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O que esperar da terceira temporada de Demolidor

Já assistimos aos primeiros episódios

14.10.2018, às 17H05.

Primeira série da Netflix ao lado da Marvel, Demolidor foi responsável por estabelecer o tom de todos os Defensores no serviço. As ruas sempre escuras, as lutas em corredores e os problemas locais foram o foco dos roteiros de Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro. Ele também expandiu a mitologia terrena da Marvel com Justiceiro e Elektra, que deram ainda mais estofo àquele universo na segunda temporada.

Demolidor/Netflix/Reprodução

Agora, no terceiro ano e depois de várias temporadas dos outros heróis, Matt Murdock volta após uma catástrofe ter acontecido em Nova York e terem lhe dado como morto. O peso do desaparecimento não é o que move o herói. O roteiro agora impõe questionamentos em todos os personagens que circundam Murdock. Page é jornalista inveterada, mas se perde nos percalços impostos pelo seu passado; Foggy ainda não se sente confortável na vida de luxo que conquistou. Fisk, apesar de antagonista, compartilha com o Demolidor as dores de atitudes passadas e, ao menos no começo da temporada, se mostra relutante a uma série de impulsos.

Todas as dúvidas que o roteiro apresenta partem de Murdock, que acorda em uma saída de esgoto cheio de feridas e sem seus poderes. O texto da série acerta ao não usar esse defeito temporário como muleta para os clássicos questionamentos da índole do personagem, o que seria banal demais para uma terceira temporada. Por outro lado, os seis primeiros episódios exageram no tempo e na discussão de Matt com seus coadjuvantes, o que rendem cenas com diálogos intermináveis. Charlie Cox mais uma vez entrega a angústia e o heroísmo do demônio na medida certa, mas meia dúzia de falas a menos fariam o desenvolvimento da trama ser mais leve.

Na parte da ação, tudo segue a mesma receita de antes. Corredores escuros, muito sangue e diversos planos sequência dentro de prédios e galpões. No quarto episódio, em especial, está a provável melhor cena de luta de todas as séries da Marvel na Netflix. Uma passagem com mais de dez minutos dentro de uma prisão, onde Murdock enfrenta inimigos para sair do local. A coreografia está em bom nível, mas o que salta aos olhos é a organização de cena e fotografia, que dá uma noção exata do espaço e complexidade do que está acontecendo no momento. Por que as cenas de Punho de Ferro ou Luke Cage não tiveram a mesma qualidade é a única pergunta que vêm à mente.

Do lado dos vilões, Fisk volta para tomar conta do cenário. Vincent D’Onofrio amplia os trejeitos do Rei do Crime, cheio de caretas e a intensidade que o fez ser reconhecido na primeira temporada. É o mesmo troglodita meticuloso de antes, agora com mais ódio e servindo como ponto de apoio para o demônio dentro da cabeça de Murdock. O Mercenário é outro que entra na trama, para o delírio dos fãs mais ardorosos. A inclusão do personagem é sútil e deve ter ainda mais profundidade ao longo dos episódios finais. Diferente do que aconteceu com o Justiceiro, a participação dele orbita entre Demolidor e Fisk, o que acaba dando mais evidência ao que ele realmente tem a contribuir na trama. Outro acerto.

Demolidor continua como a série mais forte da Marvel na Netflix e, para quem achava que a qualidade dessa parceira estava diminuindo (principalmente após o cancelamento de Punho de Ferro), a nova temporada traz novos ares para a dupla. Se não sabemos até quando essa dupla continuará em ação, ao menos temos a certeza de que o trabalho feito com Demolidor foi digno. O início da terceira temporada, que explora os demônios do demônio de Hell’s Kitchen, não é tão impactante quanto o da segunda, mas traz relações mais complexas e um tom sombrio que faltava ao universo “pé no chão” da Marvel.

A terceira temporada de Demolidor estreia em 19 de outubro.