Planeta Estranho teve que suavizar linguagem das HQs: “Ninguém ia entender”
Nathan W. Pyle já expressa vontade de continuar série por mais temporadas
Créditos da imagem: Cena de Planeta Estranho (Reprodução)
Os fãs de Planeta Estranho, tirinhas criadas pelo americano Nathan W. Pyle, vão notar que as HQs passaram por uma adaptação bem específica na transferência para a TV. No papel e na internet, os alienígenas azuis de Pyle fazem rir ao apontar o absurdo das tradições humanas com sua linguagem muito literal - álcool vira “veneno suave”, enquanto café é “líquido nervoso”, e etc -, mas entender essas e outras piadas presume uma familiaridade com o universo das tirinhas que novos espectadores simplesmente não possuem.
“Na primeira versão do roteiro, tínhamos uma linguagem que é muito mais típica de Planeta Estranho. Mas daí, quando vimos aqueles diálogos na tela, percebemos que talvez ficasse bem difícil para muita gente entender”, confessa Pyle em entrevista ao Omelete. “Essa foi uma das tarefas mais delicadas que tivemos na hora de adaptar os quadrinhos para a TV. Queríamos ter certeza que o público entenderia o que estava acontecendo.”
A solução encontrada, como o público já pode conferir no Apple TV+, foi recorrer ao didatismo. “Conforme fomos reescrevendo, estabelecemos algumas regras”, conta Pyle. “Na primeira vez que ouvimos um termo único da linguagem dos alienígenas, você poderá ver na tela o objeto que eles estão descrevendo - estão, se falamos ‘veneno suave’, tem um copo de vinho na frente do personagem. Da próxima vez, não precisamos mais disso, confiamos que você vai se lembrar.”
Para o quadrinista, esse processo de climatização do público com o universo iniciado por ele lá em 2019 tem algo de excitante: “Eu estou animado para saber como isso vai evoluir para uma segunda ou terceira temporada, se tivermos a sorte de chegar até lá.”
Nada como um bom mistério
Não é só nos diálogos que o público vai sentir a diferença, no entanto, já que a série Planeta Estranho rejeita a estrutura antológica típica das tirinhas para acompanhar alguns personagens por múltiplos episódios, criando uma mitologia muito mais forte ao redor dos protagonistas extraterrestres e do local onde eles vivem.
“Essa decisão veio quando ouvimos trabalho dos dubladores”, credita Pyle, citando os cinco atores que recorrem na série, incluindo Hannah Einbinder (Hacks), Danny Pudi (Community) e Lori Tan Chinn (Orange is the New Black). “O trabalho incrível deles fez com que quiséssemos criar personagens especificamente para essas vozes, e desenvolvê-los um pouco mais do que os outros.”
Nesse pique, por exemplo, conhecemos a equipe de funcionários de um café muito popular na cidade dos alienígenas. Construído na beira de um abismo, o estabelecimento pode desabar a qualquer momento - tanto metafórica quanto literalmente. “Queríamos criar um cenário mais vívido, com personagens que trazem alguns mistérios e histórias de fundo que poderemos explorar com o tempo”, atiça o criador.
Os três primeiros episódios de Planeta Estranho já estão disponíveis para streaming no Apple TV+. O restante dos capítulos da primeira temporada será lançado semanalmente, sempre às quartas-feiras.