True Detective | Com Mahershala Ali, série reencontra espírito do primeiro ano

Créditos da imagem: HBO/Divulgação

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True Detective | Com Mahershala Ali, série reencontra espírito do primeiro ano

Atuação de Ali é o destaque nos dois primeiros episódios

15.01.2019, às 12H35.
Atualizada em 15.01.2019, ÀS 13H03

Se na primeira temporada True Detective surpreendeu pela qualidade, técnica e narrativa, na segunda deixou um gosto amargo. Na pressa para repetir o sucesso, a produção se ateve a peças-chave - grande elenco, traumas do passado, questionamentos metafísicos sobre a condição humana e o lado podre da existência - sem compreender que os acertos do primeiro ano não configuram mera fórmula. Michael Lombardo, presidente de programação da HBO, chegou a assumir parte da culpa pelo “fracasso”: “A primeira temporada de True Detective foi algo em que Nic Pizzolatto trabalhou por um longo período. Ele escreveu com a alma. E o que nós fizemos foi pensar ‘Ótimo’. E, assumo a culpa, mantive um pensamento muito executivo em relação a isso. Tivemos um grande sucesso e só pensei ‘Nossa, eu adoraria repetir isso no próximo ano’”.

Daí a aura de retomada que cerca os dois primeiros episódios da terceira temporada, “The Great War and Modern Memory” e “Kiss Tomorrow Goodbye”, exibidos na sequência no último domingo. Pizzolatto precisa dizer que reencontrou a sua criação, enquanto a HBO reafirma seu investimento na marca. A exibição dupla faz parte dessa estratégia: deixa claro a que veio a trama estrelada por Mahershala Ali e planta a ansiedade pela resolução dos seus muitos mistérios.

Desta vez, são três linhas temporais que se misturam (1980, 1990 e 2015), mas com um agravante: não é possível confiar no dono do ponto de vista. O Detetive Wayne Hays (Ali) sofre de Alzheimer, o que compromete a sua visão dos fatos no presente e também no passado. As informações se misturam, a narração em off passa para o primeiro plano e o espectador aprende a desconfiar daquilo que vê enquanto Hays reconta os eventos ligados ao desaparecimento dos irmãos Purcell. Essa atmosfera, somada ao talento inquestionável de Ali (que envelhece em cena como se a série fosse gravada ao longo de décadas), são suficientes para que se aguarde com gosto pelo que vem a seguir.

A direção de Jeremy Saulnier, que comanda os dois primeiros episódios, não tem espaço para criar a sua própria marca, seguindo as mesmas linhas traçadas originalmente por Cary Joji Fukunaga. O objetivo principal parece mesmo ser resgatar a essência desoladora e ao mesmo tempo cativante que fez a fama da série no primeiro ano. Os próximos episódios, assinados por Pizzolatto e Daniel Sackheim, devem se manter nessa cartilha, centrados na história e no clima, sem a necessidade de buscar uma nova assinatura estética. Ainda assim, a série continua visualmente interessante, principalmente nos momentos em que explora as idas e vindas memória de Hays.

Por essa soma visual e narrativa, coroada pela presença de Ali, finalmente é possível dizer: True Detective voltou. Agora é aguardar para que os próximos episódios mantenham o bom nome da criação de Pizzolatto e da HBO.

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