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Entrevista

Curta indicado ao Oscar ganhou “urgência agridoce” após reeleição de Trump

Diretor de fotografia de A Lien diz ao Omelete que curta foi feito originalmente em 2021

Omelete
4 min de leitura
16.02.2025, às 06H00.
Cena do curta-metragem A Lien, indicado ao Oscar 2025 (Reprodução)

Créditos da imagem: Cena do curta-metragem A Lien, indicado ao Oscar 2025 (Reprodução)

Andrea Gavazzi se lembra muito bem da operação “de guerrilha” que foi realizar o curta-metragem A Lien. O diretor de fotografia - que nasceu em São Paulo (SP), de pais imigrantes italianos, e passou boa parte da vida se dividindo entre a capital paulista, Roma e Los Angeles - contou ao Omelete como foram os bastidores do filme, que concorre ao Oscar 2025 de Melhor Curta-Metragem em Live-Action.

Os diretores [Sam e David Cutler-Kreutz] estavam pagando pelo projeto, basicamente, né? Então o nosso orçamento era muito, muito pequeno. E operador de câmera, eletricista, todos esses profissionais vieram de mim, eram amigos que estavam fazendo de graça - todo mundo estava fazendo de graça, basicamente, porque todo mundo queria ajudar, achava que era uma história importante”, comentou.

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A história em questão é a de uma família que se embrenha pela burocracia do sistema de imigração dos EUA - e se depara com um dos procedimentos mais injustos desse sistema. Quando Oscar Gomez (William Martinez) comparece a um escritório governamental para sua entrevista de green card, agentes da ICE (sigla em inglês para o braço da polícia dos EUA responsável por questões de imigração) o apreendem como residente ilegal… muito embora ele esteja lá justamente para remediar esse status.

A Lien divide o foco entre Oscar e sua esposa, Sophia (Victoria Ratermanis), empregando linguagem de câmera na mão e close-ups extremos para colocar o público ao lado do casal - que ainda tem uma filha pequena, Nina (Koralyn Rivera) - durante essa odisséia de 15 minutos. Gavazzi contou ao Omelete que o estilo de gravação, além de ajudar a induzir a ansiedade necessária para comunicar a mensagem do filme, foi também uma necessidade de produção.

Antes de qualquer coisa, vale dizer que filmamos em uma escola. Seria muito caro e muito difícil alugar um prédio governamental de verdade, então alugamos uma escola e transformamos o que podíamos naquele escritório do governo, apontou. Então, desde as minhas primeiras conversas com os diretores, ficou claro que íamos ficar bem fechados no rosto dos atores, com lentes muito longas, porque não tínhamos como mostrar o cenário todo em tomadas abertas.

Por outro lado, o meu assistente de câmera era alguém que eu não conhecia, que os diretores recomendaram. Quando cheguei lá no set, era um rapaz que estudava roteiro na Universidade de Columbia, e eu perguntei: ‘Você já fez isso?’. Ele: ‘Ah, umas duas vezes’, completa ele, aos risos. “No fim das contas, acho que tudo isso ajudou, essa coisa do entra em foco, sai de foco… passa a sensação de ansiedade - que não é um acidente, mas quase, entendeu? É parte da realidade do projeto”.

É justamente por isso, inclusive, que Gavazzi sente que a corrida pelo Oscar é uma disputa de Davi vs. Golias” para a equipe de A Lien. “Os outros curtas - todos muito lindos - têm um estúdio e uma estrutura por trás. Mas vamos ver o que vai acontecer!”, comentou ele. “A própria indicação foi uma surpresa total. Muitos anos se passaram desde que fizemos o filme, então foi meio surreal receber esse reconhecimento agora - mas estamos muito felizes. Especialmente por nossa temática ser o que é, acho importante que a indicação traga mais olhos para o filme”.

Vejo comentários no Letterboxd, por exemplo, de pessoas que viveram a situação do filme, que dizem ‘ah, isso aconteceu com o meu pai, com a minha avó’, e nos agradecem por contar essa história”, continuou Gavazzi. “O filme já cresceu muito mais do que achávamos que seria possível quando o fizemos, três, quatro anos atrás”.

Esse é justamente o outro “detalhe” que faz de A Lien uma produção tão curiosa - e sombriamente oportuna. Por conta da produção independente, o intervalo entre as filmagens (em 2021) e a notoriedade alcançada graças ao Oscar (em 2025) mudou o contexto da trama: agora, com Donald Trump de volta à presidência dos EUA para um segundo mandato, e ratificando leis de imigração ainda mais severas, a história da família Gomez parece ainda mais urgente.

É uma emoção um pouco difícil de interpretar, para a gente”, confessou o diretor de fotografia. “Porque é claro que estamos felizes que o filme esteja sendo bem recebido, que as pessoas estejam se conectando com a história, mas por outro lado a gente adoraria que tudo isso fosse uma coisa do passado. Então eu acho que, para mim e para toda a equipe, o objetivo de A Lien não é necessariamente uma crítica política, mas ajudar as pessoas a entender que, quando você fala de imigração, você está falando de famílias, de pessoas, de irmãos, de pais. E é muito mais complexo do que concordar ou discordar, dizer que imigração é um problema ou não. Eu não tenho a resposta, e não acho que o papel da arte ou do cinema é trazer respostas, mas essa aqui é a realidade que vivemos hoje em dia”.

A Lien ainda não tem previsão de estreia no Brasil. A cerimônia do Oscar 2025 acontece no próximo dia 2 de março - relembre aqui todos os indicados.

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