O primeiro ano de Euphoria foi avassalador. Além de não se conter na dramatização do cotidiano adolescente, a série fez um ótimo trabalho no aprofundamento de seus personagens, criando histórias paralelas tão intrigantes que por si só renderiam spin-off. Não foi o caso e a série chegou a um momento decisivo: cruzar as principais narrativas da primeira temporada. Claro, essas histórias não estão distantes assim, afinal, os personagens estudam na mesma escola, mas as tramas distantes finalmente se encontraram no terceiro episódio da segunda temporada.
[O texto a seguir contém spoilers da segunda temporada de Euphoria]
Os acontecimentos da primeira temporada que se encaixaram no terceiro episódio envolvem Fezco, Jules, Nate e seu pai, Cal. Como a temporada atual já nos lembrou, Cal transou com Jules, de apenas 17 anos, e Nate encontrou um CD com vários vídeos de sexo do pai, mas o mesmo foi roubado. E onde Fezco entra nessa história? Na temporada passada, Nate o denunciou para a polícia e o traficante se vingou espancando o estudante. Antes da surra, Nate transou com Cassie e os dois acabaram se envolvendo e Cal aproveitou a oportunidade para arrancar da jovem a identidade do agressor de seu filho. Com raiva de Fezco, ele foi até o traficante para amedrontá-lo, mas não foi muito feliz no seu plano. Horas depois, Cal questiona Nate sobre a relação com Fezco e descobre a verdade sobre o CD desaparecido — e isso é tudo o que vemos até o episódio 2.
No terceiro episódio, essas histórias se tocam outra vez quando Cal vai até Fezco pedir ajuda para encontrar seus vídeos pornôs caseiros. Porém, ele acaba se dando muito mal nas mãos do Cinzeiro, irmão caçula de Fezco. Além de levar uma bela surra, ele acaba voltando para casa com um sermão e uma ameaça para não se aproximar dos amigos de Rue outra vez. Essa relação entre a família de Nate e a de Fezco tem tudo para seguir causando durante a segunda temporada da série.
Além do clímax inesperado, a série adotou um tom mais didático para tratar de consumo de drogas e a relação dos dependentes com seus familiares. Enquanto lidava com as consequências do vício, Rue viu surgir uma amizade entre Jules e Elliot, seu novo amigo da escola. Essa dupla é como água e óleo, mas a relação pode gerar grandes frutos nos próximos episódios. E se isso não fosse o suficiente, Rue entrou para o mundo dos “negócios” para sustentar seu vício, mas pode acabar se complicando se não honrar o compromisso com a fornecedora de Fezco.
A cada episódio vemos que Euphoria ainda está longe do seu auge e vai evoluir mais a cada ano. Sem se preocupar em repetir fórmulas já conhecidas de outras séries adolescentes, a produção se sustenta pela inovação, entregando o inesperado ao mesmo tempo que atende as expectativas do público. É seguro dizer que no seu segundo ano a série brilha outra vez.