Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente tem início devastador
Nova série nacional da HBO Max fez sua estreia no Festival de Gramado 2025
Créditos da imagem: HBO Max/Divulgação
Não é arriscado dizer que Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente será uma das séries de maior destaque em 2025. Apresentada pela primeira vez ao público e aos críticos durante o Festival de Gramado 2025, a nova produção nacional da HBO Max, idealizada por Thiago Pimentel, Mariza Leão e Tiago Rezende, resgata o Brasil do final dos anos 1980 para tratar de um recorte que marcou toda uma geração e, principalmente, a comunidade LGBTQIA+: o surgimento e o preconceito em torno da AIDS.
Baseada em fatos, a série tem no centro da trama o comissário de bordo Nando (Johnny Massaro), homossexual que, assim como milhões de pessoas na época, não dava a devida atenção aos perigos que a AIDS representava. O mundo ainda engatinhava no que diz respeito ao entendimento do vírus HIV, e a doença em si era analisada sob um viés preconceituoso, rotulada por muitos como a “peste gay”, e aqueles que acabavam infectados eram tratados praticamente como párias.
Fora de casa, onde ainda escondia a sexualidade de sua mãe, Nando vive uma vida de luxúria. Além de manter um romance com o jogador de futebol Caio (Igor Fernandez), ele mantinha casos tórridos com homens desconhecidos e ainda usufruía de sua posição privilegiada de comissário (numa época onde apenas a elite tinha condições de viajar de avião) e trazia produtos estrangeiros de forma ilegal para vender no Brasil e ganhar ainda mais dinheiro. Sua parceira de contrabando é Lea (Bruna Linzmeyer), amiga de longa data e também comissária, que mantém uma relação extraconjugal com o piloto de sua companhia aérea.
Como em uma perfeita cartilha contra a AIDS, Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente nos mostra desde o começo que sua principal missão é alertar e educar. A Aids é uma doença séria e precisa ser tratada como questão de saúde pública, e qualquer desinformação - seja ela causada por preconceito ou ignorância - pode levar milhões de pessoas à morte. A própria descrença de Nando e a recusa de aceitar o perigo do vírus ganha ares de horror quando ele passa a sentir seus primeiros sintomas, que na época eram rotulados por público, imprensa e até pelo governo como uma sentença de morte.
Se Nando era um negacionista que precisou levar um choque de realidade para entender sua realidade, a mulher trans Pantera, principal estrela da boate gay Paradise, surge como a heroína responsável por abrir os olhos de sua comunidade. Também infectada pelo vírus, ela obriga Raul (Ícaro Silva), seu filho, a nunca fechar os olhos (ou a boca) para a verdade. Quando Pantera morrer, ele precisa gritar para todos que sua mãe morreu de Aids, e todos aqueles que a louvavam por seu trabalho na boate precisam abrir os olhos e dar a devida importância ao perigo do vírus.
Para além do discurso de alerta informativo, Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente mantém o padrão de qualidade que esperamos de uma série com o selo HBO. Já no primeiro episódio o diretor Marcelo Gomes nos surpreende com cenas de sexo vibrantes e cuidadosamente bem filmadas, além de uma fotografia que resgata a textura e as luzes do Rio de Janeiro dos anos 1980 e que nos leva em uma viagem de volta ao passado.
Ainda que a caracterização de seus personagens ainda pareça um pouco caricata - Nando, por exemplo, segue à risca alguns estereótipos de personagens gays representados no audiovisual - o primeiro episódio representa um ótimo início para uma produção que apresenta fortes ambições dentro de sua nobre missão. Em um país que ainda sente os resquícios da pandemia de Covid-19, entender como foi o impacto da luta contra a Aids em um passado não tão distante assim mostra-se urgentemente necessário.
O repórter assistiu ao primeiro episódio da série durante o Festival de Gramado. A estreia na HBO Max aconteceu em 31 de agosto.
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