Uma das maiores curiosidades acerca de One Piece era saber como os personagens fantasiosos e seus poderes seriam traduzidos para o live-action — e o quão boa essa tradução ficaria. Felizmente, os efeitos visuais surpreenderam até os mais pessimistas, com as habilidades de Luffy (Iñaki Godoy) sendo particularmente elogiadas. Supervisores de efeitos visuais da série da Netflix, Victor Scalise e Scott Ramsay falaram ao Omelete sobre a complexidade de trazer esses momentos à vida.
“Quando você mostra um soco, fica tudo bem se você não pausar [a cena]. Mas a parte complicada foram aqueles frames em que você para”, contou Scalise, afirmando que os artistas digitais precisaram encontrar um meio de colocar detalhes mesmo em momentos em que os membros esticados de Luffy ficariam borrados. “Alguns artistas [disseram] ‘vamos colocar mais pelos nos braços dele para que você consiga mais um pouquinho de textura.’ Esse é um tipo de textura oculta que você realmente não vê. Então todos nós começamos a trabalhar na construção de um sistema de tendões e músculos muito maior.” Segundo explicou o artista, as equipes da produção se basearam em diferentes elasticidades e tensões de borracha para que os poderes de Luffy, apesar de surreais, ainda tivessem um movimento realista e se comportassem como materiais elásticos de verdade.
Ramsay, por outro lado, chegou ao trabalho acreditando que recriar as lutas do Chapéu de Palha seria fácil, mas rapidamente descobriu que esse não era o caso. “Quando você só estica [partes do corpo], parece de plástico e pode ficar muito falso bem rápido. Então, demoramos um pouco para conseguir não só o soco, mas também o visual, que levamos quase um ano para encontrar.”
De acordo com a dupla, os artistas aprenderam aos poucos como melhorar esses efeitos de elasticidade e chegaram a voltar a episódios já prontos para “arrumá-los”. “Isso realmente fez com que [a série] se tornasse o que é, e espero que todos achem verossímil e que os fãs sintam que é fiel ao mangá e ao anime”, concluiu Scalise.
Todo esse desafio, no entanto, foi abraçado pelas várias equipes responsáveis pelo CGI da série, que, sendo fãs de One Piece, queriam honrar seu carinho pela franquia. “Não há muitas séries em que os artistas chamam os supervisores e produtores internos dizendo ‘realmente quero trabalhar em One Piece. Posso entrar na equipe?’”, contou Ramsey. “Às vezes os artistas dizem ‘por favor, não me coloque nessa série. Sabemos que vai ser difícil’ e esta não é uma série fácil, é bem difícil. São muitos efeitos complexos, mas as pessoas corriam para seus produtores e supervisores dizendo ‘precisamos trabalhar em One Piece’ e quando as pessoas querem fazer as coisas e você dá a elas a liberdade criativa para brincar, você obtém o melhor produto.”
A adaptação de One Piece ainda contará com Iñaki Godoy como Luffy, Mackenyu como Zoro, Jacob Romero Gibson como Usopp, Emily Rudd como Nami, Taz Skylar como Sanji, Peter Gadiot como Shanks, Morgan Davies como Koby, Ilia Isorelýs como Alvida, Aidan Scott como Helmeppo, Jeff Ward como Buggy e McKinley Belcher como Arlong.
Produzido com o selo de aprovação do criador de One Piece, Eiichiro Oda, o live-action conta com Steven Maeda (Lost) e Matt Owens (Luke Cage) no comando dos roteiros.
No Brasil, o mangá original de One Piece é publicado pela Panini, enquanto a Crunchyroll se encarrega de transmitir a animação. A série chega já está disponível na Netflix.