Por que 007 precisa de Denis Villeneuve como diretor

Após anos de incertezas, o primeiro passo para o retorno de James Bond aos cinemas foi dado na última quarta-feira (25), quando o Amazon MGM Studios escolheu Denis Villeneuve, o diretor de ambas partes de Duna, Blade Runner 2049 e Sicário ,como o cineasta responsável por dirigir o próximo filme de 007, realizando um sonho pessoal que o franco-canadense tinha há anos.

Neste mesmo site, eu já expressei minha preocupação com o futuro dessa franquia na mão de uma empresa que certamente tem mais interesse em séries derivadas, e coisas do tipo, para seu serviço de streaming, do que em manter o legado da marca. Continuo acreditando em tudo que falei, mas tenho plena certeza de que, antes de entrar no momento de expandir Bond para todo lado, a Amazon fará um filme tradicional do personagem. Isso é extremamente necessário, e eles sabem disso.. Não há como começar a nova era de 007 sem empolgar os fãs com uma aventura grandiosa e empolgante do personagem principal nas maiores telas de IMAX possíveis.

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E se tem uma pessoa que, hoje, é associada com coisas grandiosas, empolgantes e filmadas em IMAX, além de ser especulada em Bond há anos… é Christopher Nolan. Mas Nolan não parece interessado no espião no momento – afinal de contas, ele já usou algumas de suas ideias de 007 em Cavaleiro das Trevas e TENET  – e, se esse é o caso, não há dúvidas sobre o próximo nome da fila: Denis Villeneuve.

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Villeneuve está longe de ser um cineasta perfeito, e nem seria minha primeira escolha da lista de diretores divulgada recentemente (acho que ninguém ali entende de ícones britânicos como Paul King, de Paddington, mas acho que 007 precisa de alguém como ele. Como Duna: Parte 2 mostrou, ele e Nolan são os únicos diretores que instantaneamente transformam seus projetos em eventos. Eventos. Essa palavra é, hoje, o que os estúdios de Hollywood mais buscam. É ela que transforma os lançamentos em coisas que transcendem os fãs mais dedicados e chegam até o grande público, que fazem a ida ao cinema ser um compromisso social imperdível e que povoam a internet com reações, memes e discussões.

James Bond estrelou em alguns eventos durante sua existência, mas o último foi em 2012, com Skyfall, pra mim o melhor filme do personagem. É verdade que Spectre e Sem Tempo Para Morrer também tiveram grandes números na bilheteria, mas evento não é só o acúmulo financeiro; há algo intangível nisso, pela sua adesão do gigantismo, pelos ótimos colaboradores que tem nos bastidores e pela seriedade com a qual ele encara o material, Denis Villeneuve sabe como encontrar isso.

É, talvez, o que torna sua escolha como diretor de 007 pouco interessante. O estilo de Villeneuve estaria em casa nos filmes de Daniel Craig – mais sérios, de grande escopo e interessados em impressionar – e em sua mão, a franquia deve mais construir em cima do que veio na última encarnação do espião do que oferecer algo novo. Qualquer possibilidade de um Bond mais divertido, por exemplo, já era.

Mas é difícil culpar a Amazon por apostar no seguro. A partir de 2026, o Amazon MGM Studios terá um braço internacional e lançará seus próprios filmes em todo o mundo (até então, a Warner Bros. cuida dos lançamentos); o estúdio também acabou de realizar seu primeiro painel na CinemaCon e tem alguns grandes títulos, como o live-action de He-Man e os Mestres do Universo, a caminho. Mas tudo, tudo, leva a Bond. 

E com Villeneuve no leme, 007 é, mesmo sem uma data confirmada, um compromisso imperdível no calendário de qualquer que seja seu ano de estreia (Villeneuve ainda tem Duna: Messias para dirigir antes, então vai demorar). Ele não garante um filme bom, mas garante que, desde já, as pessoas estejam prestando muita atenção.