[Cuidado com possíveis spoilers do último episódio de The Handmaid's Tale no texto abaixo]
Foram seis temporadas, ao longo de oito anos, mas agora a história de The Handmaid’s Tale, chegou ao fim, com o season finale que foi lançado nesta terça-feira (27). Finalmente vimos o que acontece com June Osborn, personagem icônico na carreira de Elisabeth Moss, e outras figuras como Serena, as aias companheiras de Offred e todos os outros que passaram pelo seu drama.
Depois do bombástico penúltimo episódio e da morte de dois dos seus maiores aliados - o Comandante Lawrence (Bradley Whitford) e Nick (Max Minghella) - June finalmente viu a vitória das forças americanas contra Gilead em Boston. A cidade da personagem finalmente se livrou do regime teocrático que domina os EUA na série e agora, o exército irá lutar a cada estado para tentar recuperar cada parte dominada por Gilead. Acontece que, quem esperava ver todo o final feliz, Gilead finalmente perdendo, vai se decepcionar. The Handmaid’s Tale acaba com essa luta de Boston finalizada, mas não mostra a conclusão total de alguns fatos, principalmente a trama que envolve Hannah, a filha mais velha de June. E isso é culpa, claro, da série continuação que já está em produção - e seguirá o livro The Testaments, também escrito por Margaret Atwood.
Após a vitória, a história da série segue os passos do famoso “último capítulo de novela”, tentando amarrar todas as tramas, mesmo que algumas sejam resolvidas de forma abrupta. Depois da tentativa de matar todas as Aias, a única que fica sumida é Janine (Madeline Brewer). Mark (Sam Jaeger) diz para June que Lydia (Ann Dowd) está ajudando com informações sobre Janine e poucos momentos depois ela é devolvida por Gilead sem muita explicação. Junto de Janine estão Lydia e Naomi (Ever Carradine), que carrega a filha da Aia nos braços. Ela decide, enfim, devolver a criança para a mãe, encerrando assim a luta de Janine em toda a história da série.
Quem ganha mais espaço no final é Serena (Yvonne Strahovski), que após o fim de Gilead, em Boston, é transferida para um campo de refugiados da ONU. Antes de ser enviada, ela e June ficam frente a frente pela última vez. A ex-Sra. Waterford afirma que se arrepende de todo o mal que fez para sua ex-Aia. June diz que ela deveria se arrepender mesmo, mas após toda a história das duas juntas - de inimigas passaram a ser mães ao mesmo tempo e depois se ajudaram em momentos cruciais para ambas - ela decide perdoar Serena. June deixa que ela vá sem esse peso na consciência e manda - escondida - uma roupinha do Boston Red Sox para Noah. Sob uma luz quase bíblica, já no campo de refugiados, Serena finalmente entende que seu bebê sempre foi o que ela mais quis - e que a fez causar tanta dor para June -, entendendo que ela pode ter perdido tudo, não ser mais ninguém, nem mulher de comandante como ostentava, nem renomada como antes de Gilead, mas agora, ela tem Noah.
Como bom final de história, também temos personagens retornando. June reencontra Emily (Alexis Bledel), que havia saído da série na quarta temporada. No quinto ano foi explicado que ela havia retornado para Gilead, onde se juntaria aos revolucionários para caçar Tia Lydia. Após a retomada de Boston, as duas se veem na frente de uma sorveteria que fazia parte das caminhadas das Aias.
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Durante o episódio, June parece o tempo inteiro deslocada e não consegue viver de fato a vitória sobre Gilead. Falta Hannah em sua história afinal. Após Holly (Cherry Jones) e Nicole se juntarem ao grupo em Boston, June decide que ela precisa deixar a criança com a mãe e partir para sua missão. Holly incentiva a filha a contar essa história, escrever um livro, e deixar que todos, inclusive Nicole, conheçam sua trajetória e tudo que ela fez para salvar aquele grupo de mulheres e o país. June ri como se não desse muita bola para a ideia da mãe, mas o assunto retorna quando ela vai se despedir de Luke (O-T Fagbenle), seu marido, que agora trabalha dia e noite para que as coisas se restabeleçam em Boston. Em um dos momentos mais tocantes do episódio, Luke entende que os dois seguirão caminhos diferentes. “Não somos mais as mesmas pessoas de antes”, ele conclui, pouco antes de também sugerir que June conte sua história e daqueles que a ajudaram e a amaram, como Lawrence e Nick. A partida dos dois é quase como um até logo e o ponto de encontro será no futuro, quando eles, um dia, supostamente chegarão até Hannah.
The Handmaid’s Tales termina onde tudo começou: no quartinho da casa dos Waterford, onde June viveu seus piores dias, mas também onde conheceu Nick e teve Nicole. O lugar onde ela perdeu, sofreu, mas que a moldou para derrotar todo aquele sistema. Em uma epifania, June toca as mãos com Hannah, agora, já adulta. Ao lado das paredes destruídas da casa - por fogo ou bombas - ela senta mais uma vez na janela do quarto. June retira do bolso um gravador e narra sua história - citando passagens das primeiras páginas do livro de Atwood, que é contado em narração pela personagem. June fala sobre as formas que as Aias poderiam escapar, nenhuma delas fugindo, já que elas nunca teriam força para correr de Gilead - algo que ela provou ao longo da série ser falso. O caminho natural seria a morte, como uma forma de interreomper o sofrimento.
June e Elisabeth Moss repetem pela última vez uma marca registrada da série: o olhar da personagem diretamente para a câmera, encarando o espectador. “Meu nome é Offred”, ela diz. Essa é a sua nova persona, criada pela junção dos seus princípios, sua força, seu amor pelas filhas e pelo seu ódio e sede de vingança, conquistados na dor do estado fascista e teocrático de Gilead. The Handmaid’s Tale termina com um final mais aberto do que os fãs poderiam esperar, mas que diz muito mais sobre a eterna luta que devemos travar, todos os dias, contra qualquer tipo de opressão.
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