Dolores Catania diz que foi a duas-caras de The Traitors: "Sei ser diplomática"
Vencedora do reality show veio ao Brasil para a NBCUNIVERSAL Experience
Créditos da imagem: Dolores Catania em The Traitors (Reprodução)
Dolores Catania não vê problema em admitir que foi a "duas-caras" da terceira temporada de The Traitors - ou, como diriam os fãs de reality shows nos EUA, a "floater" (aquela pessoa que "flutua" de grupo em grupo, pisando em ovos, sem estragar nenhuma aliança) do elenco.
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"Eu acho que, para durar nesse jogo, você precisa ser um pouco duas-caras", comenta. "E não sei se eu acharia legal ser chamada assim na vida real, mas sou uma pessoa bem diplomática, e sei quando preciso guardar minhas opiniões para mim mesma ao invés de sair por aí falando".
A empresária, que ficou famosa nos EUA graças a outro reality (The Real Housewives of New Jersey, do qual participa desde 2016), venceu a terceira temporada de The Traitors com essa estratégia, dividindo o prêmio com Dylan Efron, Ivar Mountbatten e Gabby Windey.
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A seguir, ela conta ao Omelete - durante sua passagem por São Paulo (SP), onde compareceu ao evento NBCUNIVERSAL Experience - sobre os bastidores do programa, as amizades e inimizades que ele criou, e muito mais. Confira!
OMELETE: Dolores, bem-vinda ao Brasil!
CATANIA: Estou muito animada de estar aqui! Vou te dizer: sempre foi o meu sonho vir ao Brasil. Há algo aqui que me atrai, eu não sei bem o que é.
OMELETE: Uau! E o que está achando do nosso país, por enquanto?
CATANIA: É lindo aqui. Cheguei há poucas horas, é verdade, mas já percebi que as pessoas são amáveis.
OMELETE: Perfeito. Bom, é incrível te ter aqui tão perto da sua vitória na terceira temporada de The Traitors. Nos conte: como foi ganhar o programa após tantas reviravoltas e traições?
CATANIA: Sabe, foi a melhor sensação da minha vida... e esse programa apareceu para mim de forma muito inesperada. Se você quer saber a história verdadeira, foi Andy Cohen [produtor e anfitrião da franquia The Real Housewives] que entrou no meu camarim um dia e disse: "Você quer fazer The Traitors?". Eu disse que sim, claro, mas assim que ele saiu da sala virei para minha assistente e perguntei: "O que é The Traitors?". Eu nem sabia do que se tratava! [Risos]
No dia seguinte, recebi uma ligação dizendo para arrumar as minhas malas. Há várias etapas da preparação para o programa, na verdade, porque você precisa montar os seus visuais para cada episódio, passar por um exame médico, conversar com um terapeuta... e eles querem que você faça tudo isso muito rápido, é um aviso em cima da hora. Eu fui empurrada por esse processo pensando: "Meu Deus, para onde estou indo? Para a Escócia? Okay, então!".
Foi nesse período que eu comecei a maratonar as temporadas anteriores do programa. Confesso que fiquei com um pouco de receio quando entendi no que estava me metendo, mas no fim das contas foi a melhor experiência da minha vida. Eu ainda estou vivendo naquele momento em que ganhamos a temporada, foi inacreditável para mim.
OMELETE: Bom, é claro que o público dos EUA te conhece há anos pela franquia The Real Housewives, mas The Traitors tem um público muito maior globalmente. Você tem sentido a diferença nas reações do público internacional?
CATANIA: Sim, eu fico maravilhada quando percebo quantos fãs temos ao redor do mundo, e o quanto eles amam The Traitors. Aqui no Brasil, inclusive, percebo que isso se tornou uma espécie de subcultura - é algo muito maior do que os fãs da Bravo [emissora que exibe Housewives nos EUA], e também algo que se formou muito mais rápido. Mas eu consigo entender por que isso aconteceu, sabe? The Traitors é um jogo muito imersivo.
OMELETE: A sua vitória ao lado de Dylan, Ivar e Gabby mostrou o quanto vocês confiavam um nos outros, naquela reta final do programa. Como vocês conseguiram formar essa confiança naquele ambiente de competição? E você continua tendo contato com eles?
CATANIA: Bom, Dylan está num momento incrível! Ele está fazendo Dancing with the Stars [versão estadunidense do Dança dos Famosos] agora, e se tornou um grande astro após aparecer no programa. Honestamente, é o que ele merece - esse é o momento dele. O irmão dele [o ator Zac Efron] sempre foi o mais famoso da família, e acho que no nosso programa Dylan até foi inicialmente creditado como "irmão mais novo de Zac Efron". Mas, no momento em que eu o conheci, já dava para perceber que Dylan se tornaria muito mais do que isso.
Já Ivar é um membro da família real britânica! Nunca imaginei que eu ia me sentar ao lado de alguém da família real. Quando soube que ele tinha sido escalado, liguei para o meu pai e perguntei se ele conhecia Ivar Mountbatten. Meu pai respondeu: "Como assim, Dolores? Mountbatten? O castelo de Windsor? A família dele é o tema de The Crown!". É claro que eu e ele brigamos um pouco no começo, porque nossas personalidades são opostas, mas deu tudo certo no final.
Por fim, sobre Gabby eu só posso dizer que ela é uma moça muito amável, muito talentosa e muito engraçada.
OMELETE: A 4ª temporada de The Traitors está chegando, e uma grande surpresa é o retorno de Dorinda Medley [competidora da terceira temporada e outra estrela da franquia The Real Housewives] para o elenco...
CATANIA: Oh, sim, eu estava no telefone com Dorinda hoje!
OMELETE: Qual é sua opinião sobre esse retorno? E também queria saber: você retornaria a The Traitors se eles te chamassem?
CATANIA: Eu iria andando para a Escócia se eles me chamassem de novo. [Risos] As pessoas acham que eu sou louca por dizer isso, mas quero muito retornar - até para jogar o jogo de uma forma diferente, sabe? Mas acho que eu não ganharia uma segunda vez.
Agora, falando sobre Dorinda: eu acho que, na terceira temporada, ela merecia ter ficado mais tempo! Ela tem uma personalidade forte, é uma pessoa engraçada e inteligente. Eu sei muito sobre ela, simplesmente por ser amiga de Dorinda há muito tempo, e acho que ela não teve uma chance justa de competir em The Traitors ainda.
Na nossa temporada, as pessoas miraram muito nas Housewives, logo no começo, achando que tínhamos uma aliança por sermos todas da mesma emissora. E eu acho que, no fundo, nós somos mesmo como uma família: brigamos muito entre nós, somos maldosas às vezes, mas quando estamos em um lugar diferente, cercadas por pessoas diferentes, vamos nos unir.
Nós podemos bater umas nas outras, mas nenhuma outra pessoa pode nos bater, sabe?
OMELETE: Além de Dorinda, nós teremos quatro outras Housewives no elenco da quarta temporada de The Traitors [Candiace Dillard Bassett, Lisa Rinna, Porsha Williams e Caroline Stanbury]. Você estará torcendo por elas? E, como uma vencedora do programa, quem é sua melhor aposta para esta temporada?
CATANIA: Minha aposta é em Dorinda. Eu sempre soube que ela tinha o que era necessário para vencer The Traitors - e eu sei que ela se deu bem nessa temporada, porque nós conversamos sobre depois que ela voltou das filmagens.
Não vou entregar coisas demais, é claro, mas vou dizer que as Housewives foram bem dessa vez. Espero que as pessoas não tenham pegado no pé delas demais no começo da temporada, e tenham deixado elas jogarem o jogo. Mas vou dizer mais uma coisa: lá na terceira temporada, não foi uma ideia tão boa eliminar todas nós no começo. No fim das contas, acho que nenhuma de nós jogava tão bem assim, para ser percebida como uma ameaça.
OMELETE: Bom, você disse que voltaria se eles te chamassem! Nesse caso, você gostaria de jogar como Traidora, ou o papel de Fiel é melhor para você?
CATANIA: É claro que eu quero responder essa pergunta dizendo que adoraria ser uma Traidora, mas a verdade é que não sei mentir! Eu quero ser uma má pessoa, mas acho que não está no meu repertório. E, por outro lado, eu também acho que os Traidores carregam um fardo pesado. Jogando como Fiel, acho que me diverti mais com o jogo, e não precisei mentir para alguém com quem tinha criado um laço de amizade.
Mas nunca se sabe! Quando você é colocada em uma posição em que nunca esteve, precisa se conformar àquela posição e fazer o melhor que pode. Eu cresci em uma familia de policiais, e eles sempre me disseram que, no fundo, qualquer pessoa é capaz de cometer um assassinato. Eu não sei como seria essa versão minha, mas acho também que as pessoas suspeitariam logo de cara, porque eu teria voltado depois de jogar como Fiel.
Quando você está lá dentro, ou mesmo quando está assistindo, é fácil se apergar às menores coisinhas para justificar o seu voto, mesmo que elas façam pouco sentido. É um jogo muito difícil.
OMELETE: Você mencionou que precisou escolher seus visuais para a temporada assim que foi convidada. Acho que o público de The Traitors também adora observar os looks dos participantes e, é claro, de Alan Cumming. O que você pode falar sobre esse fator do programa? Você ficava ansiosa para ver o que Alan estava vestindo todos os dias?
CATANIA: Eu amei os figurinos de Alan durante a minha temporada. Ele nunca decepcionava! O meu favorito provavelmente foi aquele que ele usou para o episódio das bonecas, que era todo azul, e muito lindo. Mas eu sei que o pessoal da produção sempre quer se superar, temporada após temporada, então estou ansiosa para saber o que ele vai vestir na quarta!
Já falando sobre os nossos looks, como participantes, eu vou dizer que esse aspecto do convite se tornou uma ansiedade particular para mim. Eu trabalhei com um stylist da própria produção do programa, então aquelas não eram as minhas roupas - eu tinha que escolher algo nas opções que eles me davam.
Outra coisa importante de lembrar é que eu era uma das mulheres mais velhas lá, e o castelo é bem frio! Eu não gosto de passar frio, mas olhava para um lado e via Chrishell Stause parecendo uma Barbie humana, olhava para o outro e via Gabby usando aqueles shortinhos que eu sempre brincava que mais pareciam fraldas... Elas não se importavam de passar frio, mas eu sim!
De qualquer forma, quando olho para os meus visuais durante a temporada, fico feliz com o que consegui fazer.
OMELETE: Você estava fabulosa! Finalmente, quero te perguntar algo que também perguntei para o seu colega de elenco Sam Asghari...
CATANIA: Oh, Sam! Você falou com ele? Ele é muito amável.
Quem diria, não é mesmo? É uma experiência muito curiosa se sentar naquela mesa redonda com pessoas de todos os cantos do mundo - pessoas que têm nomes que você pode conhecer, mas que você nunca imaginaria que ia conhecer de verdade.
OMELETE: Sim! Eu pedi a ele para mencionar alguns nomes da terceira temporada de The Traitors, a partir de certas categorias clássicas de reality shows. Por exemplo, quem foi o vilão da sua temporada?
CATANIA: Oh, foi a Danielle [Reyes]!
OMELETE: Absolutamente. Sam também disse o nome dela, e ainda disse que ficou irritado consigo mesmo quando assistiu à temporada: "Como nós não vimos que ela estava mentindo, que ela estava atuando?".
CATANIA: Eu sei... Mas ela me deu uma colher de chá quando nos reencontramos [no episódio 12 da temporada, os participantes se reuniram para comentar os eventos dos capítulos anteriores].
Eu tinha me sentido envergonhada por não votar em Danielle durante toda a temporada, porque de fato era muito óbvio - ela estava se jogando no chão para chorar, nunca vi alguém agir daquela forma. Mas, numa conversa anterior que tivemos, e que não foi incluída nos episódios, ela jurou pelos seus filhos que não era uma Traidora... eu olhei ela nos olhos, e disse que achava que ela era uma Traidora. Mas ela conhecia a minha história, sabia que eu sou uma mulher de fé, que a família é a coisa mais importante do mundo para mim. Foi por isso que Danielle jurou daquela forma, para me despistar - e ela conseguiu!
Eu não a culpo por fazer isso, sabe? Quando você chega naquele castelo, deixa todo o resto na porta. E eu não acredito que Deus vai castigar alguém por contar uma mentira no meio de um jogo, num reality show... mas, de qualquer forma, fui criada para não fazer algo assim, então não consegui acreditar que Danielle tinha feito. Hoje em dia, talvez eu não acreditasse nela.
OMELETE: Bom, e quem você acha que foi a planta? Aquela pessoa que não fez nada de notável no castelo, só ficou por ali preenchendo espaço.
CATANIA: Oh, foi o Ivar. Ele é tão legal, não gosto de falar isso! Mas eu sei que ele não se importa que se refiram a ele dessa forma, porque deu risada quando alguém disse isso no programa - acho que foi a Britney [Haynes] que disse que ele era como um dos móveis do castelo, ou algo assim. Vou dizer o nome de Ivar, então, porque sei que ele não vai ficar chateado com isso.
OMELETE: Perfeito, e teve algum duas-caras na sua temporada? Talvez todo mundo em The Traitors precise ser um pouco duas-caras...
CATANIA: Sim! Eu fui a duas-caras, pode me chamar assim! O que o Sam disse que eu era, aliás?
OMELETE: Eu acho que ele não mencionou o seu nome, mas vocês concordaram na Danielle e no Ivar! Eu teria que voltar à entrevista para lembrar quem ele elegeu como o duas-caras. [Nota do repórter: Asghari citou Bob the Drag Queen e Boston Rob durante a entrevista].
CATANIA: Bom, eu acho que, para durar nesse jogo, você precisa ser um pouco duas-caras. E não sei se eu acharia legal ser chamada assim na vida real, mas sou uma pessoa bem diplomática, e sei quando preciso guardar minhas opiniões para mim mesma ao invés de sair por aí falando.
Eu sou um pouco temperamental, e sinto as coisas muito intensamente, mas aprendi nos meus anos em Housewives que às vezes é necessário esconder tudo isso.
OMELETE: Perfeito, Dolores. Muito obrigado! Foi um prazer conversar com você.
CATANIA: Obrigada! Foram ótimas perguntas.