John Cena e Idris Elba em Chefes de Estado (Reprodução)

Créditos da imagem: John Cena e Idris Elba em Chefes de Estado (Reprodução)

Filmes

Crítica

Chefes de Estado faz ação à moda antiga sem se atrelar ao ultrapassado

Com direção inventiva e protagonistas em grande forma, filme do Prime Video surpreende

Omelete
4 min de leitura
02.07.2025, às 13H33.

Nada com um dia após o outro, Prime Video. Lá em abril, a plataforma de streaming lançou G20, longa de ação estrelado por Viola Davis como uma presidente dos EUA que precisa recorrer às habilidades aprendidas em seu passado militar quando uma cúpula do G20 é invadida por terroristas, liderados por Antony Starr. Sério da cabeça aos pés, o filme de Patricia Riggen até arquitetava confrontos interessantes entre heróis e vilões dentro de sua ambientação limitada, mas se mostrava inchado de subtramas, e excessivamente utópico em sua visão da política internacional - a promessa de um bom Super Cine transfigurada em ambições de legitimidade acadêmica insossas. Menos de três meses depois, chegou a vez de Chefes de Estado na agenda da plataforma… e esse filme “gêmeo” de G20 não poderia ser mais diferente dele.

A estratégia de fazer esses dois filmes como originais Prime Video no mesmo ano é, obviamente, duvidosa. Não que o fenômeno dos filmes “gêmeos” seja novidade em Hollywood, mas a mesma produtora realizar o mesmo filme duas vezes no espaço de menos de um semestre é a versão turbinada pelo capitalismo tardio de tal “coincidência” mercadológica. E, claro, existe a possibilidade muito real de ter sido uma estratégia cínica da plataforma de streaming, a fim de capitalizar em cima das comparações inevitáveis entre os filmes, da preferência de fatias do público por um ou outro, e por aí vai - e Chefes de Estado ter um tom tão diverso de G20 amplia esses discursos, mas também ajuda o Prime a ter negabilidade plausível diante das críticas que a estratégia pode trazer. Qualquer marketing é bom marketing. 

Isso tudo é mercado, no entanto. A verdade fílmica de Chefes de Estado é bem mais simples: o diretor russo Ilya Naishuller (Hardcore: Missão Extrema, Anônimo) aborda a trama da vez com muito mais energia criativa do que Riggen trouxe para G20. A saber, aqui acompanhamos o presidente dos EUA (John Cena) e o primeiro-ministro britânico (Idris Elba), inicialmente desafetos, que precisam se unir para sobreviver após o Força Aérea Um ser derrubado por um ataque terrorista de motivação incerta, bem às portas de uma reunião importante de OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Apesar da proximidade deste evento de cooperação internacional, portanto, Chefes de Estado é um filme expansivo, que acompanha os protagonistas enquanto pulam de país a país no Leste Europeu, tentando chegar à reunião da OTAN na Itália.

É uma das várias maneiras que o filme se aproxima mais dos thrillers de ação “à moda antiga”, abraçando algo de épico de espionagem em sua elasticidade geográfica. Outro aceno às tradições do gênero está na predileção pelo protagonismo duplo - Cena e Elba interpretam aqui um duo nada dinâmico na melhor tradição das comédias de ação dos anos 1980, indivíduos de proclividades completamente diversas que descobrem ter muito o que aprender um com o outro (embora jamais o admitam). E a escalação dos protagonistas serve brilhantemente a essa dinâmica: no papel do estadunidense patriota-idealista por excelência, que antes de ser presidente era astro de ação descerebrado, Cena se diverte à beça fingindo incompetência; como o britânico cheio de ressentimentos e senso de humor seco, mas brutalmente competente e secretamente nobre, Elba comanda a atenção do espectador sem muito esforço.

Armado desse apelo nostálgico do roteiro - assinado por Josh Appelbaum e André Nemec (Missão: Impossível - Protocolo Fantasma), ao lado do estreante Harrison Query -, e de uma dupla central em plena forma, Naishuller vai preenchendo as beiradas de Chefes de Estado com uma série impressionante de brincadeiras visuais e lutas que não decepcionam em escala ou impacto. Talvez por estar acostumado a lidar com orçamentos limitados, o cineasta sabe como desenhar escapadas empolgantes e realizar proezas físicas impressionantes sem causar incômodo com um CGI menos-que-perfeito, ou uma tomada que revela a artificialidade da cenografia. Pelo contrário: ele localiza o seu cinema em um território no qual o cinetismo e a piada suplantam com folga esse papo de credibilidade e realismo.

O resultado, enfim, é uma promessa que se cumpre. Chefes de Estado é diversão rasteira, sangrenta, salpicada de um humor que não é sofisticado (mas tampouco é maldoso). Sua visão política é idealista, talvez, mas o filme não se debulha em jangoísmo ianque exacerbado - é uma história de colaboração e reconstrução de confiança em um mundo onde ela parece ter ruído. Nada profundo, nada ofensivo, o que é mais do que o bastante. O importante é não se meter no meio da diversão, no fim das contas, e Chefes de Estado é melhor que G20 principalmente por isso: ele sabe como sair do próprio caminho.

Nota do Crítico
Ótimo

Chefes de Estado

Heads of State

Ano: 2025

País: EUA

Duração: 117 min

Direção: Ilya Naishuller

Roteiro: André Nemec, Josh Appelbaum, Harrison Query

Elenco: John Cena , Priyanka Chopra , Jack Quaid , Richard Coyle , Idris Elba , Stephen Root , Sarah Niles , Carla Gugino , Paddy Considine

Onde assistir:
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