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O Exterminador do Futuro - Gênesis | Visitamos o set de filmagem!

Promessa de nova trilogia tem o Star Trek de J.J. Abrams como inspiração

24.06.2015, às 11H32.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H47

Em 2011, com apenas 25 anos, a milionária Megan Ellison, filha do fundador da Oracle, Larry Ellison, conseguiu comprar os direitos da série O Exterminador do Futuro. A propriedade estava em um intenso leilão entre estúdios e acabou sob o controle da sua Annapurna Films. Megan escolheu então seu irmão, David Ellison, para cofinanciar e produzir o novo longa através da Skydance Productions.

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David recebeu o Omelete em Nova Orleans em julho de 2014 para mostrar o set do filme na cidade e explicar o que será esse quinto capítulo da franquia, que pretende ser o primeiro filme de uma nova trilogia, que deve terminar em 2019.

Em um confortável oásis de poltronas dentro do enorme galpão que sedia a produção - cercado por T-800, armas e figurinos da nova aventura - conversamos com o produtor sobre as intenções dessa nova fase da série criada por James Cameron.

"Não é uma sequência, não é uma refilmagem", começou, cheio de segredos, Ellison. "Não fazia sentido algum realizarmos um remake de algo tão perfeito, que é a criação de James. Nós tínhamos que criar algo novo", disse.

A comparação imediata é com o reinício de Star Trek de 2009, também produzido pela Skydance e dirigido pelo amigo de Ellison, J.J.Abrams. "Temos uma história de viagem no tempo, afinal. Então vamos começar exatamente no futuro, em um ponto que já conhecemos do primeiro filme. Depois, algo acontecerá que mudará a série, criando uma linha temporal divergente, com personagens conhecidos, mas em versões e situações inéditas", explicou reticentemente, depois de bastante insistência.

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A ideia é que o novo O Exterminador do Futuro - com direção do veterano da televisão Alan Taylor (Thor: O Mundo Sombrio) - seja um filme isolado, com começo, meio e fim, mas que deixe pontas que possam ser exploradas nos outros dois filmes. "E teremos easter eggs para os fãs da série. Muitos! Temos que surpreender os fãs e quem está conhecendo a série agora", garantiu o produtor, que aposta também no uso de efeitos práticos para emular as sensações de T2. "Teremos cenas de ação gigantes, com uma escala gigantesca", prometeu.

Sarah Connor, John Connor, Kyle Reese, o T-800... vários personagens conhecidos retornarão, mas agora com outros atores e atrizes. Exceto, claro, Arnold Schwarzenegger, que retorna para viver o Exterminador do título, 30 anos depois de seu debute no papel. "Nós tínhamos que realizar o filme com ele. Não há Exterminador sem Arnold", disse Ellison.

"Fazia 11 anos desde que interpretei o T-800 pela última vez, é ótimo voltar", comentou o ator austríaco naturalizado americano, ostentando seus icônicos bíceps do alto de seus 66 anos e maquiado com buracos no rosto, que deixavam à mostra parte do crânio prateado. "É engraçado que não mudou nada na minha interpretação dele. Afinal, o T-800 é uma máquina. Não pode ter mudado. Nada. Há regras imutáveis sobre ele. Ele jamais se assusta com uma explosão, por exemplo. Sempre frio", explicou.

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Segundo Schwarzenegger, foi a empolgação dos produtores que o fez voltar. "Eles me encantaram com as ideias para o filme. São muito fãs. Eu não pude negar. Começaram a me ligar no dia seguinte que terminou o meu governo da Califórnia". O ator, porém, garante que não teve grande participação no roteiro, tendo feito algumas poucas observações, especialmente em relação ao T-800, e só.

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O antigo Conan também celebrou o fato de estar com as suas exatas mesmas medidas de 1984. "Eu tinha que voltar àquele corpo. Ele é um robô". Para tanto, bastou intensificar seu ritmo de treinamento diário, garante. "O segredo é manter-se ativo. Um corpo em movimento fica em movimento. Não foi difícil. Eu nunca me acomodei. Subi o número de horas por dia de treino e foi isso". Para explicar o envelhecimento do personagem, porém, o roteiro explicou que apesar do interior robótico, o endoesqueleto, o exterior do T-800 é orgânico, com carne e sangue, que envelhecem como qualquer outro ser vivo.

O elenco de novatos, por sua vez, comemora a chance de estrelar uma das séries mais famosas do cinema. "É muita responsabilidade também! Estou vivendo uma das personagens femininas mais importante da história do cinema!", disse Emilia Clarke, a Daenerys Targaryen de Game of Thrones, que é a nova Sarah Connor do cinema.

Os atores, porém, dizem que não estão se inspirando nas interpretações originais, pois a abordagem mudou bastante, assim como os personagens. "Sarah Connor é um exemplo disso. Nos primeiros filmes ela era muito reativa. Respondia às ameaças o tempo todo, mas estava sempre um passo atrás. Agora, a situação é outra. Ela é muito mais pró-ativa", contou Emilia - vestindo um colete preto de combate, botas e usando o icônico rabo-de-cavalo que Linda Hamilton mostrou em T2. "Algumas coisas não mudam", riu. "A Sarah Connor é diferente, mas ainda é ela mesma!"

Kyle Reese, por sua vez, começa exatamente onde o vimos pela primeira vez no primeiro filme. "Mas as coisas mudarão bem rápido! O roteiro é maravilhoso, com uma escala que intimida. Eu vi tantas vezes T2 na vida que é surreal estar aqui", empolgou-se Jai Courtney (Divergente), o novo intérprete do soldado que vem do futuro para proteger a mãe de John Connor.

Para o papel de John Connor, os produtores optaram por alguém já conhecido deles. Jason Clarke trabalhou com Megan Ellison em A Hora Mais Escura e aceitou na hora. "Como dizer não? Exterminador, Star Wars, Blade Runner... adoro ficção científica e sempre quis explorar outros mundos", disse. "Especialmente porque poderemos ver John Connor com uma profundidade ainda inédita neste filme. Eles investiram pesado no roteiro. Eu adorei o texto e estou me divertindo pra cacete!"

Também novo na série - e interpretando um papel inédito - o ex-Dr. Who Matt Smith disse que relutou em aceitar o trabalho. "Sabe como é... mais uma história com viagens no tempo? É estranho. Mas li o roteiro e ouvi o que eles tinham a dizer e entendi que é muito diferente do que já fiz. E meu personagem é parte da trilogia toda. Sem falar que posso trabalhar com Arnie - e chamá-lo de Arnie!!!", brincou.

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Relevância para o momento

O primeiro O Exterminador do Futuro, como tantas produções de seu tempo, era uma alegoria para a Guerra Fria. Com o tempo - e a evolução da tecnologia - novos pontos de vista surgiram sobre ele e o "apocalipse robótico".

"Essa nova trilogia será sobre a dependência da humanidade da tecnologia. A SkyNet não vai mais bater à nossa porta, invadindo nossas casa. Nós estamos convidando-a a entrar. Ela vai fazer você desejá-la, como toda boa tecnologia faz hoje em dia", comenta Ellison, evitando dar qualquer detalhe sobre a grande oponente da franquia. "Só posso dizer que a SkyNet do futuro é exatamente a mesma que conhecemos".

O filme começará depois da grande guerra entre humanos e máquinas, no futuro, e deve retornar ao passado, em 1984, antes de estabelecer-se no presente, em 2017.

"É uma história de viagem no tempo ambientada no universo que James Cameron criou. Ao mesmo tempo estamos abraçando o cânone e o ignorando. É uma espécie de derivação inspirada no espírito dos originais", tentou explicar Patrick Lussier, o roteirista do filme. "Estamos seguindo os passos de Cameron, mas por outro caminho. É como interpretar Hamlet. Você não quer fazer o que já foi feito, né? Mas tem que seguir certas coisas."

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Para o roteirista, o foco está na relações humanas, no drama familiar em meio a um cenário tão sinistro. "Mas também quis trazer de volta um pouco do horror do original. O Exterminador do primeiro filme era quase um maníaco tipo Jason Vorhees. Era um psicopata que não estava interessado em matar adolescentes seminus, mas em extinguir a humanidade! Eu adoro isso. Esse aspecto de slasher sci-fi. Em Exterminador do Futuro 2 também temos isso, com aquele pesadelo sem face que é o T-1000."

Visualmente, muitas das marcas icônicas dos primeiros filmes também retornarão. "Fique tranquilo, Arnold vestirá couro. Tem muito couro e uma escopeta de cano serrado pra ele - e consegui que a Nike recriasse um tênis Nike Vandal, modelo de 1984, com aquela tira de velcro branco pro Kyle Reese!", celebrou a figurinista Susan Matheson.

Obviamente, frases clássicas também não devem faltar. Mas depois de "Hasta la vista, baby" e "I'll be back", o que será que vai ficar na cabeça dos fãs depois deste novo Exterminador do Futuro? "Quem sabe?", deu de ombros Schwarzenegger. "Os fãs são imprevisíveis. Você nunca sabe o que vai conquistá-los. Se alguém me dissesse antes de Um Tira no Jardim da Infância que 'não é um tumor' seria uma frase que viraria mania na Internet eu riria da cara dessa pessoa!", concluiu o astro.

Dependendo do resultado narrativo e financeiro deste primeiro filme, os produtores esperam rodar os dois próximos de uma só vez, minimizando os custos e acelerando bastante a produção. Afinal, novas leis de copyright dos EUA devem devolver a James Cameron - diretor dos dois primeiros O Exterminador do Futuro - o controle sobre a franquia a partir de 2019. O relógio está correndo para Megan e David Ellison. "Mas já temos a última linha de diálogo do último filme", instiga o produtor, seguro do que estão criando.

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