Filmes

Entrevista

Ilha dos Cachorros | Jeff Goldblum fala sobre trabalhar com Wes Anderson

Ator dubla o cão Duke na animação do diretor de Os Excêntricos Tenenbaums

17.07.2018, às 20H20.
Atualizada em 19.07.2018, ÀS 14H03

De volta às telas no papel do matemático Ian Malcolm em Jurassic World: Reino Ameaçado, Jeff Goldblum vai ser ouvido pelo público brasileiro a partir desta quinta-feira como um dos heróis caninos de Wes Anderson na animação Ilha dos Cachorros. Ele dá voz ao cão Duke, uma fleumática criatura abandonada em um depósito de material reciclável. Presença constante na obra do cineasta texano desde A Vida Marinha de Steve Zissou (2004), o ator, consagrado nos anos 1980 como o cientista Seth Brundle de A Mosca (1986), orgulha-se de ser parte da receita de sucesso do diretor de Os Excêntricos Tenenbaums (2001).

“Não é todo mundo que tem no currículo mais de um filme com Steven Spielberg e vários com Wes Anderson. Acho que posso me considerar uma pessoa feliz, não?”, brincou o ator em um papo com o Omelete no Festival de Berlim, onde o longa-metragem conquistou o Urso de Prata de Melhor Direção. “É até engraçado que eu tenha trabalhado algumas vezes com esses dois cineastas, que apostam na fábula, uma força essencial a estes tempos onde o Real anda muito espinhoso”.

Aos 65 anos, Goldblum define Ilha de Cachorros como um ensaio sobre a tolerância. “É um filme sobre as diferenças que convivem entre si num mundo condenado ao caos”, diz.

Nas bilheterias internacionais, Ilha de Cachorros vem se consagrando como um sucesso: teve uma receita de US$ 62 milhões em sua arrecadação nos EUA e em alguns países europeus. E já se fala em Oscar para o filme. Na nova trama do realizador de cults como O Grande Hotel Budapeste (2014), o menino Atari vai até um lixão a céu aberto resgatar seu cãozinho, que foi condenado a um depósito sanitário por pressão do prefeito de sua cidade, avesso a animais domésticos. Lá, encontra a ajuda de Chief (cão dublado por Bryan Cranston), criatura zangada com a vida, mas generosa com quem precisa. No caminho, Atari vai contar com o apoio de outros cães, como Duke.

“A aposta de personalizar este cãozinho se deu pela elegância: é um animal que acredita ser nobre e, em nome da nobreza, faz o que pode por Atari”, explica Goldblum. “Wes nos dá a chance de aplicar nossa reflexão de mundo aos personagens que nos oferece. Isso engradece nossa forma de atuar, ainda que, aqui, eu atue só com a voz”.    

Ilha de Cachorros vai ser tema de um painel no Anima Mundi, o maior festival de animação das Américas, que aporta no Rio de Janeiro de 21 a 29 de julho e, em São Paulo, de 1º a 5 de agosto. Em solo carioca, o evento vai receber um dos talentos do time de animadores de Wes, Matias Liebrecht, para uma palestra sobre o processo de criação do longa.