezas, fetiches”.  

Sua chegada a San Serbatián, para a gala de Elle, vem sendo tratada como um evento no balneário espanhol. Só um outro filme aqui vem gerando tanta expectativa: Pastoral Americana, o primeiro trabalho do ator Ewan McGregor como cineasta. Mas o êxito do novo trabalho de Verhoeven em Cannes e sua boa bilheteria em pátrias francófonas fazem dele uma celebridade na Espanha.

“Tenho um fascínio pela estética dos videogames, coisa que eu já levei para filmes que fiz no passado, como Tropas Estelares. Mas tentei exacerbar isso aqui, usando imagens de games como elementos narrativos e como metáforas para a selvageria da personagem de Isabelle”, disse Verhoeven. “A ironia é o tempero do que filmo”.

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