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The Walking Dead | "Monsters" derruba parede entre vilões e mocinhos em conflitos éticos

Episódio foca em mostrar confrontos ideológicos acerca de como tratar inimigos de guerra

Omelete
4 min de leitura
06.11.2017, às 01H19.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H48

"Monsters", terceiro episódio da oitava temporada de The Walking Dead, mostrou o desenrolar do encontro de Rick (Andrew Lincoln) com Morales (Juan G. Pareja) e acompanhou em três frentes diferentes a segunda parte da missão para encontrar as armas dos Salvadores. O principal do episódio, sublimado pela confusão de tiros que não acabam nunca, foram os diálogos sobre posicionamentos na guerra. Não só Rick e Morales, mas Jesus (Tom Payne), Morgan (Lennie James) e Maggie (Lauren Cohan) estiveram em situações onde o foco era como fazer justiça em um mundo que é regido pela lógica do olho por olho, dente por dente.

Além do desenrolar de Rick e Daryl encurralados no prédio sem armas, o episódio acompanhou Ezekiel (Khary Payton) liderando seus homens contra os Salvadores e a caminhada de Jesus com os prisioneiros de guerra para Hilltop. No caso do primeiro grupo, a única coisa que justifica seu sucesso é a completa incompetência dos seguidores de Negan (Jeffrey Dean Morgan). Por mais que eles tenham se organizado estrategicamente para manter os planos de ataque, Ezekiel continua parecendo um livro de auto-ajuda ambulante cuja única habilidade como líder é proferir discursos motivacionais sem parar para respirar. Não é surpreendente que o arco do Reino tenha terminado o episódio sendo massacrado em uma armadilha - Carol (Melissa McBride), como sempre, se afastou na hora certa.

Já no caso do grupo que migrava para Hilltop, o foco ficou no embate entre Jesus e Morgan, que ultrapassou a barreira da discussão ideológica e se tornou um confronto físico. Ainda que a insistência de Jesus quanto a não promover o massacre de inimigos rendidos seja um tanto quanto forçada, ela acabou servindo como um ponte para um bom aproveitamento de Morgan. O homem é um dos personagens mais psicologicamente fragilizados da série e, após matar um dos refém e entrar em uma briga com Jesus, ele disse algo que é provavelmente a conclusão de todo esse dilema sobre matar ou não matar. Morgan diz que sabe que está errado, mas que isso não quer dizer que Jesus esteja certo: basicamente, na realidade de The Walking Dead, o sucesso chegará na hora em que o meio termo entre as visões dos dois for alcançado.

Ainda falando sobre Jesus, é provável que o personagem se aproxime de Aaron (Ross Marquand), que, ao que tudo indica, perdeu o marido na guerra. Aliás, sobre a possível morte de Eric (Jordan Woods-Robinson) - sem corpo, sem provas - The Walking Dead precisa aprender que não adianta perder tanto tempo em construir despedidas emocionantes de personagens que não foram bem trabalhados ao longo dos anos anteriores. O sofrimento de Eric foi um exemplo clássico de muita lágrima na cena e pouca gente entre os espectadores se importando com o que estava acontecendo - e depois do drama todo nem o próprio Aaron parece ter se importado por muito tempo, já que tomou a questionável decisão de deixar o marido definhando sozinho.

Há algumas pistas bem óbvias já de que Negan não está dormindo em serviço e que há algo sendo preparado - ainda que ele tenha optado por sacrificar um monte de seus homens no meio do caminho. Quando Gregory (Xander Berkeley) volta para Hilltop, ele conta para Maggie que Negan já sabia que a viúva de Glenn (Steven Yeun) estava arquitetando o roubo das armas com Rick e Ezekiel. Outra coisa é que, já no final da missão, Rick e Daryl (Norman Reedus) ficam sabendo que as tais armas que buscavam foram movidas na noite anterior para outro lugar. O desfecho do grupo de Ezekiel pode ser já a armadilha para onde Negan pretendia atrair seus inimigos o tempo todo ou coisa ainda pior está por vir.

No fim das contas, Daryl foi o responsável por fazer "Monsters" valer a pena em dois momentos: o primeiro quando ele surpreendentemente crava uma flecha na cabeça de Morales e o segundo quando ele diz estar sem munição, mostrando que, ao contrário do que foi visto até agora, em algum momento as balas infinitas de The Walking Dead também acabam. De forma bastante didática, o que a oitava temporada está fazendo episódio a episódio é mostrar a trajetória que culminará na evolução de Rick para um líder mais pautado pela ética em suas ações. Ainda que a flechada em Morales tenha sido um alívio para os espectadores, ficou claro que o ex-policial está questionando internamente o posicionamento de Daryl com seus inimigos de guerra - é possível que uma pequena rachadura esteja começando a surgir em uma das amizades mais inquebráveis da série até agora.

"Some Guy", quarto episódio da oitava temporada, vai ao ar em 12 de novembro. The Walking Dead é transmitido no Brasil nas madrugadas de domingo para segunda-feira, pelo canal pago Fox, às 00h30.

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