Diversidade é a palavra mais repetida nas apresentações da Netflix na Rio2C, conferência de inovação e criatividade realizada esta semana. A empresa de streaming teve três grandes eventos no primeiro dia, focando menos nos lançamentos internacionais e mais nas apostas para o território nacional.
O dia começou com Ted Sarandos, chefe de conteúdo, que subiu ao palco para uma conversa rápida com Wagner Moura. O ator brasileiro achou graça de fazer uma apresentação inteira em inglês em seu próprio país, mas ficou à vontade ao lado de Sarandos, que por sua vez revelou curiosidades sobre os conteúdos internacionais.
Narcos, por exemplo, foi uma grande aposta, porque o público dos Estados Unidos não têm o hábito de ler legendas, um conceito que foi quebrado também com 3%, a primeira série original Netflix feita no Brasil, que teve um enorme sucesso no exterior. Sarandos também deixou claro que a Netflix trabalha deixando de lado velhas convenções. Em relação à Stranger Things, por exemplo, o executivo afirmou que muitos duvidaram do sucesso, porque imaginavam que uma série feita para adultos não poderia ter crianças como protagonistas.
Wagner Moura também não poupou Sarandos de temas difíceis e o questionou sobre os novos serviços de streaming, incluindo o da Disney. Será que isso tira o sono do executivo? Sarandos deu uma resposta política, afirmando que a competição é boa para o mercado e dizendo que até demorou para aparecer tantos concorrentes de peso. Para ele, o fã vai sim assinar serviços como o da Disney, mas manterá a Netflix como o streaming principal.
Novas produções
Nas apresentações seguintes, que contaram com Maria Angela de Jesus, diretora de conteúdo original internacional, a Netflix deu detalhes sobre os novos projetos brasileiros. Um deles é Irmandade, série de Pedro Morelli com foco em facções criminosas. A trama é protagonizada por uma mulher coagida a entrar no mundo do crime, que leva o espectador pela história.
Morelli conta que uma das gravações da série foi feita em um presídio de Curitiba em funcionamento. A produção utilizou uma área desativada, mas os presos da vida real conseguiam ver tudo de suas janelas e até gritaram o nome da produção. Morelli completa que, acima de tudo, a série é um thriller de ação com foco no entretenimento do público.
O dia da Netflix terminou com a apresentação de Charlie Brooker e Annabel Jones, criadores de Black Mirror. Para quem esperava grandes novidades sobre o seriado, a palestra pode ter sido um pouco frustrante. Brooker e Jones falaram sobre a experiência de Bandersnatch, que definiram como um “pesadelo feliz” de produzir, e disseram que logo no começo ficou claro que as escolhas não poderiam ser 100% livres, porque isso criaria milhares de possibilidades.
Mas o foco da apresentação foi o anúncio da série Reality Z. Inspirada no seriado britânico Dead Set, feita por Brooker em 2008, a produção nacional se passa no Rio de Janeiro, contando a história de um reality show invadido por zumbis. É um destaque curioso que o vídeo de anúncio de Reality Z mostrou Ted Sarandos ao lado da carismática Sabrina Sato. Enquanto o público brasileiro riu com as já conhecidas brincadeiras da apresentadora, os espectadores estrangeiros presentes no evento ficaram um pouco confusos com tamanha repercussão - saiba mais sobre a série aqui.
Esse detalhe resume bem a participação da Netflix na Rio2C. O foco foi em produções brasileiras feitas para o público local. Reality Z, assim como outras séries, tem grande potencial para fazer sucesso em vários países e isso é muito positivo. Mas a empresa entende a importância de investir em conteúdos e talentos genuinamente brasileiros.