Quando David Zaslav assumiu o comando da Warner Bros. Discovery e ficou claro que a antiga DC Films, responsável pelo universo de filmes iniciado por Zack Snyder, acabaria, muito se falou sobre o desejo da empresa de encontrar “seu Kevin Feige”. Na falta de uma pessoa para guiar a nova DC Studios como Feige guia o rival Marvel Studios, a WB achou duas: James Gunn, diretor do novo Superman, e Peter Safran.
Gunn é um nome conhecido no mundo dos heróis, tendo dirigido a sensacional trilogia Guardiões da Galáxia e o ótimo O Esquadrão Suicida, de 2021, além de criar Pacificador e Comando das Criaturas. Safran, apesar de não ter a mesma notoriedade, tem, também, bastante experiência na área. Ele produziu O Esquadrão Suicida, os dois Aquaman de James Wan (o primeiro ainda é a maior bilheteria de um filme da DC) e mais. Por isso, quando o Omelete visitou o set de Superman em julho de 2024, Safran era a pessoa certa para falar sobre o futuro do novo DCU, universo cinematográfico do DC Studios.
O que não significa, porém, que Gunn não tinha nada a dizer sobre o assunto, mas sua mente estava ocupada com o Homem de Aço em sua frente. Como veterano do business, porém, Safran não pode tirar o olho do futuro. Os anos como produtor ajudam, mas como CEO, ao lado de Gunn, de um estúdio, sua agenda está bem mais ocupada.
“Meu trabalho mudou drasticamente, porque como produtor você sempre está pedindo. Você está dizendo ao estúdio: ‘Ei, posso usar essa franquia? Eu realmente quero fazer algo com os Jovens Titãs.’ Você está perguntando,” ele explicou. Agora, ele não precisa pedir nada para ninguém.
“Foi por isso que eu e James aceitamos o trabalho: a ideia de que pela primeira vez tudo – todo o cinema, televisão, animação, jogos, produtos de consumo, experiências da DC – vai estar alinhado sob uma única visão criativa,” ele explicou. “Isso foi o que tornou o DC Studios tão emocionante. A oportunidade de realmente construir a marca do zero, e contar todas essas histórias que queríamos contar, e determinar a melhor forma de contá-las.”
“Por exemplo, a história do Lanterna Verde. Sabíamos que queríamos que fosse nesse estilo de True Detective. Hal Jordan, John Stewart na Delegacia da Terra,” ele exemplificou. “Sabíamos que essa era uma história que queríamos contar, e sabíamos que ela seria melhor servida como uma série, porque queríamos nos aprofundar nesses personagens. E não queríamos fazer uma ópera espacial. Queríamos realmente fazer algo terreno. E então temos a oportunidade de fazer isso.”
Diferente da Marvel, a DC não está dando datas para produções que sairão daqui a cinco anos. Há projetos agendados para 2026 – Supergirl, Lanternas e Cara de Barro – e 2027 – Batman: Parte 2 – mas a quantidade de títulos anunciados, mas sem data é maior. Um deles é o outro filme do Homem-Morcego: The Brave & The Bold, uma adaptação da icônica fase de Batman e Robin de Grant Morrison.
Naturalmente, Batman foi um dos assuntos da conversa. E também naturalmente, Safran desconversou.
“Acho que fomos bem claros sobre Batman. Amamos Matt Reeves, e estamos loucos para fazer Batman: Parte II. Como eu disse, sempre faremos alguns projetos que são principalmente guiados por autores. Esses são projetos que chamamos de Elseworlds,” ele explicou, referenciando também os filmes de Coringa dirigidos por Todd Phillips, que não fazem parte do universo do novo Superman. “Obviamente, precisamos de um Batman no DCU, e então estamos desenvolvendo o nosso também, mesmo que o filme de Matt esteja sob nossa tenda e faça parte da DC. Nós vamos fazer Batman: Parte II, esperamos, quando Matt estiver realmente pronto para isso, quando ele entregar o roteiro. E então também faremos nossa história de Batman e Robin, The Brave and the Bold.”
Nada disso é novidade, mas está claro que o Batman fará parte do plano de 10 anos traçado para o início do DCU. Mas qual é a história que irá conectar os heróis e vilões? Isso, não sabemos. Safran não deu detalhes, mas levantou um personagem que, como o próprio Superman de David Corenswet, será importante para essa década inicial.
“Lex Luthor é um personagem muito importante para nós no DCU, não só no filme de Superman,” explicou o executivo. Seria o bilionário interpretado por Nicholas Hoult o “Thanos” desse primeiro capítulo do DCU? Safran não entrou em mais detalhes, mas destacou o que adora no personagem, e no ator escolhido para vivê-lo.
“Esta é uma coisa maravilhosa sobre Nicholas Hoult. Escute, eu amo Gene Hackman, mas aquela foi uma interpretação bem exagerada. Nick Hoult fez de Lex Luthor seu personagem. É uma atuação icônica, icônica, e é ótima. É realista, é inteligente, é articulada. Você se pega acreditando em muitas das coisas que ele diz, e há uma lógica nisso e uma verdade nisso. E eu mal posso esperar para que as pessoas vejam o que Nick fez com isso,” destacou o produtor. “Ele é um grande vilão. Ele é um grande vilão, mas também com uma sensação de que você pensa, ‘Se eu inclinar um pouco a minha cabeça para a esquerda, eu meio que vejo o que ele está dizendo. Ele pode estar certo sobre algumas dessas coisas.’ Então isso é ótimo.”
Um tema constante nas primeiras produções do DCU, como Comando das Criaturas e Superman, é que talvez a Terra esteja sentindo que há metahumanos – nome dado aos heróis e vilões com poderes – demais por aí. Será que é bom ter esses seres super poderosos por aí? Nos trailers de Superman, Luthor faz questão de ressaltar que o tal Super Homem não é um homem, e sim um alienígena, desprezando o holofote que é colocado nele. Se esse tema continuar a ser explorado nos outros filmes e séries do DC Studios, então faria todo sentido.
Será o caso? Por hora, só temos teoria e especulação, e Safran não quer nada diferente disso. O que é um CEO de estúdio de filmes de heróis se não alguém que precisa guardar segredos?
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