O texto abaixo contém spoilers de "Adeus, Sra. Selvig", primeiro episódio da segunda temporada de Ruptura. Assita à série no AppleTV+: Experimente grátis por 7 dias.
Como esperado depois de um primeiro episódio inteiramente focado nos innies, o segundo capítulo da segunda temporada Ruptura sequer pisa no andar onde Mark S. (Adam Scott) e seus colegas fragmentados trabalham refinando os tais “macrodados” para a Lumon. Essencialmente o outro lado da moeda de “Olá, Sra. Cobel”, “Adeus, Sra. Selvig” coloca o holofote inteiramente nos outties, isto é, a versão dos personagens que não sabe nada da vida no escritório.
A revelação mais importante é que não se passaram cinco meses desde a revolta dos innies. É difícil dizer com certeza, mas estamos falando de semanas, se não dias. A equipe nova, que aparentemente foi mesmo demitida, foi reunida em 48 horas, e os colegas de Mark voltaram pouco depois. Ambos Irving (John Turturro) e Dylan (Zach Cherry) foram demitidos, e depois precisaram ser convencidos a retornar (dado a situação deles na vida exterior, isso não parece ter sido muito difícil), mas a coisa com Mark foi diferente. Milchick (Trammell Tillman) foi até os outros membros da equipe para encerrar seus contratos, assim garantindo que seus innies deixassem de existir e, consequentemente, não fossem mais capazes de causar danos à Lumon.
Mas eles precisam de Mark S., e por isso, a missão de Milchick não é demitir Mark Scout, mas sim convencê-lo a voltar. As cenas entre Scott e Tillman são ótimas, particularmente por mostrarem Milchick sendo, novamente, um manipulador sorridente, mas em outro contexto. Um dos melhores atores do elenco, Tillman é perfeito como alguém que parece o tempo todo estar gritando de impaciência por dentro, mas que por fora jamais quebra a fachada. Depois de tentar convencer Cobel/Selvig (Patricia Arquette) a assumir um cargo que a colocaria de lado – a empresa falha e ela se demite, terminando o episódio dirigindo para longe – Milchick é promovido e, francamente, ele merece.
Quem executa a promoção é Helly R. (Britt Lower), filha do atual CEO da Lumon e descendente do fundador Kier Eagan. Enquanto Mark, Dylan e Irving processam os acontecimentos, Helly, que na verdade se chama Helena Eagan, corre para conter os danos e comanda Milchick a deixar “Kier guiar sua mão” na decisão de como proceder com os empregados – frase que sugere que a seita pelo fundador existe, também, fora dos escritórios. A Lumon é um monstro capitalista, mas essa espiritualidade não é só uma desculpa para enganar os innies.
Como um todo, o episódio é protocolar. Apesar de ser interessante ver este “Lado B”, o capítulo mais parece uma longa espera até alcançarmos o ponto da história em que “Olá, Sra. Cobel” terminou, e deixa algumas pistas para a função da Lumon. A necessidade de manter Mark S. empregado e nossa certeza de que Gemma (Dichen Lachman), esposa falecida de Mark, está viva de alguma forma dentro da Lumon, certamente dão força à teoria de que os macrodados têm alguma relação com a consciência da pessoa, e que por conhecer Gemma intimamente, Mark é crucial para restaurá-la à vida. O processo, supomos, tem como objetivo final reviver Kier. Se há realmente essa seita em volta do executivo, tudo isso faria sentido, emocionalmente falando.
Mas apesar dessas migalhas, “Adeus, Sra. Selvig” parece um episódio que seria melhor servido de um lançamento simultâneo ao capítulo da semana passada. Na crítica dele, destaquei o poder de Ruptura de saber deixar lacunas em sua história para enriquecer nossa curiosidade. Aqui temos um exemplo de como as respostas, às vezes, são mais chatas que as perguntas. O segundo episódio da segunda temporada está longe de ser ruim, mas ele não consegue reproduzir a empolgação e eletricidade da semana passada.
De qualquer forma, agora toda a preparação do tabuleiro da segunda temporada está feita. Selvig está fora do jogo por enquanto, o quarteto principal está de volta à refinação de macrodados (com Helena no lugar de Helly, chutamos) e Mark Scout tem razões suficientes para crer que a Lumon está escondendo algo sobre Gemma. Semana que vem, provavelmente voltaremos à dinâmica innie/outtie que dominou a primeira temporada. Vamos lá.