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Filmes
Entrevista

Bárbara Paz fez Rua do Pescador “na urgência”: “Era minha terra sendo destruída”

Diretora falou com o Omelete durante estreia do filme no Festival Bonito CineSUR

Omelete
4 min de leitura
29.07.2025, às 06H00.
Atualizada em 29.07.2025, ÀS 10H12
Bárbara Paz no Bonito CineSUR (Diego Cardoso | Fotografando Bonito)

Créditos da imagem: Bárbara Paz no Bonito CineSUR (Diego Cardoso | Fotografando Bonito)

Bárbara Paz está se descobrindo como uma cineasta de urgência. Seu primeiro filme, o premiado Babenco - Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, reunia reflexões e memórias do cineasta Hector Babenco - parceiro de anos da diretora - conforme sua saúde declinava, culminando em seu falecimento em 2016. Já o novo Rua do Pescador, nº 6 coloca a câmera de Paz para registrar um cantinho da enchente mais devastadora da história do Rio Grande do Sul, seu estado natal, que ocorreu no ano passado. Amor e terra em crise, entrelaçados em uma ainda curta, mas potente, filmografia.

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O Omelete acompanhou a estreia de Rua do Pescador, nº 6 no Festival de Cinema Sul-Americano - Bonito CineSUR 2025, e conversou com Paz sobre o filme logo após a exibição. Confira abaixo a entrevista completa!

OMELETE: Boa noite, Bárbara. Primeiro, parabéns pelo filme, adorei mesmo.

PAZ: Obrigada, obrigada.

OMELETE: Esse é seu segundo filme, seu segundo longa-metragem. E acho que Rua do Pescador tem em comum com o Babenco o fato de ser um assunto muito pessoal para você, próximo do seu coração. Conta para a gente: como você chegou ao tema desse novo filme?

PAZ: Então, cada vez mais eu percebo que o meu cinema está se dando na urgência, sabe? Esse filme foi na urgência também. Ele foi feito na necessidade, eu não tinha como ficar de fora disso. Eu sou do Rio Grande do Sul, nasci naquela terra. Ver a terra onde eu nasci destruída… eu não podia ficar distante disso. Alguma coisa eu tinha que registrar, alguma coisa eu tinha que fazer. Foi isso que me motivou, e tem motivação mais forte do que essa? Esse filme é um registro de uma catástrofe, para que ela nunca mais aconteça.

Cena de Rua do Pescador, nº 6 (Reprodução)
Cena de Rua do Pescador, nº 6 (Reprodução)

E daí, a partir dessa motivação, a gente acabou encontrando pessoas, lá naquela comunidade da Ilha da Pintada, pelas quais nos apaixonamos. São pessoas que brigam, que lutam pela terra em que pertencem, pela terra que amam. E elas amam o planeta Terra, também. Quando penso nos pescadores, penso que não tem ninguém melhor para nos dizer como cuidar daquela terra, que eles conhecem tão bem Deveríamos escutar mais os pescadores, e foi isso que tentei fazer.

OMELETE: Um elemento muito bem trabalhado no filme foi o uso do som - você simula um rádio e vai passando trechos de músicas, de discursos, enfim. Como foi a seleção desses sound bites pro filme?

PAZ: Na verdade, desde o começo eu sabia que queria botar na tela mais do que entrevistas, testemunhos. Queria que o filme transmitisse um sentimento que a gente teve quando chegou naquela ilha. A respiração das pessoas ali, o olhar delas - aquele olhar de susto, diante da fenda que se abriu ali, mas também o olhar do amor pela terra. O que vamos fazer amanhã? O que vai acontecer? 

Eu trabalho muito o som nos meus filmes, porque acho que qualquer filme tem que trabalhar. O som é um personagem, é uma camada do cinema. Mas nesse documentário, acho que o meu trabalho foi aumentar um som que a gente já ouviu lá. O som do vento, por exemplo, que eles chamam de Vento Sul, que está trazendo a nova chuva. Acho que foram os pescadores que trouxeram o som para mim. Eu só aumentei o volume para contar a história.

OMELETE: Perfeito. Uma última pergunta agora: o seu filme anterior, Babenco, foi selecionado para representar o Brasil no Oscar 2021 - e este ano a gente teve um grande sucesso na premiação, com Ainda Estou Aqui. Como você viu esse momento? E, de dentro da indústria, como foi o impacto desse Oscar?

PAZ: Ah, foi maravilhoso! O primeiro Oscar brasileiro, e merecidíssimo. É muito importante para o nosso cinema, para a nossa cultura. Quando eu fiz a minha campanha, Babenco foi o primeiro documentário selecionado pelo Brasil. Foi muito bonito, muito inesperado para mim. Fiz uma campanha pequena, porque não tinha verba, mas ahco que foi uma campanha muito justa também. Muita gente assistiu ao filme por causa disso - gente que eu conhecia e não conhecia. E foi no meio da pandemia, né? Os eventos eram todos online.

Enfim, os caminhos vão se formando. Cada um de nós vai colocando um tijolinho para construir o cinema brasileiro - e um em cima do outro eles vão formando a nossa história.

OMELETE: Perfeito, muito obrigada, Bárbara!

PAZ: Eu que agradeço, bom festival!

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