1

2

7
4
Vocês se inspiraram no T-1000, de O Exterminador do Futuro 2 na hora de criar o Surfista Prateado?
Nós não passamos muito tempo olhando para o que James Cameron tinha conseguido com o T-1000. Nós tínhamos nas nossas mãos um personagem que está aí há quarenta e poucos anos e queríamos fazer jus a este legado.
Como foi o processo de criação do Surfista Prateado?
Inicialmente fizemos esculturas dele, para ter noção de como queríamos que ele ficasse. Uma dessas esculturas foi aprovada por todos, digitalizada e modelada em computação gráfica. Não tivemos muitos problemas nessa fase porque todos concordaram que o design dos quadrinhos era perfeito. É, afinal, um personagem clássico. Usamos muito do visual clássico de John Kirby, misturado com outras versões ao longo dos anos, e finalmente pudemos mostrá-lo prateado de verdade, algo que a tecnologia da época de sua criação não permitia. Achamos que o resultado ficou muito bom. No primeiro, a dor-de-cabeça foi mostrar Johnny em chamas, neste esse cara cromado andando por aí - algo que teria sido impossível até bem pouco tempo atrás.
Por que você escolheu Laurence Fishburne para dublar a voz do Surfista Prateado?
Ele é o Morpheus!! Para fazer a voz de um dos personagens mais cool que existe, nós tínhamos que ter um cara igualmente cool.
Você recorreu aos quadrinhos durante as filmagens para o Surfista?
Estive o tempo todo olhando alguma coisa, tirando umas poses, movimentos ou qualquer coisa que pudesse me ajudar com qualquer dúvida sobre ele. O que faz sentido, já que é um personagem repleto de histórias, desde as primeiras criadas por Stan Lee.
Falando nele, quem teve aquela idéia genial da participação especial?
Eu não lembro em que gibi isso aconteceu, mas me lembro de ter visto o Stan Lee no casamento de Reed e Sue. Aí só foi uma questão de adaptar. Mas ficou muito legal mesmo!
Quais foram os elementos mais importantes para você no filme, os elementos nos quais você quis se concentrar?
Quisemos que o filme tivesse muito mais ação - e que parte dela viesse desse personagem quarentão, o Surfista, especialmente em suas cenas de vôo. Acho que os fãs não terão do que reclamar nele.
E dessas seqüências, quais suas favoritas?
A que estava mais ansioso pra fazer era a da perseguição de Johnny ao Surfista. Hoje é a mais conhecida, porque todo mundo a viu na internet e ficou até meio cansado dela, mas é definitivamente a minha favorita. Comecei a trabalhar nela já no final do primeiro filme, a desenhá-la e pensar em como seriam os vôos por Nova York.
Você começou tão cedo assim a pensar na continuação?
Sim, logo que o primeiro saiu começaram as conversas sobre a história e os desenhos de produção.
Dois filmes sobre o mesmo tema na seqüência, então? Você deve estar cansado do Quarteto.
Nem um pouco! Tem muitas coisas diferentes que estou pronto pra fazer, mas é tão legal fazer parte dessa série que não dá pra reclamar. É meu filho, afinal! E , caso façamos um terceiro - vai depender, claro, da aceitação deste -, vocês podem esperar outras coisas pelas quais o Quarteto é conhecido, como viagens por outras dimensões, outros planetas, viagens no tempo, aventuras subterrâneas... é isso que espero que os mantenha diferentes dos outros filmes de heróis. Isso e o lance deles serem uma família. Eles acordam de manhã, fazem ovos mexidos e à tarde viajam aos confins do espaço. O mundo deles é ilimitado.
Obviamente, há uma seqüência no horizonte, então. O problema é que os vilões deles, fora os que já foram utilizados, não são tão legais ou famosos quanto os dos X-Men ou Homem-Aranha, por exemplo. Como resolver isso?
Ah, tem alguns bons, e bem diferentes dos que existem por aí, como o Mestre dos Bonecos, ou o Toupeira. Mas filmes de histórias em quadrinhos dependem muito da visão que você dá a eles, às interpretações de personagens, então, nunca se sabe o que pode sair daí.
E será que a família vai crescer, com Franklin, Valerie, os filhos do Quarteto?
Sim, podemos usá-los. Franklin é um personagem poderosíssimo e seria legal vê-los tendo que cuidar de uma criança enquanto pilotam uma nave espacial ou coisa do tipo. Um cadeirão de bebê na nave seria engraçado.
Daria para comparar os seus filmes com o Homem-Aranha de Sam Raimi?
Homem-Aranha é o modelo seguido por todo mundo quando o assunto é filme de super-heróis. O que eu peguei deles é que há momentos nos filmes do Aranha que são muito divertidos e o que eu tentei fazer foi tornar o filme divertido também.
Sim, você usou ainda mais humor neste filme...
Sim, tento sempre buscar maneiras naturais de inserir o humor na ação. Mas pouco dele é premeditado. Parece que muitas vezes as cenas pedem por uma leveza - e aí pensamos no que encaixar ali. É como se o texto se escrevesse sozinho. Sou um grande fã de comédias e comédias românticas e gosto de empregar elementos delas. Acho que as pessoas também apreciam isso, ir ao cinema, dar umas risadas...
Há um pouco de drama também, com a relação entre a Susan e o Surfista.
Aquilo veio dos quadrinhos, mas de uma maneira adaptada. Quem desenvolvia uma relação com o Surfista era a Alícia, mas achamos melhor usar Susan. A relação não é romântica, mas tem um fundo ancorado no romance. Afinal, foi também por amor que o Surfista sacrificou-se - e que maneira melhor para que ele resolver sacrificar-se também pela Terra do que encontrar aqui algo que o lembrasse de seus motivos?
Vamos à polêmica. Há produtos por todos os cantos no filme, e os personagens chegam até a comentar isso. Como fã e diretor, isso não te incomoda?
Neste filme não me incomodou, não, pois é bem urbano e por onde quer que passemos nas cidades há marcas por todos os cantos... então eles colaboram com um certo realismo, até ajuda. Então, acho que se as marcas fazem sentido dentro de um contexto, podemos usá-las, sim.
Ok, mas e o fantasticarro? [nota dos editores: o veículo voador Fantasticarro ganhou o logo da Dodge na frente]
Bom, esse foi mesmo o mais complicado. Porque não importava o que fizéssemos, todo mundo saberia exatamente os motivos dele estar ali... então nos focamos em colocá-lo no veículo da maneira mais harmoniosa possível.
Coloque-se no lugar de um fã vendo o Fantasticarro com o logo da Dodge. Como você se sentiria?
Ah, o público de hoje em dia é esperto, eles vão entender porque fizemos o que tivemos que fazer. Contanto que não estrague o filme, tudo bem... eu consigo imaginar Reed Richards em parceria com uma montadora desenvolvendo um carro especial... então...
Qual é seu personagem favorito do Quarteto?
Johnny. Ele pode voar! Não tem superpoder mais legal que esse.
Então foi por isso que você deu um jeito de descolar mais uns poderes pra ele...
A idéia da troca de poderes veio baseada em algumas edições dos quadrinhos e achei que se tivesse uma boa desculpa seria legal tentar usá-la no filme. O fato do Surfista tocar Johnny e mexer com o equilíbrio de poder cósmico me pareceu perfeito, aí foi pura diversão...
Você praticamente só fez filmes de ação e comédia. Tem interesse em algo mais sombrio?
Sim. Como cineasta, você tem que abrir o leque e trabalhar no maior número possível de gêneros que conseguir. Eu farei o que for preciso para trabalhar em dramas pesados, comédias românticas, o que aparecer.
Talvez o próximo filme do Quarteto possa ser mais sombrio?
Acho que não muito. O Quarteto sempre teve um tom mais leve nos quadrinhos e acho que os filmes têm que seguir essa linha.
Você pode comentar a diferença entre dirigir os atores e um personagem totalmente digital?
Em um personagem como o Surfista Prateado, você está no comando de cada articulação do seu corpo. Você diz como quer que ele se levante, sente ou levante um dedo. Com os outros atores, você não precisa se preocupar com isso, é só pedir para sentar e eles sentam.
No caso de um personagem totalmente criado a partir de computação gráfica, apesar de ter um ator como o Doug Jones para nos mostrar como ele se movimentaria, você tem liberdade para criar muito mais.
Desde o primeiro filme você usa o personagem do Ben Grimm para mostrar ao seu público que não se deve julgar um livro pela sua capa.
Sim. Este é um dos grandes motivos do personagem. E se eu continuar na série, talvez possamos mostrar ainda mais disso, pois estamos pensando em usar o Mestre dos Bonecos e apimentar mais história do Ben com a Alicia Master.
Você era um leitor de quadrinhos antes?
Sim. Eu sempre lia o que pintava na minha frente, X-Men, Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, obviamente. Eu cresci no meio de tudo isso, tinha lá os meus action figures de Star Wars, legos e tudo mais. Por isso é tão divertido estar no meio disso tudo agora.
Quais são as suas expectativas para The Losers [N.E. Um dos próximos filmes que ele vai dirigir, também adaptado de uma HQ]?
É o filme mais difícil que eu já me envolvi e estou muito empolgado com o que vem por aí. Vou tentar ser o mais fiel possível aos quadrinhos, que sempre andaram no seu limite.