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Crítica

Battlefield 6 é exatamente o que precisava ser

Jogo renasce franquia ao exaltar os elementos que a colocaram nos holofotes

5 min de leitura
09.10.2025, às 12H00.

Poucos jogos nascem com tanta pressão como Battlefield 6. Ainda que as expectativas do público acima de shooters casuais tenham um teto não tão alto, o novo game é resultado de um processo extenso de desenvolvimento, que causou grandes movimentações internas na Electronic Arts e sugou uma quantia enorme de dinheiro. Para uma empresa que vem de baixas, ao menos em vendas, como com Dragon Age: The Veilguard, um investimento desse tipo precisa se pagar. Felizmente, o novo Battlefield parece ser exatamente o que a EA precisa.

O porquê de BF6 ser assim é quase narrativo, e é impossível não citar o principal concorrente para entender o game como um todo. Call of Duty passa longe de estar mal das pernas, e tomou de assalto um nicho com a queda de seu principal rival. A briga estabelecida no início dos anos 2010 virou um monólogo da Activision, que se viu mais livre para experimentar com a franquia.

Divulgação/EA

Em 2024, isso culminou em Black Ops 6, um jogo que definirá CoD pelos próximos anos. A movimentação insana e a pirotecnia visual, que já estavam sendo construídas, foram escancaradas no game, e a Treyarch já dobrou a aposta para BO7.

Por um lado, a Activision vai entregar ainda mais daquilo que fez seu último jogo ter o melhor lançamento na história da franquia — com a “pequena” ressalva das mudanças no Game Pass. Por outro, isso abre o caminho para jogos mais cadenciados, que preferem apelar com a verdadeira sensação do campo de batalha.

Battlefield 6 acerta esse alvo em cheio. Desde o primeiro teste, em Los Angeles, era visível que o game não tentaria replicar o ritmo frenético contemporâneo, e sim respeitar suas origens: uma gameplay intensa, com mapas expansivos e muitos jogadores no servidor, mas permitindo diferentes estilos e dando mais tempo para pensar entre uma trocação e outra.

A grande síntese dessas raízes é o retorno das classes tradicionais, que dão um pouco mais de abertura para as funções de cada jogador ao introduzir diferentes especialidades — é possível ser um Suporte que tem recursos para se tornar mais forte na linha de frente, por exemplo.

Divulgação/EA

Claro, o restante daquilo que construiu Battlefield também marca presença. A destruição de cenários impressiona com prédios enormes ruindo completamente, agradando tanto o lado tático, ao remover coberturas de inimigos, quanto o visual. O mesmo vale para os veículos, que trazem gostos diferentes para a gameplay.

Esses elementos convergem de volta às classes: é necessário ter um time equilibrado para conseguir prevalecer. Contra um tanque, Engenheiros são quase obrigatórios; para destruir prédios recheados de inimigos, escolha Assalto; num mapa tão grande, é preciso ter Reconhecimento para localizar os adversários; o Suporte, claro, garante que todos esses soldados voltem a campo mais rapidamente.

Essa lógica também funciona graças à excelência no design de fases. No modo multiplayer, os mapas abandonam um pouco a lógica das “três rotas” que domina quase todos os shooters da atualidade, e explora muita verticalidade, assim como uma variedade imensa de caminhos para encontrar núcleos de combate.

Na grande maioria dos outros jogos do gênero, os cenários são desenhados para gerar três principais pontos de encontro entre as equipes. Mais difuso, Battlefield 6 renega essa visão e deixa mais poder de escolha nas mãos dos jogadores: decidir para onde ir, e por qual caminho seguir, se torna parte do desafio.

Divulgação/EA

O level design também é exaltado, de forma mais óbvia, no Battlefield Portal, que dá toda a liberdade possível para que os jogadores deem vida aos projetos mais mirabolantes que imaginarem — mas ainda não tivemos acesso a ele.

A campanha segue a mesma tônica de excelentes mapas. Ao longo de nove missões, acompanhamos os eventos que levaram à ascensão da Pax Armata, entidade militar que se opõe à OTAN no universo do game. O enredo em si até mostra potencial com um quê político, mas não dá foco suficiente a seus personagens para que alguém realmente se importe com eles.

Seu grande triunfo está em servir como vitrine para o que os jogadores hardcore já encontram no multiplayer, com bastante suficiência. É possível aproveitar BF6 ao focar na campanha e não se aventurar tanto no online — talvez só não seja a melhor decisão financeiramente, já que há pouco mais de 10 horas de conteúdo ali e o jogo é bem caro.

Combate em veículos, campos de batalha extensos e a sensação de estar em uma guerra são bastante presentes, com mais um destaque para o level design. Aqui, o acerto está em dar inúmeros caminhos para resolver o mesmo problema. Sim, as missões ainda são ir do Ponto A ao Ponto B e abater um grande número de inimigos, mas a quantidade de rotas possíveis para um mesmo caminho impressiona, e dá ainda mais destaque para a destruição do cenário, que abre várias possibilidades de trajeto por si só.

Divulgação/EA

A campanha não deixa de ser decepcionante narrativamente, ainda mais ao pensar na forma em que Battlefield 6 foi revelado. Um trailer bastante focado nas tensões entre OTAN e Pax, mostrando a insegurança do presidente dos Estados Unidos frente a uma ameaça de escala global, passava a impressão de que veríamos uma história densa, algo que não seria inédito na franquia.

As grandes perguntas do enredo, entretanto, são respondidas de forma superficial. Não há um grande aprofundamento na criação da Pax Armata, ou uma preocupação em explorar os personagens, fazendo com que o bom clímax não atinja todo seu potencial de impacto.

De qualquer forma, Battlefield 6 ainda deve representar uma nova era para os shooters. Concorrendo de forma quase pacífica com seu principal rival, o jogo vai sobreviver na base dos jogadores que preferem uma experiência mais sóbria — e está nas mãos da EA sustentar esse público com conteúdos e balanceamentos que atendam às necessidades da comunidade.

O multiplayer, afinal, é onde o público gastará maior parte de seu tempo. Nuances como customizações das armas, especialidades de cada classe e o famigerado Time To Kill (TTK) serão ajustados e desajustados pelos próximos anos, e nem há tanto a se falar sobre isso por enquanto. A experiência de Review foi bem similar ao Beta e às partidas de Los Angeles, mas com servidores pouco povoados e muitos bots, sem transmitir como será uma partida com jogadores de carne e osso.

Uma vez que os servidores estejam lotados, é quase certo que os jogadores terão muito a celebrar. Pode comemorar: Battlefield está de volta.

Nota do Crítico

Battlefield 6

Battlefield 6

10.10.2025
FPS
Desenvolvedora: Battlefield Studios
Publicadora: EA
Classificação: 16 anos
Testado em: PlayStation 5