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Créditos da imagem: Vertigo/Netflix/Divulgação

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Sandman | Como a série da Netflix difere da HQ da Vertigo

Produção mudou detalhes para se adequar à linguagem da televisão

Omelete
1 min de leitura
05.08.2022, às 17H35.

Depois de 34 anos de espera, Sandman, clássico de Neil Gaiman, finalmente ganhou uma adaptação em live-action - e comandada pelo próprio autor, em parceria com David S. Goyer (Batman Despertar) e Allan Heinberg (Mulher-Maravilha). E mesmo que siga de perto a trama dos quadrinhos, a série da Netflix faz algumas mudanças que ajudam a obra prima da Vertigo a se encaixar melhor no formato televisivo.

De um antagonista melhor definido a uma personalidade mais forte para alguns personagens, separamos as principais mudanças feitas na adaptação de Sandman - confira [e cuidado com spoilers, óbvio]:

O papel do Coríntio

Com destaque no primeiro arco dos quadrinhos, o Coríntio era um pesadelo rebelde que abandonou o Sonhar quando Morpheus desapareceu. Na Terra, ele passa a assassinar humanos, tornando-se um “renomado” assassino em série que inspira outros criminosos.

Diferentemente dos quadrinhos, o Coríntio vivido por Boyd Holbrook na série deixa o Sonhar antes da prisão de Sonho (Tom Sturridge) desaparecer. Aliás, é a busca do Lorde Moldador pelo pesadelo que o leva à Terra e o deixa indefeso para o feitiço que o aprisionou por mais de um século no porão de Roderick Burgess (Charles Dance). Não bastasse, o Coríntio ainda ajudou o Mago a fortalecer as defesas que mantiveram Morpheus aprisionado.

De acordo com o próprio Gaiman, uma das principais complicações para adaptar Sandman sempre foi a falta de um antagonista claro. Ao levar a série para a Netflix, o autor mudou esse elemento, tão importante para os quadrinhos, ajustando a história dos Perpétuos a uma linguagem mais popular para a televisão.

Roderick Burgess e a prisão de Sonho

Roderick Burgess era um mago ambicioso que buscou aprisionar a Morte para chantageá-la e pedir por poder e imortalidade para si. O feitiço não tem o resultado esperado e ele acaba prendendo Sonho, outro membro dos Perpétuos. Apesar do erro, ele aproveita a captura para fazer o mesmo pedido. Morpheus, no entanto, permanece em silêncio por 70 anos, sem nem ao menos se mover até conseguir escapar.

Na série, o desejo de Burgess é menos egoísta: o aristocrata pede que Sonho devolva seu filho, morto durante a Primeira Guerra Mundial, à vida. De forma similar, o Perpétuo se mantém em silêncio e imóvel, mas por mais de 100 anos e não pelos mesmos 70 dos gibis. Esse tempo estendido de cárcere tem efeitos drásticos no bem estar de Sonho, além de impedir que ele compareça a um de seus encontros com Hob Gadling (Ferdinand Kingsley).

Lucienne mais desafiadora

Nos quadrinhos, Lucien é o leal bibliotecário de Morpheus e responsável por manter o Sonhar em ordem em sua longa ausência - na medida do possível, é claro. Quando Sonho retorna ao seu reino, é ele que informa o Lorde Moldador sobre os sonhos e pesadelos ausentes.

Vivida por Vivienne Acheampong, a Lucienne da série mantém as mesmas funções que sua contraparte das páginas, mas com uma personalidade um pouco mais forte. Mais confiante que nos quadrinhos, a bibliotecária peita seu chefe sempre que percebe que ele está tomando decisões equivocadas. A mudança coloca a personagem num posto mais acima daquele que ela tem nas HQs e em posição de ser uma das aliadas mais importantes do Lorde Moldador nos desafios que seu futuro reserva.

Johanna Constantine

Durante Prelúdios e Noturnos, primeiro arco de Sandman nas HQs, Morpheus precisa da ajuda de John Constantine para recuperar sua bolsa de areia mágica. O encontro entre os dois é um dos momentos mais celebrados pelos fãs do título e dá novas camadas ao mestre das artes místicas criado por Alan Moore, Stephen Bissette e John Totleben e influencia até hoje a forma como o personagem é escrito. A HQ original também conta com uma Johanna Constantine. No caso, ela é uma antepassada de John e que se depara com Morpheus e Hob durante um de seus vários encontros ao longo dos séculos.

Na Netflix, Jenna Coleman aparece em ambas as tramas. Primeiro, com sua Johanna Constantine substituindo John na busca pela bolsa de areia de Sonho e, depois, a atriz retorna como a Johanna Constantine “original”, interrompendo um dos encontros do Perpétuo com seu amigo Hob Gadling.

O duelo infernal com Lúcifer

Assim como o Coríntio, Lúcifer (Gwendoline Christie) também tem um papel antagônico mais explícito na série que nos gibis. De forma geral, a trama do Rei do Inferno segue a mesma, a exceção se dá quando Sonho vai submundo em busca de um demônio que se apossou de seu elmo de batalha.

Enquanto os gibis mostram o Lorde Moldador duelando com o demônio Choronzon, a versão da Netflix de Sandman traz o próprio Lúcifer enfrentando Morpheus, servindo como representante de seu subordinado. Pessoalmente derrotado pelo Perpétuo, o Tinhoso desenvolve um desejo de vingança que reflete na formulação de um plano para invadir o Sonhar.

John Dee e o Universo DC

Nos quadrinhos, John Dee é um vilão de segundo escalão da DC conhecido como Doutor Destino (sim, ele tem o mesmo nome que o grande antagonista da Marvel) que, com o apoio de um rubi, é capaz de transformar sonhos em realidade. Acontece que a pedra pertencia a Sonho e lhe foi tirada quando Burgess o aprisionou. O Mago, aliás, perdeu o rubi quando a mãe de Dee, então sua amante, roubou a pedra ao fugir para os Estados Unidos. A presença do vilão na história de Gaiman leva à aparição de alguns membros da Liga da Justiça, incluindo o Caçador de Marte.

Por motivos óbvios, a série da Netflix não pôde contar com tantos nomes do universo da DC Comics. Com isso, Dee (David Thewlis) não foi derrotado e preso pela Liga da Justiça, mas por sua própria mãe, que usou os itens roubados de Burgess para se tornar uma traficante de artes roubadas. Nesta versão, John aparece muito mais vulnerável e com uma personalidade mais infantil. Ao contrário dos quadrinhos, seu prazer não vem de torturar livremente pessoas em uma lanchonete, mas em “libertá-las de mentiras”.

Hector e Lyta Hall

Heróis aposentados nos quadrinhos, o casal Hector e Lyta Hall tem uma história bem complicada nos quadrinhos. Quando ainda atuava sob o manto de Escaravelho de Prata, Hector morreu, mas sua consciência foi transportada para o Sonhar. Dois pesadelos, Bruto e Glob, o encontraram e o transportaram para a Terra, onde aproveitaram o aprisionamento de Morpheus para usar os traumas do jovem Jed e criar um Sonhar “portátil”, onde eles o manipularam para assumir a identidade de Sandman. Eventualmente, Lyta se juntou ao marido nesta dimensão e engravidou. Quando o Lorde Moldador se libertou, ele foi atrás de Bruto e Glob e dissolveu o proto-Sonhar da dupla, enviando Hector ao pós-vida e deixando Lyta com seu filho, Daniel.

Assim como John Dee, Hector (Lloyd Everitt) e Lyta (Razane Jammal) perderam qualquer ligação com sua vida heróica e a vida dos dois foi relativamente simplificada. O casal, por alguns anos, cuidou de Rose Walker (Vanesu Samunyai) até a morte de Hector. Acontece que a garota é um Vórtex, nome que se dá a humanos que podem, mesmo sem saber, derrubar as barreiras entre o Sonhar e a realidade. Sua ligação com Lyta leva a mulher a sonhar com o marido e, em um desses sonhos, engravidar. A gestação acaba sendo levada para a realidade. Repetindo os acontecimentos das páginas, Morpheus é obrigado a mandar Hector para o pós-vida, deixando Lyta para criar Daniel sozinha.

Bruto, Glob e Gault

Conforme descrito acima, Bruto e Glob chegaram a criar sua própria versão do Sonhar e do próprio Sandman, mas essa trama foi quase totalmente apagada da versão da Netflix. Em seu lugar, a série traz Gault (Ann Ogbomo), uma pesadelo que, cansada de causar medo e aflição nas pessoas, se infiltra nos sonhos de Jed (Eddie Karanja), irmão perdido de Rose que foi adotado por um casal abusivo, e lhe dá sonhos que o ajudam a escapar de sua triste realidade. Ao contrário de Bruto e Glob, Gault tem motivos altruístas para mexer nos sonhos sem a permissão de Morpheus e ainda é recompensada por seus esforços para proteger o pequeno Jed.

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