Durante a segunda e a terceira temporadas de Round 6, o público testemunhou a jornada de duas mulheres especiais: Hyun-ju, vivida por Park Seung-hoon, que serviu no exército e foi expulsa ao se assumir transgênero; e Geum-ja, interpretada por Kang Ae-sim, comerciante idosa que entrou nos jogos para sanar a dívida do filho apostador. A força das duas durante o jogo as transformou em favoritas do público, mas elas também construíram um laço fascinante entre elas.
No roteiro de Hwang Dong-hyuk, afinal, Geum-ja começava numa posição de rejeição à transgeneridade de Hyun-ju, definindo-a como “horrorosa” em um dos primeiros capítulos da temporada. Conforme as situações de sobrevivência se enfileiravam e ficava claro quem estava do lado da razão - em oposto ao lado da ganância - naquele dormitório, no entanto, a veterana mudou drasticamente a sua opinião da colega jogadora.
A parceria das duas encontra uma conclusão agridoce durante o 3º ano de Round 6, já disponível na Netflix - mas, antes, o Omelete conversou com Park e Kang sobre essa jornada. Confira o trecho a seguir!
OMELETE: Minha próxima pergunta é para o Park Sung-hoon. Sua personagem, Hyun-ju, tornou-se uma favorita dos fãs - e especialmente da comunidade queer. Gostaria de saber, você acha que a história dela é importante? E quais foram seus pensamentos quando você escolheu abraçar esse papel?
PARK SUNG-HOON: Quando recebi a oferta do papel, foi um grande desafio para mim como ator - e acho que, por isso, me senti energizado. Ao mesmo tempo, como um homem cisgênero interpretando uma personagem trans, fiquei um pouco preocupado, apreensivo. Perguntei-me se as pessoas LGBTQ+ iriam me aceitar, e aceitar a minha personagem. Por isso, minha principal preocupação foi evitar a caricatura quando se tratava da Hyun-ju - tentei construir a personagem focando em seu interior, sua natureza, sua autenticidade. Hoje, sei que a comunidade LGBTQ+ abraçou essa personagem com sinceridade, não vi nenhum tipo de rejeição, e me sinto imensamente grato por isso.
OMELETE: Certo, então tenho que perguntar a Kang Ae-sim: Sua personagem, Geum-ja, também aprende muito ao conhecer a Hyun-ju, perdendo o seu preconceito e aceitando a identidade dela como mulher. Como você abordou esse arco como atriz? Você acha que também é um ponto de vista importante a ser retratado?
KANG AE-SIM: Naturalmente, por ser mais velha, eu guardo um pouco de preconceito. Acho que, por vezes, posso ser uma pessoa que constrói um muro ao redor de si, afastando os outros. Mas, quando comecei a atuar, aprendi que existe muita diversidade no mundo, e que essa diversidade não é errada - é apenas diferente. Então, quando li este roteiro, fiquei muito interessada na personagem Hyun-ju, foi ela quem mais se destacou para mim. Cheguei a dizer ao Park Seung-hoon que tinha inveja dele, porque queria interpretá-la. Acho que meu coração sempre esteve aberto, mesmo quando Geum-ja chamava Hyun-ju de “feia” ou “aberração”, existia um conforto entre nós. Pensei nela como alguém da família, mais uma pessoa nesse mundo.
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