Absolum é o primeiro jogo da Dotemu feito em uma propriedade intelectual completamente nova e mistura roguelite com beat em' up de uma forma extremamente competente, mostrando que o estúdio por trás de jogos como Streets of Rage 4 e Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder's Revenge, sabe muito bem como fazer títulos de esmagar botão.
Na trama, os jogadores comandam um grupo de rebeldes no mundo de Talamh, que foi destruída em um cataclismo mágico causado por magos ambiciosos, dando margem para que o Rei Sol Azra escravizasse magos por meio da Ordem Carmesim, exilando aqueles que possuem magia.
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Comandando o grupo, está a feiticeira Uchawi, que lidera a resistência que conta com Galandra, Karl, Brome e Cider, os personagens jogáveis de Absolum. E aqui é onde começa um dos pontos altos do jogo, que são alguns dos personagens principais. Galandra é a Epítome do personagem sombrio de RPG, com uma espada enorme e capa estilosa que parece ter saído de algum Soulslike.
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Brome é um sapo que utiliza magia, e meu personagem preferido em questão de design, que é extremamente revoltado com tudo, e deseja vingança contra Azra pelos traumas que ele causou ao sapo arcano. Já Cider é uma personagem extremamente enigmática, que você só vai adquirir após algumas mortes.
O único personagem que não me chamou tanta atenção - tanto em jogabilidade quanto em história - foi Karl, que apesar de ser um anão com um trabuco gigante, quase não usa suas armas. Um potencial desperdiçado em comparação com os outros que são muito carismáticos e possuem uma jogabilidade mais atraente.
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Como todo bom roguelite, Absolum transforma a morte em um momento para não só abrir mais possibilidades da lore do jogo, mas também para deixar os personagens mais fortes. Novas habilidades especiais, novas melhorias passivas para os seus personagens, várias possibilidades podem ser desbloqueadas toda vez que você pisa no refúgio da resistência.
A história do jogo é bem interessante, e ela acaba sendo pincelada conforme você avança na pancadaria, tendo alguns bons momentos para entender como o mundo chegou nesse momento complicado, e principalmente, mostrar mais da vida pregressa dos protagonistas.
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Os chefes do jogo são uma sensação mista. Os dois iniciais das primeiras áreas, são bem básicos em seu combate, sendo somente uma arena para cair no soco e vai daí. Porém, quanto mais perto você chega de Azra, o desafio aumenta e cresce conforme o seu personagem também se torna mais parrudo.
Mas não se engane, os chefes iniciais também são complicados, e principalmente quando você zera pela primeira vez, o jogo aumenta a dificuldade de uma forma bem interessante e o desafio é crescente. Absolum junta uma ótima direção de arte, que traz todo um ar de fantasia sombria, com um sistema de combate sólido que estranhamente, funciona muito bem.
Talvez o único "problema", que não dá nem para chamar de problema, é que fica difícil de sentir realmente as mudanças que os rituais trazem para o personagem. Em comparação com jogos como Hades II, as bênçãos concedidas em Absolum parecem não ser tão impactantes para não deixar de lado o beat em' up para virar um roguelite puro.
Contudo, não é nada que vai impedir a gameplay de ser fluída, e engatar os combos sequencialmente parecem algo digno de uma partida de alto nível de fighting game, sem perder a dificuldade e complexidade de um roguelike. Como essa mistura parece - e é - completamente inconvencional, a balança poderia ficar desequilibrada e um lado se mostrar mais importante que o outro, mas o balanço entre as mecânicas é o que torna Absolum tão atrativo.
Uma coisa que acabo lamentando, mas aí é mais uma coisa minha, é que não existe, pelo menos até onde testei, o cancelamento de animações. Por mais que dê para engatar um aparar direto em um golpe, não é possível "pular" frames para engatar combos de forma mais rápida. Eu sei, ficaria impossível para os inimigos de reagir e isso poderia acabar com a jogabilidade, mas sinceramente? A opção deveria existir.
No fim, Absolum consegue misturar de forma perfeita a ação frenética de um Beat Em' Up, com a complexidade das builds e opções de um roguelike. Por mais que pareça que a combinação não funcione, ela consegue ser muito bem-executada, e talvez seja uma das gratas surpresas de 2025.