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Os Donos do Jogo leva trama à la Game of Thrones para jogo do bicho carioca

Série estreia no streaming nesta quarta-feira (29) com grande elenco

Omelete
4 min de leitura
05.11.2025, às 14H47.

O jogo do bicho, loteria centenária criada no Rio de Janeiro em 1892 pelo Barão de Drummond, tem experimentado um ressurgimento notável na cultura pop brasileira. Esse fenômeno é impulsionado, em grande parte, pelo sucesso de Vale o Escrito, série documental do Globoplay, que mergulhou no intrincado universo de famílias, negócios e crimes. No início do ano, o tema foi explorado no cinema com Os Enforcados, filme protagonizado por Leandra Leal e Irandhir Santos, que os colocava em um "Macbeth do bicho". Agora, a Netflix também mergulha nesse cenário com Os Donos do Jogo, série criada por Heitor Dhalia, que mira tanto nos fãs de Game of Thrones quanto os entusiastas de histórias de máfia.

A história acompanha Profeta (André Lamoglia), que sai do interior do Rio de Janeiro para conseguir um lugar na Alta Cúpula do jogo do bicho. Sem costas quentes e apenas com sua ambição para movê-lo, o protagonista junta forças com Mirna (Mel Maia), herdeira de um dos chefões, que vê sua posição tomada pela irmã (Giulia Buscacio) e o cunhado (Xamã), e Leila Fernandez (Juliana Paes), esposa de um dos bicheiros (Chico Díaz), que também articula contra os chefões.

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O que parece coisa de ficção, com as intrigas, as mortes e traições, na verdade é o que sempre atraiu a atenção do público para as histórias do jogo do bicho. Já assistimos aos primeiros episódios da primeira temporada e Heitor Dhalia capta com perfeição esse lado shakespeariano da máfia carioca, adicionando um esquema de Game of Thrones, com os próprios animais da loteria servindo de brasões para famílias e personagens. Não que precisasse, já que a natureza do bicho parece diretamente saída das páginas de George R.R. Martin, Shakespeare ou tramas palacianas em geral. Quem conhece a história do bicho ou pelo menos assistiu Vale o Escrito, vai identificar muitas das tramas da série, mesmo que ela use nomes e situações ficcionais: a disputa entre as duas irmãs herdeiras, o chefão no fim da vida e seus sucessores, a escola de samba, o hipismo, os bicheiros galãs e as mudanças no próprio negócio.

Mesmo estando em vários lugares do Brasil, a cultura do bicho é muito próxima da história do Rio de Janeiro e suas particularidades. Um dos grandes acertos de Os Donos do Jogo é conseguir traduzir isso de forma simples e visualmente atrativa para todos os públicos. Dhalia usa do próprio cinema e da cultura pop para isso, como por exemplo, a apresentação das famílias e seus negócios em um casamento logo no primeiro capítulo. O Poderoso Chefão e Os Bons Companheiros são algumas dessas referências que a série dá uma “cariocada”. Impossível também não lembrar de Tropa de Elite, com seu blockbuster urbano na capital fluminense e as frases de efeito. “Se eu gostasse de mimimi, arranjava um gato gago”, dita por Búfalo, personagem de Xamã, é uma das melhores da série até aqui.

O cantor, aliás, está ótimo como o mafioso que entrou nos negócios após casar com a filha do chefão (em um bom e crescente trabalho de Giulia Buscacio), mas que não consegue ter a cabeça fria ou a sutileza necessária para fazer dar certo. Chico Díaz também se destaca como Galego Fernandez e seu jeito perigoso e mulherengo, mas que demonstra afeto com os mais próximos, principalmente Xavier (Otávio Muller). O personagem é uma representação perfeita da transição do jogo bicho clássico para os novos tempos. Nesses três primeiros episódios, as peças ainda estão se posicionando para os protagonistas André Lamoglia e Mel Maia, mas a química entre os dois é quase instantânea e o perigoso jogo de sedução, de fato, engaja.

Os Donos do Jogo tem tudo para se tornar uma das queridinhas do público com esse Game of Thrones carioca (reparem bem na abertura!), que explora ao máximo o lado cinematográfico da máfia brasileira. Se a Netflix tem o potencial de levar histórias para o mundo todo, a produção deixa essa colcha de retalhos do jogo do bicho bem explicada e simplificada, facilitando o entendimento de como esse poder paralelo opera. Ainda que os episódios pareçam mais longos do que o necessário, a série é ágil e muita coisa acontece nesses primeiros capítulos. Os Donos do Jogo vai gerar discussões de quem é quem nessa trama, comparações com fatos reais e, se não perder o ritmo, alcançar o objetivo que toda produção do streaming busca: a maratona desenfreada para saber onde essa história vai dar.

[Texto publicado originalmente em 29 de outubro, no lançamento da série]

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