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Psi | Nova temporada apresenta mais tabus e atmosfera mais sombria

Nova temporada da série explora casos ainda mais complexos da natureza humana

02.10.2015, às 19H14.
Atualizada em 09.11.2016, ÀS 00H01

 

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"Uma p... economia de pesquisa". Assim Contardo Calligaris explica porque decidiu fazer do protagonista de Psi Carlo Antonini um personagem tão parecido com ele mesmo. “Carlo é um personagem profundamente autobiográfico. Essa foi uma escolha deliberada quando entrei na ficção. Eu poderia ter construído a minha ficção ao redor de um fazendeiro colombiano, mas isso teria exigido que eu fosse à Colômbia, ficasse um tempão lá e fizesse um monte de pesquisa. Eu peguei alguém que é italiano de origem, psicólogo, psicanalista, psicoterapeuta, doutor em psicologia clínica, que viveu nos Estados Unidos, está na América do Sul”. Daí a impublicável quantidade de tempo de pesquisa economizado na hora de criar as histórias do personagem, protagonista dos livros O Conto do Amor e A Mulher de Vermelho e Branco antes de se tornar estrela da série que estreia a segunda temporada na HBO no dia 4 às 22h.

Parte do pacote de séries nacionais do canal, PSI acompanha a vida e o trabalho de Carlo Antonini, psicanalista vivido por Emílio de Mello que chegou ao final da primeira temporada esgotado pelas crises alheias. A segunda temporada o encontra no retorno ao trabalho após um ano sabático em Veneza, agora como diretor clínico de uma ONG especializada no atendimento a vítimas da violência doméstica. Junto com ele estão de volta a amiga e parceira profissional Valentina (Cláudia Ohana), o amigo coveiro e filósofo Severino (Raul Barreto) e a ex-esposa de Antonini, Flávia (Ainda Leiner), além do péssimo senso de estilo do personagem que “sempre se veste com a mesma roupa”, ironizou Emílio de Mello, que jurou nunca mais vestir uma camisa cinza durante a coletiva de lançamento da nova temporada ao lado de Cláudia Ohana e Calligaris. Com dez episódios, três a menos que o primeiro ano, a segunda temporada traz a visão de cinco diretores diferentes, Laís Bodanksky (Bicho de Sete Cabeças), Alex Gabassi (O Hipnotizador), Tata Amaral (Hoje), Rodrigo Meirelles (A Vaga) e Max Calligaris (diretor assistente na primeira temporada), cada um responsável por dois episódios, processo que agradou os atores pelo desafio da multiplicidade de métodos de trabalho. A escolha de vários diretores também aproxima a produção dos seriados americanos, onde a unidade é dada pelo showrunner, papel ocupado por Calligaris como criador, roteirista e diretor geral da série.

Para as novas histórias, entram em cena Marinho (Renato Caldas) um livreiro especializado em obras raras, a modelo Ariel (Daiane Conterato), Bianca (Laura Neiva), uma estudante que se prostitui no colégio, história que quebra o paradigma do sexo pago como último recurso na luta pela sobrevivência, já que a história focaliza a prostituição de luxo em um colégio de classe média alta e Miguel (Marcello Airoldi), um padre dominicano com formação psicanalítica que aparece em um caso envolvendo exorcismo. As novidades no elenco incluem ainda Joana (Christiana Ubach), com quem Carlo tem um relacionamento seguindo seu estilo de romances que causam uma certa estranheza, como o namoro com uma malabarista de semáforo no primeiro ano e que assim como 90% da série nasceu da experiência de Calligaris. “Aquela história é real.  Todo mundo na primeira temporada, inclusive os diretores, achava incrível que alguém pudesse conversar com uma malabarista de farol e leva-la para casa, coisa que na verdade era uma história minha, não tinha nada de ficcional”.

Com quase dois anos de intervalo entre as filmagens das duas temporadas, o retorno traz um Carlo ainda mais ativo do que nos primeiros episódios da série. Aqui cabe o alerta da diferença fundamental entre PSI e sua mais direta concorrente, Sessão de Terapia quando o assunto é duas séries com um psicanalista como personagem principal. No mundo de Carlo Antonini, o consultório e o quadro clássico do paciente no divã ocupa muito pouco espaço, ainda menos nos novos episódios, onde os pacientes não mais surgem de uma consulta tradicional. É uma temporada com uma dimensão externa maior, mais sombria e unificada pelo tema da violência, começando com a violência doméstica da primeira história e seguindo por variações que podem ou não incluir violência física e chegam à uma problemática relação entre mãe e filha e à violência contra si mesmo, sempre abordando temas considerados tabu, assim como a ideia de incluir vinte minutos de narrativa sem palavras em um episódio.

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