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Entrevista

Tungstênio | "O quadrinho é um tapa na cara que faz o leitor acordar", diz Heitor Dhalia

Diretor vai adaptar HQ aos cinemas

25.10.2016, às 14H16.
Atualizada em 28.10.2016, ÀS 02H01

Estrelado por Fabrício Boliveira, protagonista do blockbuster Faroeste Caboclo (2013), e pelo veterano ator paraibano José Dumont (do premiado Era o Hotel Cambridge), Tungstênio, adaptação da aclamada HQ homônima de Marcelo Quintanilha, começa a ser filmado no dia 7 de novembro, em Salvador, na Bahia, com o pernambucano Heitor Dhalia, do cult O Cheiro do Ralo (2006), na direção.

Laureada na França no Festival de Angôuleme, em fevereiro, com o prêmio de melhor história policial, a graphic novel – centrada em fragmentos da vida de quatro pessoas, um ex-sargento, um traficante, um tira durão e a esposa deste – foi adaptada pelo próprio Quintanilha em parceria com os autores da série global SuperMaxMarçal Aquino Fernando Bonassi. Dhalia promete ainda duas revelações de peso no elenco, majoritariamente baiano: Samira Carvalho e Wesley Guimarães

O universo do Quintanilha é revelador e fascinante, pois sua narrativa aparentemente banal apresenta situações cotidianas e depois as estilhaça de maneira contundente”, diz Dhalia. “Daí vem à cabeça conceitos com o neorrealismo ou até um hiperrealismo. Os personagens e a Bahia se descortinam diante dos nossos olhos, e o que está escondido emerge numa explosão”.                       

Centradas na região chamada Cidade Baixa, as filmagens de Tungstênio – produção da Paranoid com a Globo Filmes - duram até 5 de dezembro, tendo como fotógrafo Adolpho Veloso, com quem Dhalia rodou nos EUA e na Índia o documentário On Yoga, ainda inédito.

“A adaptação de Tungstênio vai tentar ser fiel ao máximo ao universo do Quintanilha, na medida do possível, já que o cinema tem suas próprias demandas. Mas vamos tentar trazer a vida com força total este cotidiano avassalador do universo do autor. Tungstênio é um tapa na cara que faz o leitor acordar. Tentaremos fazer o mesmo”, explica o cineasta, cujo último longa em circuito foi Serra Pelada (2013). “Tungstênio será um filme sobre o ponto de virada, sobre o momento em que chave vira e tudo muda. O cotidiano é estilhaçado por eventos aleatórios em cadeia que levam a uma situação de caos. É um filme sobre o ponto de explosão da banalidade cotidiana”