Allison Tolman em St. Denis Medical (Reprodução)

Créditos da imagem: Allison Tolman em St. Denis Medical (Reprodução)

Séries e TV

Entrevista

Allison Tolman compara St. Denis Medical com The Office: “Eu sou o Jim”

Sucesso nos EUA, série de comédia chegou ao Brasil pelo Universal+

Omelete
8 min de leitura
15.06.2025, às 06H00.

Allison Tolman sabe que sua nova sitcom, St. Denis Medical, vai ser comparada a The Office. Pudera: o formato do “documentário falso de local de trabalho” (em bom inglês, workplace mockumentary) foi consagrado nos EUA pela série estrelada por Steve Carell, que ficou no ar entre 2005 e 2013.

E ela acha a comparação “maravilhosa” - especialmente porque sabe que sua personagem, a competente enfermeira Alex, é o Jim (John Krasinski) dessa história. Ela é aquele personagem que está sempre revirando os olhos para o chefe, ou olhando para a câmera como se quisesse dizer: ‘Está todo mundo vendo o que eu estou vendo?’”, comenta ela em entrevista ao Omelete.

Abaixo, confira a entrevista completa, em que Tolman fala também sobre os problemas sociais sublinhados pela série, e sua experiência em projetos anteriores da filmografia, como Good Girls, Downward Dog e FargoSt. Denis Medical chega ao catálogo do Universal+ em 18 de junho.

OMELETE: Olá, Allison! Aqui é o Caio, do Omelete, no Brasil. Prazer em conhecê-la.

TOLMAN: Prazer em conhecê-lo também, Caio!

OMELETE: Você já falou antes sobre seu amor por sitcoms, e como St. Denis Medical é uma oportunidade de honrar isso. Quais sitcoms clássicas você sente que são influências para esta? Há alguma atuação, algum personagem, que você tenha em mente quando está filmando?

TOLMAN: Quer dizer, acho que a comparação mais óbvia é The Office. Acho que The Office foi o primeiro… digamos, documentário falso de local de trabalho. Então acho que, nesse sentido, a Alex é mais parecida com o Tim do The Office britânico [vivido por Martin Freeman], ou o Jim do The Office americano. Ela é aquele personagem que está sempre revirando os olhos para o chefe, ou olhando para a câmera como se quisesse dizer: “Está todo mundo vendo o que eu estou vendo?". 

Essas são comparações maravilhosas para mim, porque amo essas séries, acho que amo mockumentaries desde a minha adolescência. Então poder fazer um, e fazer na linha dessas séries que são tão maravilhosas, é um presente.

OMELETE: Sim, eu ia perguntar sobre o formato mockumentary, porque acho ele é um tempero importante para St. Denis Mesical. Como atriz, é um pouco difícil trabalhar nesse formato? Porque você está,  de certa forma, interpretando alguém que está interpretando para as câmeras, certo?

TOLMAN: Sim! Acho que, quando você começa, há um período de ajuste - porque, na verdade, você foi ensinada desde que começou a atuar que não deve olhar para a câmera. Você deve sempre ignorá-la, como se ela não estivesse lá. Quando comecei a fazer comerciais, alguém me disse: "Pense na câmera como aquele cara do outro lado do bar, que você quer que olhe para você… mas você nunca vai olhar diretamente para ele, não é mesmo?". Então você tenta chamar a atenção dele, sem olhar. Mas, nesta série, eu estou olhando! Tenho o poder de olhar diretamente para a lente. 

Então leva um tempo para se acostumar quando  começa a fazer, mas você pega o jeito. Agora acho muito fácil e muito gratificante, porque você apenas pensa na câmera como outro personagem, outro ator que está ali na sala. Então você tem outro companheiro para quem pode sempre olhar entre as falas, com quem se relacionar, e é claro que você está trazendo o público para perto com seus olhos. É realmente maravilhoso.

OMELETE: Certo! Claro, a terceira parte da receita aqui é que as pessoas simplesmente amam séries médicas. Você também é fã desse gênero? Que tipos de histórias isso abre as portas para contar?

TOLMAN: Quer dizer, eu era uma grande fã de Plantão Médico quando era mais jovem e, como um contraponto, acabei de assistir The Pitt, uma série que eu realmente gostei muito. Então, sim, acho que as pessoas amam séries médicas porque elas são tão cheias de drama, tão cheias de humanidade. São as pessoas em seus melhores e piores dias, jogadas juntas em circunstâncias extremas. É por isso que amamos dramas médicos. E então, por extensão, acho que nossa série mostra o que acontece quando pegamos isso e tentamos tornar engraçado. E se pegássemos esse drama, e olhássemos por uma lente diferente? Isso é possível? Acho que St. Denis Medical está provando que é.

OMELETE: Sim, e eu também vi sua personagem ser descrita repetidamente como uma workaholic [viciada em trabalho]. Você concordaria com essa avaliação? E o que você acha que essa personagem tem a dizer sobre nossa relação com o trabalho hoje em dia?

Allison Tolman e Kahyun Kim em St. Denis Medical (Reprodução)
Allison Tolman e Kahyun Kim em St. Denis Medical (Reprodução)

TOLMAN: Essa é uma ótima pergunta. Eu acho que ela é definitivamente uma workaholic. Não sei se ela aceitaria esse rótulo, embora ela claramente seja uma. [Risos] Acho que parte disso é apenas a nossa "cultura da correria" [em inglês, hustle culture], o fato que sempre estamos ouvindo que é possível fazer tudo. Muitas mulheres, especialmente, ouvem isso. “Você pode ser mãe em tempo integral, você pode trabalhar em tempo integral, você também pode ser esposa em tempo integral” - yay, feminismo! Mas, na realidade, isso é muito difícil de se fazer.

Acho que o comentário mais importante que a série faz é sobre os funcionários da saúde. Eles estão todos sobrecarregados, não há pessoal o bastante nos hospitais, eles não são pagos como deveriam, não têm os recursos de que precisam… temos uma escassez de enfermeiros grave nos EUA.ue por natureza estão tão sobrecarregada. Não é difícil ver como alguém poderia se tornar um workaholic quando sabe que as pessoas vão sofrer, vão morrer, se você não estiver lá para trabalhar. A realidade é que simplesmente não temos recursos suficientes para cuidar das pessoas que precisam de ajuda.

OMELETE: Pois é, por isso acho que outro paralelo que podemos fazer é entre St. Denis Medical e Abbott Elementary. Saúde e educação são duas áreas repletas de desafios, e ambas as séries estão abordando isso de maneira muito bem-humorada. Qual você acha que é a função da comédia nesse sentido, em destacar essas questões sociais com as quais estamos lidando?

TOLMAN: Sim, acho que o legal da comédia, quando se trata de olhar para essas partes difíceis da sociedade, é que podemos chamar atenção para essas áreas que precisam de ajuda, mas sem sentir que estamos dando sermão às pessoas. Não estamos falando com superioridade, não estamos dizendo: “Você não vê o quanto isso está errado?!”. É uma maneira mais sutil de introduzir o assunto, de forma cômica. Acho que essa é uma grande vantagem da comédia. 

Abbott Elementary se passa em uma escola subfinanciada, que precisa de mais recursos, precisa de mais pessoas, precisa de ajuda para educar essas crianças. O que poderia ser mais importante do que garantir que nossas crianças estejam seguras e educadas? Ao mesmo tempo, do nosso lado, o que poderia ser mais importante do que garantir que pessoas doentes e feridas recebam o que precisam? Mas essa é a realidade da situação. Então, acho que jogar um pouco de açúcar sobre o assunto antes de oferecê-lo às pessoas é uma boa maneira de revelar essa realidade.

OMELETE: Perfeito! Bom, eu tenho que dizer também que sou um grande fã do seu trabalho em outra série: Good Girls.

TOLMAN: Ah, muito obrigada!

OMELETE: Good Girls foi um grande sucesso aqui no Brasil, conheço muita gente que a adora. Você sabia que a série tinha essa grande base de fãs internacional? E qual foi sua experiência no set?

TOLMAN: Na verdade, eu sabia sim que a série era um grande sucesso fora dos EUA! Good Girls foi uma experiência tão louca, porque eu era uma vilã naquela série - o que foi muito divertido. É muito interessante interpretar alguém que é odiado, mas ainda mais interpretar alguém que é odiado internacionalmente. Não é estranho? Mas foi maravilhoso também. Eu sempre fico de olho nas redes sociais, e por lá vejo a nacionalidade das pessoas que estão reagindo aos meus trabalhos, o tipo de feedback que eu recebo.

Aliás, você sabia que um dos nossos produtores executivos em St. Denis Medical é casado com a produtora executiva de Good Girls? Você sabia disso?

OMELETE: Olha só!

TOLMAN: Sim, o nosso produtor Justin Spitzer é casado com Jenna Bans, que escreveu Good Girls. Estamos todos em família aqui.

OMELETE: Ah, perfeito! E eu também queria falar com você sobre outra série que amo, Downward Dog.

Allison Tolman em Good Girls (Reprodução)
Allison Tolman em Good Girls (Reprodução)

TOLMAN: Oh, muito obrigada! Eu amo essa série.

OMELETE: Eu li você dizendo que, entre Fargo e essa série, ofereceram a você vários papéis que você rejeitou, por não achar que eram apropriados. Gostaria de saber se você pode falar um pouco mais sobre isso: Que tipo de ofertas eram essas? E o que é que você procura em um personagem hoje em dia?

TOLMAN: Acho que naquela época, depois de Fargo e antes de Downward Dog, me ofereceram muitas personagens como tias engraçadas, ou melhores amigas engraçadas, ou a esposa do protagonista. E eu pensei: "Bom, eu não quero esse tipo de coisa, acho que quero protagonizar uma série. Não acho que quero ser coadjuvante agora. Quero tentar liderar algo". Parecia uma boa ideia seguir em frente, subir de nível, em vez de dar aquele passo para trás no meu primeiro projeto depois de Fargo

Por outro lado, naquela época também me ofereceram muitos papéis de mãe. E eu não aceitei papéis de mãe, tentei evitá-los, parcialmente porque senti que não podia contar essa história. Eu não vou ter filhos, não os tenho e não planejo tê-los, então senti que queria interpretar mulheres que não fossem definidas pela maternidade. E também senti que, uma vez que eu interpretasse uma mãe, nunca mais me escalariam como outra coisa - eu tinha uns 35 anos e pensei, honestamente: “Vamos esperar um pouco". 

Mas olha, a Alex é uma mãe, isso é uma parte enorme de quem ela é - e agora eu tenho 43 anos. Quando aceitei esse papel, entendi que estva na hora. Estou pronta para aceitar que vou interpretar mães agora, que esse será o meu destino, e está tudo bem. Mas naquela época, depois de Fargo, eu pensava que esse não era o caminho certo para mim.

OMELETE: Certo! Bom, muito obrigado, Allison, e parabéns pela série.

TOLMAN: Obrigada, Caio, agradeço muito!

Comentários ()

Os comentários são moderados e caso viole nossos Termos e Condições de uso, o comentário será excluído. A persistência na violação acarretará em um banimento da sua conta.

Login

Criar conta

O campo Nome Completo é obrigatório

O campo CPF é obrigatório

O campo E-mail é obrigatório

As senhas devem ser iguais

As senhas devem ser iguais

As senhas devem ser iguais

O campo Senha é obrigatório

  • Possuir no mínimo de 8 caracteres

  • Possuir ao menos uma letra maiúscula

  • Possuir ao menos uma letra minúscula

  • Possuir ao menos um número

  • Possuir ao menos um caractere especial (ex: @, #, $)

As senhas devem ser iguais

Meus dados

O campo Nome Completo é obrigatório

O campo CPF é obrigatório

O campo E-mail é obrigatório

As senhas devem ser iguais

As senhas devem ser iguais

As senhas devem ser iguais

Redefinir senha

Crie uma nova senha

O campo Senha é obrigatório

  • Possuir no mínimo de 8 caracteres

  • Possuir ao menos uma letra maiúscula

  • Possuir ao menos uma letra minúscula

  • Possuir ao menos um número

  • Possuir ao menos um caractere especial (ex: @, #, $)

As senhas devem ser iguais

Esqueci minha senha

Digite o e-mail associado à sua conta no Omelete e enviaremos um link para redefinir sua senha.

As senhas devem ser iguais

Confirme seu e-mail

Insira o código enviado para o e-mail cadastrado para verificar seu e-mail.

a

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.