Aly Muritiva, durante o Festival de Gramado 2024

Créditos da imagem: Cleiton Thiele/Agência Pressphoto

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Barba Ensopada de Sangue | Diretor não achou Garopaba um bom cenário para filme

Personagem importante para a história, cidade foi simulada no litoral de São Paulo

Omelete
2 min de leitura
17.08.2024, às 06H00.

Um personagem muito importante do livro Barba Ensopada de Sangue não é necessariamente uma pessoa, mas uma cidade. Garopaba, no sul do estado de Santa Catarina. Mas, para a surpresa de muitos leitores, a adaptação, que teve sua estreia no Festival de Gramado 2024, não foi filmada na locação descrita no livro. Para Aly Muritiba, diretor do longa, a decisão da trocar o local do set tem a ver com alguns fatores. E, além da estética, o tempo foi um dos mais determinantes:

"O livro é quase uma imersão, é quase um relato, em muitos momentos parece um relato antropológico daquele lugar. É quase como se um naturalista estivesse chegando naquele lugar e descrevesse aquele lugar que é Garopaba. Só que a Garopaba sobre a qual o [Daniel] Galera escreve é uma Garopaba de anos atrás. Garopaba mudou bastante. E para além disso, eu não queria, também, que as pessoas ficassem buscando no filme aquilo que está no livro. 'Ah, poxa, então a pedra, a casa que ficava na pedra é nesse lugar'. Não é assim".

Para Muritiba, o importante era manter a essência, mas adequando certos fatores para a visão que ele queria passar no filme:

"Eu falei, não, eu vou inventar um novo lugar, que é uma armação baleeira também, assim como Garopaba foi. Um lugar onde se caçavam baleias. E vou buscar um lugar que seja menos deslumbrante, menos tropical. Eu não queria uma praia lindíssima de águas azuis, como é Garopaba. Eu queria uma coisa revolta. Uma coisa em que a paisagem também falasse do estado de espírito do personagem. Em que a paisagem também fosse hostil ao personagem, assim como aquela comunidade. E aí, por isso, a gente foi para aquela região ali do litoral sul de São Paulo".

O diretor aproveitou, também, para salientar o trabalho de Ana Paula Cardoso, diretora de arte do longa, com quem Aly relata ter tido uma sinergia excelente para a produção:

"Acho que, neste filme, muito mais do que em outros trabalhos que eu fiz, a geografia, a arquitetura, o lugar onde o personagem está, está o tempo inteiro comentando, está o tempo inteiro falando sobre o estado de espírito do personagem. E aí, a gente teve uma parceria criativa gigantesca, maravilhosa".

Fique de olho no Omelete para mais novidades do Festival de Gramado 2024.

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