Cena de Meus 84 m² (Reprodução)

Créditos da imagem: Cena de Meus 84 m² (Reprodução)

Filmes

Crítica

Meus 84 m² funciona melhor quando faz suspense para além da denúncia

Kim Tae-joon tem algo a dizer e garra para dizê-lo, mas faltou limar a gordura

Omelete
3 min de leitura
18.07.2025, às 16H44.

Vai chegar um momento, durante sua sessão de Meus 84 m², em que você vai se pegar pensando: “olha só, até que esse filme passou rápido”. Acontece que, nesse ponto, ainda vão faltar 50 minutos de metragem no novo trabalho do diretor e roteirista Kim Tae-joon para a Netflix, que chega dois anos depois do sucesso do seu Na Palma da Mão dentro da plataforma de streaming. 

Como o filme anterior do cineasta, Meus 84 m² treina a sua câmera na direção de um dos grandes males do capitalismo tardio: desta vez, ele fala da especulação imobiliária, dos lados perversos do mítico “sonho da casa própria”, das divisões de classe que a gana de possuir um teto servem para agravar. Kim claramente tem um olhar afiado para as vicissitudes do seu tempo, e o impulso admirável de trazê-los para a tela num formato de suspense que mobilize o público. O problema é que, preso nesse cabo de guerra, Meus 84 m² é dois filmes em um - e, ainda mais incômodo, dois filmes delimitados muito claramente por uma virada tonal alarmante bem na marca da primeira hora.

No começo da produção da Netflix, conhecemos Woo-seong (Kang Ha-neul, visto no k-drama Gostinho de Amor e das temporadas finais de Round 6), um jovem trabalhador que se afundou em dívidas para conseguir comprar um apartamento em Seul, a capital da Coreia do Sul. Acontece, é claro, que o sonho na verdade é pesadelo: ele rala em dois empregos para pagar os juros do empréstimo, rouba comida do escritório e se recusa a ligar o ar-condicionado ou as lâmpadas do apartamento - tudo em nome da economia. Para piorar, Woo-seong passa noites em claro por causa do barulho infernal de um vizinho misterioso que, não importa em quantas portas bate, ele não consegue identificar. A proposta arriscada de um colega de trabalho, que está investindo suas poucas economias em criptomoedas, conduz o protagonista à beira do precipício financeiro enquanto a situação com os vizinhos vai escalando a um pico febril. E é aí, enfim, que Meus 84 m² começa pra valer.

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A segunda hora do filme de Kim é preocupada com um jogo de gato-e-rato intrigante, que reconsidera relações de poder previamente estabelecidas e as entranhas do cenário enganosamente polido onde se passa a história. Aí a direção parece se energizar, seja brincando com luzes e sombras (ditados tanto pelo sol que entra por uma janela pela manhã quanto pela penumbra da noite, quebrada pelo brilho artificial de uma tela) ou construindo a geografia das perseguições e confrontos violentos que marcam o terceiro ato. E também aí que brilha o elenco sólido do filme, especialmente o protagonista Kang - sua construção de um Woo-seong “gente como a gente”, tão amável e odiável quanto qualquer um que conhecemos por aí, culmina em uma ferroada de humor mórbido que fica com o espectador enquanto os créditos sobem.

De certa forma, é compreensível que Kim tenha considerado necessária a construção fragmentada de Meus 84 m². Ele queria que nos enredássemos na teia de desespero que vai se fechando ao redor de Woo-seong, que apreciássemos as decisões terríveis que ele toma sem necessariamente julgá-lo como o único responsável por elas. Talvez este jovem iludido e egocêntrico não seja um grande exemplo de retidão moral, mas é possível entender que ele chegou ali só por escolher o caminho de menor resistência - o mesmo que, ironicamente, o levou a trabalhar tão duro por algo que só lhe traz mais estresse. A armadilha está ali, diante de todo mundo que vive na contemporaneidade, e é muito mais fácil cair nela do que não cair.

De um ponto de vista retórico, portanto, faz sentido. Como cinema, infelizmente, o diretor acabou por construir metade de um suspense brilhante, precedido por metade de um drama social competente. Misturar os dois desde o começo teria sido uma escolha muito melhor.

Nota do Crítico
Bom

Meus 84 m²

84제곱미터

Ano: 2025

País: Coreia do Sul

Duração: 118 min

Direção: Kim Tae-joon

Roteiro: Kim Tae-joon

Elenco: Yeom Hye-ran , Seo Hyun-woo , Kang Ha-neul

Onde assistir:
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