O Egyptian Theatre, em Park City, um dos principais locais do Festival de Sundance (Divulgação/Sundance)

Créditos da imagem: O Egyptian Theatre, em Park City, um dos principais locais do Festival de Sundance (Divulgação/Sundance)

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O que é o Festival de Sundance, e por que você deveria prestar atenção nele?

Omelete vai cobrir o evento in loco em 2025 - saiba mais sobre a história do Festival

Omelete
5 min de leitura
20.01.2025, às 06H00.

Oscar, Globo de Ouro, SAG Awards, San Diego Comic-Con, CCXP, Festival de Cannes, Festival de Toronto, CinemaCon… Aqui no Omelete, a gente sabe muito bem que o calendário corrido da cultura pop pode deixar qualquer um perdidinho - mas, fazer o quê? A gente é apaixonado por esse mundo, e está sempre caçando oportunidades de ver mais filmes, falar com mais gente legal, e trazer tudo isso aqui para vocês. Por isso, em 2025 vamos incluir mais um evento incrível na nossa agenda: o Festival de Sundance.

Fundado em 1978, Sundance começou como uma simples mostra de cinema independente em Salt Lake City, no coração de Utah, estado montanhoso dos EUA mais conhecido por seus resorts de esqui. Atraindo produções estadunidenses baratas, muitas vezes financiadas com dinheiro do próprio bolso dos cineastas, Sundance foi aos poucos se estabelecendo como o palco onde esses filmes poderiam provar o seu apelo e - com sorte - reunir apoio o suficiente da indústria para serem comprados por um grande estúdio e ganharem distribuição comercial.

Foi o que aconteceu com Gosto de Sangue na edição de 1985. O noir sobre um dono de bar que investiga a suposta infidelidade da esposa conquistou a simpatia de Sundance, vencendo o prêmio principal da mostra competitiva (o Grand Jury Prize), e também da Circle Films, que comprou os direitos de distribuição dos irmãos cineastas que haviam financiado o filme do próprio bolso, Joel e Ethan Coen. O resto, como dizem por aí, é história: os Coen se tornaram diretores emblemáticos do cinema estadunidense pelas próximas décadas, realizando clássicos como Barton Fink, Fargo, O Grande Lebowski e Onde os Fracos Não Têm Vez.

Nos trinta anos que se seguiram àquele Sundance 1985, a história de Joel e Ethan se repetiu várias vezes - com Steven Soderbergh e seu Sexo, Mentiras e Videotape (1989); com Quentin Tarantino e seu Cães de Aluguel (1992); com Robert Rodriguez e seu El Mariachi (1992); com Kevin Smith e o seu O Balconista (1994); com Eduardo Sánchez e Daniel Myrick e seu A Bruxa de Blair (1999); com Richard Kelly e seu Donnie Darko (2001); com James Wan e seu Jogos Mortais (2004); com Damien Chazelle e seu Whiplash (2014).

Os exemplos de como o sucesso de um filme em Sundance levou a trajetórias (de filmes e cineastas) que mudaram a cultura hollywoodiana como a conhecemos não são poucos. De fato, aqui vai uma lista mais completa deles:

Aos poucos, é claro, o Festival foi se transformando - como tudo se transforma na cultura pop. Se, durante os anos 1980 e 1990, ele ganhou renome como plataforma de lançamento dos artistas subversivos que operaram uma “indieficação” de Hollywood, a partir do novo século esse paradigma mudou. Pequena Miss Sunshine (2006) estreou no Festival e atraiu a distribuidora Fox Searchlight Pictures, que comprou os direitos do filme por um valor recorde (na época) e o transformou no seu carro chefe para o Oscar do ano seguinte - a estratégia funcionou, levando a quatro indicações, incluindo a de Melhor Filme, e uma estatueta de Melhor Ator Coadjuvante para Alan Arkin.

Desde então, Sundance também ganhou fama de solo fértil para dramas, dramédias, romances e misturinhas de gênero independentes que, com o tratamento certo, poderiam se tornar hits com os votantes da Academia. Aconteceu de novo, e não foram poucas vezes: Me Chame Pelo Seu Nome (2017), Minari (2020), Bela Vingança (2020) e No Ritmo do Coração (2021) vieram de lá. Este último, comprado pela Apple também por um valor recorde para o Festival (US$ 25 milhões!), se tornou a primeiríssima seleção de Sundance a vencer o Oscar de Melhor Filme.

Por fim, não dá para subestimar o Festival como plataforma de lançamento para o cinema de gênero - seara que, diante da aversão dos grandes estúdios hollywoodianos a histórias originais, cada vez mais confia em produtoras e distribuidoras independentes para inovar e prender a atenção do público. Como acontece em Cannes, por exemplo, Sundance tem uma seleção exclusivamente dedicada a filmes de terror, ação, suspense e ficção científica: a Midnights, ou “Meia-Noites”, com sessões que começam mais tarde do que suas contrapartes da competição principal.

Colocar um thriller inovador no line-up de Sundance para chamar a atenção de distribuidoras, ou criar um hype inicial entre os cinéfilos, funcionou para uma série de títulos emblemáticos dos últimos anos: Love Lies Bleeding (2024), Fale Comigo (2023), Fresh (2022), Hereditário (2018) e A Bruxa (2015) foram exibidos por lá - além de Corra! (2017), é claro, que talvez tenha sido o filme a solidificar a posição de Sundance nesse calendário dos fãs de cinema de horror. 

De qualquer maneira, o Festival de Sundance da atualidade é uma junção eclética de todas essas tradições que o evento foi afiando com o passar do tempo. A edição de 2025 vai trazer filmes que podem ser grandes apostas para o Oscar do ano que vem (Jimpa, com Olivia Colman; O Beijo da Mulher Aranha, com Jennifer Lopez), apostas do cinema de gênero (Rabbit Trap, com Dev PatelOpus, com Ayo Edebiri), produções indie que podem conquistar o público cinéfilo (Twinless, com Dylan O’Brien; Oh, Hi!, com Logan Lerman), e muito mais.

E, ainda melhor: a partir da quarta-feira (23), o Omelete vai estar lá para trazer, em primeira mão, as nossas impressões sobre todos esses filmes, que vão dominar a conversa dos aficionados por cultura pop nos meses que se seguirão ao evento. Ir a Sundance é uma oportunidade única de estar no front mais adiantado do entretenimento hollywoodiano, e reportar tudo de volta para o conforto da sua casa. Aqui, você fica sabendo de tudo, antes de todo mundo.

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