Foto de The Handmaid's Tale

Créditos da imagem: The Handmaid's Tale/Hulu/Divulgação

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The Handmaid’s Tale | 3ª temporada começa focando na relação entre mulheres

Trilha sonora e bons diálogos dão o tom dos primeiros episódios

05.06.2019, às 15H54.

É praticamente um consenso que a primeira temporada de The Handmaid’s Tale foi perfeita. Isso, apesar de muito bom, também criou um problema para a segunda: como superar algo tão bom? Com tanta expectativa, a continuação da série deixou a desejar na opinião de vários fãs, que criticaram o excesso de violência e cenas pesadas demais. Felizmente, a equipe parece ter ouvido os fãs, já que a terceira temporada começa focando principalmente na relação entre as mulheres.

Ao invés de estrear com um episódio, como a maioria dos seriados costuma fazer, The Handmaid’s Tale começou seu terceiro ano divulgado os três primeiros capítulos, com 50 minutos cada. Uma escolha ousada, já que a duração total ultrapassa até os filmes mais demorados, mas após assistir fica claro que o objetivo foi passar uma mensagem: no meio de tanto caos e tristeza, ainda há esperança para as mulheres de Gilead.

A interação e sororidade entre elas é o grande foco deste começo. Depois de tudo o que passaram juntas, June (Elisabeth Moss) e Serena Joy (Yvonne Strahovski) estabeleceram uma relação de respeito mútuo que ecoa em várias cenas. Uma, particularmente especial, tem a protagonista se dirigindo diretamente para Serena e ignorando a presença do Comandante Fred (Joseph Fiennes), que está na mesma sala, mas é ignorado pelas mulheres. Tal momento é catártico porque mostra como a presença masculina é irrelevante: ali apenas June pode entender a dor de Serena.

Esses momentos de sororidade se repetem entre June e outras aias; June e Marthas e até mesmo entre Serena e a Martha que atende sua casa, em um momento delicado e inédito nas três temporadas. Tais cenas funcionam por conta do bom roteiro, que dá falas poderosas para essas mulheres, e pela atuação do elenco. Elisabeth Moss expressa no rosto de June todas as dores pelas quais a personagem já passou e entrega um contraponto interessante: ela mostra força no meio da fraqueza e fraqueza em momentos de força. Nada disso é exagerado ou caricato: uma tremida nos lábios, um olhar baixo ou uma respiração mais profunda já são o suficiente para mostrar as camadas da protagonista.

O mesmo acontece com a Serena de Strahovski. Agora em uma posição muito mais frágil do que nas temporadas anteriores, Serena chora ao perceber seu papel naquela sociedade, fica angustiada ao perceber que não há o que fazer, mas, ainda assim, tira forças para mergulhar (literalmente) em algo novo e deixar o antigo para trás. Essa narrativa da personagem fica muito clara no primeiro episódio, quando há uma belíssima cena com fogo, e no terceiro, em uma sequência na água. Serena mudou após o desfecho do segundo ano e essa dualidade é o que torna a personagem tão interessante, se não mais, do que June.

Tecnicamente, The Handmaid’s Tale está em seu melhor. Como já citado, há uma cena com fogo que destaca tanto a bela fotografia, quanto a trilha sonora. O hábito de tocar músicas “modernas” como contraponto já não aparece tanto, mas quando isso acontece é catártico e vale a pena ir atrás das letras para entender porque tal canção foi colocada em tal momento. Aliás, essa é a grande sensação com este começo da terceira temporada: nada está em tela por acaso. Cada luz com uma cor diferente, cada ângulo de câmera, cada figurino comunica algo extremamente importante para o que está acontecendo e dá gosto passar o olho pela tela e reparar em todos os detalhes.

Ainda há violência em The Handmaid’s Tale, mas foco da terceira temporada, pelo menos por enquanto, é mais na violência psicológica do que física. June tem grandes embates com o Comandante Joseph Lawrence (Bradley Whitford), antes de reunir forças para contra atacá-lo. Cenas de punições físicas são escondidas e dão lugar à diálogos crus que fazem June chorar e se sentir sem forças. Porém, como citado anteriormente neste texto, o grande trunfo da personagem é encontrar forças no meio de suas fraquezas e por isso June ascende, ainda que machucada, para ajudar em uma rede de resistência formada por mulheres.

Aliás, é curioso perceber como isso reflete a própria jornada de The Handmaid’s Tale. A terceira temporada chega forte, mas sem precisar de cenas viscerais. A força está nos detalhes, no roteiro bem escrito, em duas personagens que se olham à distância e reconhecem as dores uma da outra. Se continuar assim, a temporada tem tudo para levar todos os prêmios possíveis.

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