Wong Kar-wai é acusado de humilhar e roubar crédito de roteirista com esclerose

Segundo informações que circulam na imprensa chinesa, Wong Kar-Wai enfrenta a crise mais séria de sua carreira. O caso envolvendo Blossoms Shanghai, série que deve chegar ao Criterion Channel na América do Norte no próximo mês, evoluiu para um escândalo que coloca em dúvida qualquer continuidade do diretor no mercado da China continental.

As acusações foram levantadas por Gu Er, um roteirista pouco conhecido que afirma ter escrito boa parte dos roteiros de Blossoms enquanto recebia um salário mensal de 3 mil yuans como assistente pessoal do cineasta.

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Segundo Gu, ele ficou responsável por rascunhos de episódios, revisões, tarefas domésticas e apoio diário, mesmo enquanto lidava com o agravamento dos sintomas de ELA. Ele diz ter tentado resolver o caso privadamente durante três anos, enfrentando silêncio, pressão legal e tentativas de encobrir suas queixas.

A situação ganhou nova dimensão com o vazamento de gravações atribuídas à equipe da série. Nos áudios, que se tornaram progressivamente mais desfavoráveis ao diretor, Wong aparece discutindo a possibilidade de montar um programa intensivo para jovens roteiristas, com a sugestão de que ideias produzidas ali seriam apropriadas pela própria equipe. As gravações também mostram Wong e o produtor Qin reconhecendo que Gu teria escrito a maior parte do material da série, algo que não aparece nos créditos oficiais. Comentários sobre mulheres e sobre o público feminino circularam com rapidez nas plataformas chinesas.

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Os áudios incluem ainda momentos em que Wong ridiculariza Gu diante de outras pessoas, fazendo comentários sobre sua condição de saúde. Depois da divulgação dos trechos mais recentes, a reação pública na China se voltou quase integralmente contra o diretor.

O ponto mais sensível para sua carreira, porém, está em outra parte das gravações. Wong é ouvido criticando políticas adotadas durante o período da COVID e fazendo comentários negativos sobre o governo chinês, descrevendo o país como um “estado ganancioso de partido único” e afirmando que as autoridades “não demonstram compaixão”. Declarações desse tipo geralmente inviabilizam projetos futuros na indústria cinematográfica do continente.