Filmes
Crítica
Holland retrata família margarina que derrete nas mãos de Nicole Kidman
Apesar de alguns vacilos de ritmo, filme é uma ótima pedida no Prime Video
3 min de leitura
Créditos da imagem: Nicole Kidman em Holland (Reprodução)
Ao mesmo tempo em que Hollywood cobra de suas atrizes um padrão de beleza bem específico (as mulheres devem ser preferencialmente loiras de olhos claros, magras e jovens), muitas vezes só as valoriza quando elas "enfeiam". Foi com um enorme nariz prostético que Nicole Kidman ganhou seu Oscar por As Horas (2002), por exemplo. Era como se esta celebrada "perfeição estética" fosse ao mesmo tempo uma dádiva e uma maldição.
Nos últimos anos, porém, a alta, magra, linda e bem sucedida Nicole Kidman tem se especializado em projetos que contrastam com o estigma de mulher perfeita. Seja no recentemente lançado - e polêmico- Babygirl ou em séries comandadas por David E. Kelley, como Nove Desconhecidos, The Undoing e Big Little Lies, sempre cheias de mistérios.
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Em Holland, novamente, ela interpreta a esposa "perfeita" - mãe exemplar, dona de casa que cozinha como ninguém, professora de afazeres domésticos às meninas na escola da cidade, figurinha carimbada na primeira fileira de bancos da igreja todo domingo. Mas sabemos que, afora nos comerciais de margarina de alguns anos atrás, esta realidade não existe mais. Não dá para uma pessoa fazer tudo isso, todo dia, sem se esgotar física e mentalmente e acabar buscando formas de escapar.
Logo no começo do filme vemos uma cena em que o Nancy Vandergroot (Kidman) se desentende com o filho, que solta um palavrão. Na perfeita cidade de Holland, com suas plantações de tulipa e várias outras tradições holandesas, aquilo cai como uma bomba. Cabe ao marido, o médico Fred Vangergroot (Matthew Macfadyen), o papel de chegar em casa e botar panos quentes na situação. Ele leva o filho para a garagem, onde mantém uma enorme maquete da cidade - o trem vai passando e mostrando o capricho nos detalhes de cada casa, cada árvore, cada pessoa. Uma história está sendo contada ali. Quando eles voltam, com o jantar já servido, o menino se desculpa com a mãe. O pai salvou o dia! Só que não.
Solitária e sobrecarregada com as constantes viagens de seu marido a conferências, Nancy passa horas do seu dia na escola conversando com o recém-chegado professor de marcenaria (Gael García Bernal) e à noite tem pesadelos estranhíssimos. Procurando pelo em ovo, ela começa a desconfiar do marido e - numa rara cena mal escrita do filme - escolhe uma caixa de ferramentes específicas, no meio de uma garagem entulhada, para cavucar. Lá dentro, descobre filmes de Polaroid, e assim começa a puxar o fio que vai desfiar o suéter inteiro.
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Entre uma comédia de erros, um suspense e um drama familiar, Holland pode demorar para pegar no tranco, mas em última instância se prova uma ótima surpresa chegando ao streaming. Apesar de ser difícil entender os motivos que levam Kidman a atuar sussurrando, é preciso dizer que a fuga desenhada para sua tradwife pode servir de despertar para outras famílias. Ou ao menos uma boa diversão.
Holland (2025)
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