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Vício, relações e promessas: os momentos mais fortes do especial de Euphoria

Capítulo focado em Rue (Zendaya) teve foco nos diálogos, mas nem por isso perdeu sua força

09.12.2020, às 17H08.
Atualizada em 09.12.2020, ÀS 17H31

Euphoria foi uma série que surpreendeu a todos em 2019, ao mostrar a vida de Rue (Zendaya), uma jovem que tenta lidar com seu vício em drogas, ao mesmo tempo em que tenta superar traumas do passado e presente.

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Uma das características da produção sempre foi seu apelo visual, que muitas vezes transmitia mensagens importantes. No entanto, o episódio especial “Trouble Don't Last Always”, lançado no último final de semana, foca mais nos diálogos entre a protagonista e Ali (Colman Domingo), mas nem por isso perdeu força.

Confira na lista abaixo os momentos mais impactantes do capítulo:

Sobriedade e hipocrisia

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O episódio começa com Ali confrontando Rue pelo fato de ela não estar sóbria e estar mentindo para ele. E um dos argumentos que a personagem usa é que “há várias pessoas no mundo que bebem e usam drogas e suas vidas são boas”. Para Rue, o mundo que pede por sua sobriedade é um mundo hipócrita. 

Ali argumenta que ela considera a sobriedade como uma fraqueza diante de seus problemas, mas que a sobriedade é a maior arma que ela tem. Rue parece desmerecer o comentário durante a cena, mas fica claro que a frase a afetou por ser exatamente o que ela pensa. 

Rue deixa o momento ainda mais denso quando fala francamente com Ali e diz que provavelmente não estaria mais viva se não fosse pelas drogas. Apesar de falar isso de forma corriqueira, a personagem deixa claro que isso tem um grande peso e o episódio começa a seguir uma direção mais densa.

A doença do vício

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Após Rue assumir que não quer ficar sóbria - e se sentir mal por isso - Ali faz um discurso impactante sobre a doença do vício. Ele deixa claro para Rue que ela não é uma má pessoa, mas que algo mudou desde a primeira vez que ela usou drogas e isso está além do seu controle: o vício é uma doença, mas ninguém trata isso dessa forma, como Ali deixa claro na série.

Luto

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Rue fala sobre um dos pontos mais difíceis de sua vida: o luto pela perda do pai. Enquanto Ali diz que Deus a quer viva, ela se questiona por que, então, seu pai morreu. Deus não queria o mesmo pra ele? O argumento é interessante e é uma das poucas vezes no episódio em que Ali fica sem palavras. 

Rue também se ressente do argumento de que a morte do pai teve uma razão e que isso aconteceu para “lhes ensinar algo sobre a vida”. No mesmo diálogo, ela fala sobre sua própria sobrevivência e atribui isso à sorte. Fica claro que as ideias de “propósito” incomodam a jovem e ela prefere acreditar que os eventos da vida são apenas aleatórios.

Crenças

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Dentro da mesma conversa, Rue diz que não acredita em Deus, algo que incomoda Ali. Para ele, nenhum ser humano é capaz de entender toda a escala da vida, e por isso é importante acreditar em algo maior do que você, porque tudo ao redor vai te decepcionar.

Ligação de Ali

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“Trouble Don't Last Always” se passa na véspera de Natal e, quando dá meia-noite, Ali liga para as filhas. Há dois pontos que tornam o momento importante: a insegurança de Ali sobre a ligação em si e sua alegria ao ser atendido. Enquanto Rue busca grandes motivos para seguir viva, a série mostra por meio de Ali que os motivos para continuar estão nas pequenas coisas: a ligação para um filho, uma risada compartilhada etc.

Marsha

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Durante o episódio, há a participação de Marsha, interpretada por Marsha Gambles. Em um capítulo mais intimista e focado em dois personagens, o diálogo de Marsha é inesperado e extremamente poderoso. Ela fala sobre a própria sobriedade e diz que, para conseguir ficar livre do vício, precisou focar 100% nisso e ficar fora de um relacionamento, já que não tinha energia para as duas coisas. O recado ressoa diretamente em Rue, que ainda sofre pelos problemas em seu relacionamento com Jules.

Promessas e decepções

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No ponto mais sincero de todo o episódio, Rue deixa claro o que mais a incomoda em suas relações: as promessas não cumpridas. A jovem mostra que se ressente quando alguém (sua mãe, seu pai, Jules) lhe diz que tudo vai ficar bem, apenas para depois não ficar. Rue tem dificuldade em lidar com as falhas dos outros, da mesma forma que tem dificuldade em lidar com as suas. Dá para incluir nisso também a constante sensação de abandono que ela sente desde a morte do pai: para Rue, todos vão abandoná-la, assim como ela sente que ele fez.

Como mudar?

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Se Rue é muito dura com os outros, ela também é consigo mesma e Ali tem a sensibilidade de perceber isso. Quando fala sobre quando ameaçou a mãe, Rue deixa claro que não acha que merece perdão e, por isso, sente que não precisa mudar. Um dos motivos que fazem a jovem parar no tempo é a constante sensação de que “eu sou assim mesmo e não mereço nada de bom”.

Lembranças e o final

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Pouco antes do episódio terminar lindamente focando no rosto de Rue, ela diz para Ali que o mundo é muito feio e que ela não quer fazer parte ou testemunhar tudo isso, por isso não ficará muito tempo “por aqui”. O diálogo que encerra o capítulo é extremamente doloroso por mostrar que Rue não sente mais vontade de viver. Ela revela como gostaria de ser lembrada pela mãe e irmã: como alguém que tentou muito ser alguém que não podia. A fragilidade e a verdade expostas na cena por Zendaya tornam o momento o mais impactante e delicado do episódio.