A segunda semana de dezembro mexeu um pouco com a cabeça de alguns dos maiores fandoms da cultura pop. Na mesma semana que o público foi impactado com o amadurecimento repentino do elenco da série live-action de Percy Jackson e os Olimpianos, o mesmo aconteceu com Avatar: O Último Mestre do Ar. Walker Scobell, o semideus protagonista de Percy Jackson, e Gordon Comier, o Aang da série Avatar, cresceram mais do que os saltos temporais entre as temporadas puderam suportar. O que nos leva à seguinte questão: seria esse um problema inevitável para adaptações do tipo?
Disney+/Reprodução
Diferentemente das animações, nem tudo é possível em produções com atores reais. Não se pode voltar no tempo nem rejuvenescer ninguém. Claro que alguns filmes já usaram CGI para realizar o feito, mas isso é fora de cogitação em séries com mais de oito horas, e orçamentos limitados. Sendo assim, a solução é aceitar que os atores às vezes chegarão à puberdade mais rápido do que os nossos personagens favoritos.
Netflix/Divulgação
Entretanto, mesmo que essa seja uma verdade imutável, a provocação que fiz no primeiro parágrafo segue sem resposta. Para entender se isso é um problema ou não, precisamos primeiro considerar outros cenários em que aparência e idade conflitaram entre as quatro linhas do seu retrovisor. Como o mais jocoso deles, podemos citar A Turma do Chaves, uma série que trazia atores com muitas décadas de vida interpretando crianças na segunda infância. Por outro lado, títulos mais recentes da Netflix e HBO (que podem virar uma só coisa em breve) também colocam adultos como adolescentes — Euphoria, Elite e Wandinha são alguns dos exemplos mais populares. A comparação não é exata, no entanto, inclusive por essas não serem adaptações literais de uma obra aclamada.
Acontece que O Último Mestre do Ar e Percy Jackson tentaram justamente fazer o caminho oposto, iniciando suas trajetórias com atores que tinham a idade correta para interpretar os personagens do papel — e, no caso de Percy Jackson, os dois filmes da Fox ignoraram completamente essa regra. Nos materiais originais, conhecemos um Aang pequeno e travesso e um Percy igualmente jovem, perdido entre o caos de Nova York e os perigos do mundo olimpiano, e eles seguem com esse tom por um bom tempo. O ônus do live-action é ver isso mudar, já que um dia do personagem na tela custa meses de produção, e essa personalidade inicial pode não combinar mais com as feições maduras de cada um. Então tudo bem se isso foi uma questão para você.
Já nos próximos live-actions…
Enquanto você se admira pelo passar dos anos através de Walker e Gordon, é bom se preparar para ver o mesmo acontecer nas próximas adaptações que estão por vir. O elenco de One Piece — A Série, por exemplo, já foi contratado como jovens adultos, mas mudanças ainda serão inevitáveis. Mesmo que a obra de Eiichiro Oda mostre os personagens mudando em vários arcos, veremos esse elenco um pouco diferente se a série durar pelo menos mais três temporadas.
Porém, a maior preocupação sobre essa questão certamente vem da série de Harry Potter. A aposta é que esse seja um dos poucos títulos a sincronizarem o cânone e a realidade. A produção já iniciou as filmagens de seu primeiro ano, enquanto o roteiro do segundo está praticamente pronto, encurtando a janela entre temporadas. Dominic McLaughlin, que viverá o bruxinho mais amado do mundo, terá entre 11 e 12 anos nas primeiras duas temporadas e deve terminar a série com 17 anos, a mesma idade que Harry em As Relíquias da Morte. O mesmo vale para os astros de Hermione e Rony: Arabella Stanton e Alastair Stout.
Se atores envelhecerem mais rápido do que a gente gostaria é o grande problema de uma produção, isso é sinal de que há pouco para se reclamar. Quem nos dera se esse fosse o único problema das adaptações que amamos.