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Festival do Rio 2015 | "A ideia é emocionar", diz diretor do documentário sobre Chico Buarque que abre o evento

Miguel Faria Jr. fala ao Omelete sobre o desafio de fazer um filme sobre o amigo pessoal

29.09.2015, às 01H10.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Previsto para chegar aos cinemas em novembro, Chico - Artista Brasileiro, documentário dirigido por Miguel Faria Jr. com foco na sonoridade e na poesia de Chico Buarque, primeiro terá a honra de abrir nesta quinta-feira o Festival do Rio 2015, no Cine Odeon. Mesclando entrevistas e números musicais com astros da MPB como Milton Nascimento, Adriana Calcanhoto e Ney Matogrosso, a produção dá a largada para a maratona cinéfila carioca, formada por 250 filmes de 60 países.

São esperados longas-metragens como Sicário - Terra de Ninguém, do canadense Denis Villeneuve, Micróbio & Gasolina, do francês Michel Gondry, Tudo Vai Ficar Bem, do alemão Wim Wenders, Mia Madre, e do italiano Nanni Moretti. Devem ser concorridas seções da mostra dedicada ao Studio Ghibli, de Hayao Myiazaki, e da Première Brasil, com inéditos em competição de mestre como Neville D'Almeida (A Frente Fria Que a Chuva Traz) e o moçambicano, radicado brasileiro, Ruy Guerra (Quase Memória), além de um dos filmes-sensação do Festival de Veneza: Boi Néon, do pernambucano Gabriel Mascaro.

Mas tudo começa nos acordes buarquianos. "Não sei ainda que filme Chico - Artista Brasileiro é, afinal de contas eu falo de um cara que, por um lado, é um mito, por outro, um amigo. Não é uma biografia. É um olhar. O meu olhar, totalmente parcial, num recorte afetivo sobre um cara da mesma geração que eu", diz Faria, que abriu o Festival do Rio de 2001 com O Xangô de Baker Street e assumiu a mesma tarefa em 2005 com Vinícius, o documentário de maior público do país dos últimos 30 anos, com cerca de 270 mil pagantes.

Fã do músico por trás de sucessos como "Construção", Faria conheceu Buarque há quatro décadas, quando encomendou a ele uma canção para o filme Na Ponta da Faca (1977). "Já conhecia ele de músicas como 'A Banda'. Acabei não usando ele naquele filme, pois o longa demorou a ficar pronto. Mas ficamos amigos e usei as músicas deles em outros trabalhos. Convivo há 40 anos com ele e, na feitura deste documentário, a amizade por um lado ajudou e por outro, atrapalhou. Quando eu ouço o Chico falar, a intimidade me dá mais liberdade. Afinal, é uma pessoa de que eu gosto muito. Mas por isso mesmo não é um documentário clássico, distanciado. Entre uma entrevista ou outra, eu fazia o roteiro", explica o diretor.

Sobre as canções no filme: "Eu não fui pelas músicas mais manjadas. Coloquei a portuguesa Carminho para cantar 'Sabiá', chamei o Péricles para levar 'Estação Derradeira', e dei 'Uma Canção Desnaturada' para a atriz e cantora Laila Garin. Números como esses não são simples registros. Filmei como ficção, com luz, figurino... A ideia é emocionar", explica o cineasta. "No fundo, meus filmes são uma tentativa de entender assuntos como criação, amor, amizade, generosidade: coisas que estão em Chico."