The Last of Us: Como o 8º episódio abraça o terror de maneira chocante

Créditos da imagem: HBO Max/Reprodução

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The Last of Us: Como o 8º episódio abraça o terror de maneira chocante

Do slasher sanguinário ao terror psicológico, penúltimo capítulo nos mostra o horror além de infectados

Omelete
5 min de leitura
09.03.2023, às 08H00.

Chegando na reta final, o oitavo episódio de The Last of Us se mostrou poderoso ao apresentar de maneira brutal e sanguinolenta o pior lado da humanidade, tanto para Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey), quanto para os espectadores. "When We Are in Need" flertou e usou de maneira formidável os diferentes tipos de terror que mostram até que ponto o ser humano pode fazer para sobreviver - sem que haja um infectado em cena.

Saiba esses elementos usados no terror para mostrar a comovente trama dos personagens:

FOLK HORROR

HBO Max/Reprodução

Difícil classificar definitivamente esse episódio como folk horror, ou terror rural, mas existem seus elementos a se destacar. Obras como Midsommar ou A Bruxa usam além do paganismo como pretexto, mas principalmente do oculto e do misterioso para instigar o espectador até o momento da revelação que, muitas vezes, se mostra perturbadora através do terror sobrenatural em meio a natureza. The Last of Us soube trazer isso de uma maneira sóbria em um cenário de apocalipse, sem migrar para o fantasioso.

Desde o culto até a cena do jantar, é notável como paira o sentimento de medo e mau presságio entre os sobreviventes. Os próprios moradores sabem o que fazem de errado, de profano, mas preferem não assumir explicitamente, conduzindo os espectadores até a grande revelação do episódio: eles aderiram ao canibalismo e, como se não fosse possível ficar mais macabro, eles se alimentam da carne dos próprios membros da comunidade. Claramente eles ficam desconfortáveis comendo carne humana, mas David tenta deixar essa informação obscura para a comunidade, nos deixando incertos sobre quantos deles estão cientes do que estão se alimentando.

Vale mencionar que esse adicional do elemento religioso é exclusivo da série. O game tem David e seu bando, formados por saqueadores do que sobreviventes, e eles também se alimentam de carne humana (não dos próprios membros), mas são retratados de maneira mais direta. Há o canibalismo, mas a série conseguiu enriquecer mais a história da comunidade e de David, que se mostra um personagem arrebatador.

TERROR PSICOLÓGICO

HBO Max/Reprodução

David, que foi interpretado brilhantemente por Scott Shepherd, foi escolhido para ser o líder tanto administrativo quanto religioso da comunidade. Ele é um dos piores tipos de vilões da trama: de fala mansa e gestos discretos, David é um sociopata que usa do diálogo para manipular as pessoas e usa ao seu favor. Personagens como ele são frequentes tanto na cultura pop ou na vida real, tanto que existem diversos casos de líderes religiosos envolvidos em escândalos sexuais e outros crimes.

Desde o primeiro encontro, ele tenta seduzir Ellie e está ciente que ela é a garota que, ao lado de um adulto, matou um de seus companheiros no passado. Os diálogos pairam sobre o divino, já que antes David era um professor de matemática, mas encontrou a fé após o apocalipse. Não com Deus, como imaginamos, mas pelo Cordyceps e toda sua natureza selvagem para sobreviver - deixando sua personalidade mais arrepiante.

Em certos momentos, David se sente desconfortável com esse papel, mas isso não o impede de continuar abusando do poder para manipular e controlar a comunidade. A exemplo da garota que perdeu o pai, a mesma mão que a agride, a ajuda para se levantar e tenta distorcer a realidade de Ellie de várias formas, se comparando a ela, oferecendo cargos, oferecendo a chance ser seu pai disfarçado de parceiro. No fim, quando Ellie o engana e se recusa a participar da seita, David mostra o seu pior lado ao tentar a todo custo dominar a garota, seja matando ou tentando abusar dela sexualmente.

HBO Max/Reprodução

Esses artifícios que David usa estão bastante presentes em produções de horror onde a violência não precisa ser explícita, mas há nas entrelinhas dos diálogos e abordagens uma tentativa do agressor de distorcer e manipular as vítimas para seu domínio. Um exemplo é de O Homem Invisível, estrelado por Elizabeth Moss, o qual a sua personagem é perseguida pelo seu ex-marido que se tornou invisível.

O oitavo episódio transita ao mostrar a morte de maneira crua, com longos takes do cervo morto e o sangue em meio ao branco da neve, e vai para a violência e o gore com corpos humanos pendurados e a luta final entre Ellie e David.

SLASHER

HBO Max/Reprodução

Comparado aos outros episódios, são mortes lentas e mais impactantes para criar a angústia de ter seus protagonistas separados em um novo ambiente hostil. De um lado, Joel - mesmo ferido - age de forma fria com os inimigos para ter informações do paradeiro da garota, enquanto Ellie tenta sobreviver a todo custo de David.

O terceiro arco se torna um aceno para Pânico e Helloween ao colocar Ellie como a final girl fugindo e se esquivando de David até que, após a sequência perturbadora, consegue assassiná-lo brutalmente.

HBO Max/Reprodução

A garota pode ser imune ao Cordyceps, mas descobriu que seu maior Nêmesis foi um homem que tentou matá-la nas mais diversas formas. Se antes, Ellie perdeu uma parte de sua infância e inocência com as mortes de Riley, Sam e Henry, agora elas foram completamente enterradas após os abusos de David - e isso trará marcas profundas daqui para frente.

HBO Max/Reprodução

Ellie já feriu e matou antes, mas nunca foi exposta à tamanha violência como agora. Após o encontro de Joel, chega a ser catártico ver a garota se acalmando depois de tudo pelo ao estar de volta em seu porto seguro.

O último episódio do primeiro ano de The Last of Us chegará à HBO e à HBO Max neste domingo (12) às 22h.

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