A quarta temporada de Sintonia, que estreia nesta terça (25), na Netflix, começa eletrizante, respondendo à pergunta que deixou o público em suspenso no fim do ano anterior da série: o que aconteceu com Doni (Jottapê), Nando (Christian Malheiros) e Rita (Bruna Mascarenhas), que se viram no meio de um tenso e inesperado tiroteio no recém-inaugurado café de ND e Scheyla (Julia Yamaguchi)? O quarto ano começa exatamente do ponto onde a história havia parado e deixa claro que o evento marca profundamente a vida de cada um - e até ameaça estremecer a até então inabalável amizade do trio.
Em entrevista da qual o Omelete participou, os protagonistas contam que retomar a sequência eletrizante da ficção um ano depois exigiu bastante concentração de todos os envolvidos. Isso aconteceu logo no primeiro dia de gravação, sem muito ensaio e com a presença de preparadores de elenco no set, para que os atores pudessem dar o melhor de si na hora H.
“Eu lembro que cada um foi pro seu cantinho e se concentrou, uns com música, outros com exercício corporal, cada um foi encontrando o seu jeito. Uma cena como essa não dá pra gente ficar repetindo milhões de vezes, então a gente tem que entender quem vai gravar primeiro, pra ir economizando energia aqui e ali. A gente sabia também que era uma cena muito esperada pelas pessoas, e ela foi muito bem pensada pela direção e por toda a equipe”, conta Bruna.
Na trama, escrita por Guilherme Quintella, Duda de Almeida, Donna Oliveira, Fernanda Terepins e Raul Perez, Nando é obrigado a fugir depois do tiroteio e fica longe da família. Ferido, Doni enfrenta uma longa recuperação e logo entende que isso e a crise de imagem por ter sido visto junto ao chefe do tráfico da Vila Áurea terão sérias consequências em sua carreira. E mesmo Rita, que decide voltar a estudar e se formar em Direito, tem que lidar com os efeitos emocionais desse trauma. Sempre aberta ao diálogo, a jovem, em determinado momento, explode em um emocionado desabafo, provando que todo o trio está bem perto do seu limite.
“Pela primeira vez, a Rita tá conseguindo encontrar o caminho dela, tá feliz, mas ainda assim… Nessa temporada ela é muito o elo da Scheyla, que tá na prisão, do Nando, que tá foragido, do Doni, que tá se recuperando, do Formiga [MC M10], que tá ali vivendo um novo processo, depois da prisão. É um esgotamento também dessa responsabilidade afetiva que ela tem, ela acaba sendo a fortaleza desses personagens”, analisa a atriz.
Christian destaca ainda que é a primeira vez em que os amigos estão quase totalmente separados. “Isso traz um peso muito maior pras questões, porque antigamente eles tinham como se encontrar e conversar, um se apoiar no outro. Nessa temporada, por conta das questões que cada um está vivendo, existe esse afastamento. Pro meu personagem, isso é muito difícil de aturar. E ele [aponta para Jottapê] não atende o celular, aí fica difícil”, brinca o intérprete de Nando.
Para o ator, no entanto, a relação dos jovens não está sendo posta à prova. “Eles não estão duvidando se continuam sendo irmãos ou não. O que está em questão ali é que risco essa relação me traz agora. É mais esse medo, não é: perdi meu irmão. Isso não é cogitado, ele vai ser sempre meu amigo, mas eu não posso estar próximo agora, porque vai me trazer uma consequência”, analisa.
Jottapê concorda e diz que essa é justamente a prova de que a amizade entre eles é verdadeira. “Eles sabem que, no momento, é melhor pros dois não estarem perto, com tudo que aconteceu. Pra não destruir tudo que eles têm, eles precisam desse tempo de se recuperar, absorver tudo que aconteceu. Mas, trazendo pra vida real, pro pessoal, foi triste não ter tantas cenas com o Christian e com a Bruna (risos). Nossas cenas preferidas são quando a gente está junto”, afirma.
Por enquanto, os atores não querem nem pensar em encerrar a trajetória de seus personagens: eles dizem que ficam com o coração apertado só de imaginar o fim da série e preferem celebrar o sucesso da atração até aqui.
“Hoje a gente está entrando na casa de todo mundo, mostrando o funk, a realidade da periferia. Estamos entrando na casa da burguesia também, eles estão vendo a nossa realidade e entendendo também que [o funk] não é só a letra que está associada ao crime, tem história e é cultura, né? É música como qualquer outro gênero”, destaca o intérprete de Doni.
Bruna lembra também que retratar uma realidade como a da quebrada exige muito cuidado de toda a equipe da atração, que tem direção de Johnny Araújo (diretor geral), Daniela Carvalho e Cisma.
“A gente tem a possibilidade de falar de um recorte brasileiro social muito grande e que reflete no mundo inteiro. Querendo ou não, a gente acaba sendo representantes do Brasil lá fora. A cada temporada, entramos em núcleos diferentes, agora tem a prisão feminina, então tem que ter um estudo, tem que ter uma responsabilidade. Porque são pessoas que estão passando, que já passaram por isso e que vão assistir e vão falar: ‘Isso aconteceu comigo’. São nichos reais. Acho que isso é um dos grandes facilitadores pra que a série esteja agora nessa quarta temporada tão madura e tão adulta”, reflete a atriz.
A quarta temporada de Sintonia estreia hoje na Netflix.