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Crítica

Quarteto Fantástico não é um filme sobre heróis — e essa é sua melhor parte

Primeiros Passos lava a alma dos fãs do grupo com história focada no amor em família

3 min de leitura
05.11.2025, às 21H41.

Até 2025, as revistas em quadrinhos do Quarteto Fantástico não haviam sido bem adaptados para os cinemas. Mesmo após três tentativas com bons elencos, a franquia sempre acumulou mais pecados do que salvações. Talvez, por ironia do Destino, seja a quarta iteração da história que enfim faça jus a uma das famílias mais importantes do catálogo da Marvel. E, adicionando mais uma ironia ao fato, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos conquista esse feito justamente por não ser, necessariamente, um filme focado em super-heróis encarando vilões, mas em parentes convivendo uns com os outros.

Marvel Studios

Desta vez, a primeira família da Marvel retorna às telonas com Pedro Pascal interpretando Reed Richards, o Senhor Fantástico, ao lado de Vanessa Kirby, como Sue Storm/Mulher-Invisível. Joseph Quinn vive o galanteador Johnny Storm, ou Tocha-Humana, enquanto Ben Grimm, o Coisa, fica por conta de Ebon Moss-Bachrach. Mesmo vivendo esses personagens tão quadrinescos, o elenco é responsável por fazer do núcleo familiar e dessas relações uma das melhores, e mais realistas, coisas que o MCU já nos entregou.

Apesar de a sinopse de Primeiros Passos prometer um Quarteto Fantástico retrofuturista enfrentando diversos inimigos e protegendo a Terra-828 de Galactus (Ralph Ineson) e sua arauto, a Surfista Prateada (Julia Garner), tudo funciona como um pano de fundo para algo muito melhor. Aqui, as dinâmicas interpessoais são mais fortes do que poderes fantasiosos, e definem todo o tom da produção. Da mesma forma, as fraquezas de cada um não viram armas para os adversários, mas se tornam um problema a ser tratado em conjunto. Nada importa mais do que a família — e esse é o maior diferencial do longa de Matt Shakman em relação a tudo o que o Marvel Studios fez até aqui.

Marvel Studios

O que não quer dizer, entretanto, que a visão focada no clã Richards/Storm/Grimm isente o filme de momentos de tensão ou grandes desafios pessoais. Afinal, amar é proteger e, às vezes, proteger é fazer grandes sacrifícios. Um exemplo disso vem quando Galactus deseja sequestrar Franklin Richards, filho recém-nascido de Reed e Sue, alegando que a criança é poderosa demais, e isso leva os heróis a arriscarem suas vidas para proteger o infante. O bebê vira uma moeda de troca, unindo trama e temática em algo que torna a tensão na família ainda maior — e exige ainda mais do elenco, que entrega atuações extraordinárias.

Se as atuações são fidedignas, em sintonia com o tom do filme, o mesmo não pode ser dito sobre o CGI, que possui altos e baixos. Ainda assim, ele despista as cenas mais carentes de pós-produção focando no que era mais esperado pelos fãs — o efeito borracha do Senhor Fantástico, a Surfista Prateada em movimento e Galactus. Os efeitos não são perfeitos, mas até quando vamos nos guiar por computação gráfica antes de valorizar todo o fator humano e prático nessas produções? Até porque, a direção artística deste filme é uma das mais bonitas do MCU.

Um erro maior vem na escolha de evitar algumas questões que são deixadas “no ar” em vários momentos pelo roteiro. Por se autoafirmar como a encenação de uma sociedade futurista, a produção deixa como entendido que questões como igualdade de gênero e raciais não influenciam tanto o cotidiano. Essa escolha, por mais positiva que possa parecer, somente esconde esta versão dos Estados Unidos atrás de uma cortina retro-utópica estampada unicamente com uma família-margarina.

Este tropeço não apaga a realidade de que Matt Shakman faz um trabalho poderoso com o roteiro de Josh Friedman, Eric Pearson, Ian Springer e Jeff Kaplan. Esse quarteto extraiu nos mínimos detalhes o significado de ser uma família, não apenas nos grandes dramas, mas também nos pequenos momentos do cotidiano: maridos que não acham as próprias coisas, tios com dificuldade de afivelar uma cadeirinha de criança. Aqui, isso é tão importante quanto uma viagem espacial para salvar a Terra. Quarteto Fantástico: Primeiros Passos não é um filme perfeito, mas funciona muito bem quando precisa, afinal, todas as famílias não são assim?

Nota do Crítico

Quarteto Fantástico: Primeiros Passos

Fantastic Four: First Steps

2025
115 min
País: EUA/Reino Unido
Classificação: 12 anos
Direção: Matt Shakman
Roteiro: Ian Springer , Jeff Kaplan, Josh Friedman, Eric Pearson
Elenco: Vanessa Kirby, Pedro Pascal, Joseph Quinn, Ebon Moss-Bachrach, Julia Garner, Ralph Ineson