Cena do teaser de Maniac/ Reprodução/ Netflix

Créditos da imagem: Cena do teaser de Maniac/ Reprodução/ Netflix

Séries e TV

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Maniac | Primeiras impressões da série com Jonah Hill e Emma Stone

Dois primeiros episódios introduziram a jornada confusa de Owen e Annie

21.09.2018, às 12H32.
Atualizada em 21.09.2018, ÀS 14H27

Os fãs de Superbad, clássico - já podemos chamar assim? - do besteirol adolescente podem ter ficado animados com a ideia de ver Jonah Hill e Emma Stone lado a lado de novo com o lançamento de Maniac, nova produção da Netflix. Contudo, quem esperava ver a dupla embarcando de cabeça na comédia rasgada pode se decepcionar. Melancólicos e, simultaneamente, estroboscópicos, os dois primeiros episódios da série levam o duo de atores a limites bastantes desconfortáveis para o público: a série se apresenta como uma montanha-russa de sensações estranhas onde o ponto de partida é o questionamento da realidade. O resultado passa longe do humor BRUTO, mas, como não podia deixar de ser, é indiscutivelmente melhor que isso.

Ainda que não dê muitas pistas em seus dois capítulos introdutórios sobre quais caminhos a trama vai seguir, Maniac entrega o suficiente para que o público se envolva com seus dois protagonistas e queira acompanhar a jornada, ainda muito desconectada, deles dois. Há vários outros elementos cativantes já nesse começo, como a atmosfera wesandersonina que regula elementos visuais como as escolhas simétricas de câmera ou as cores delicadas durante metade do tempo - na outra, elas são pulsantes e enérgicas. O mérito disso é de Cary Fukunaga, que assina a direção e a produção executiva do projeto. É muito divertido também se dar conta da construção de uma realidade contemporânea que soa como o 2018 imaginado por alguém que ainda está nos anos 1980. Em resumo, dá para dizer que Maniac é uma mistura inesperada de Black Mirror e Stranger Things nesse sentido.

Não é à toa que Jonah Hill já esteve entre os indicados ao Oscar de melhor ator coadjuvante duas vezes: mais uma vez, ele entrega uma atuação bastante delicada ao introduzir Owen Milgrim ao público. O desenvolvimento do personagem acontece em grande parte nos pequenos detalhes da expressão facial de Hill, em estado de tensão constante que só varia a intensidade. Owen é um homem com esquizofrenia, que demonstra ainda alguma misantropia derivada das relações conturbadas que tem com sua família. Owen é um homem solitário, taciturno, que claramente passeia constantemente pelo não-lugar por conta do sentimento constante de inadequação social. É difícil não sentir pena e querer que as coisas melhorem para ele desde sua primeira cena.

Emma Stone também não fica para trás - se Hill já esteve duas vezes entre os indicados ao Oscar, podemos lembrar que ela tem uma estatueta de Melhor Atriz na prateleira. Na série, Stone interpreta Annie Landsberg, uma mulher que usa uma droga específica para passar a maior parte do tempo desconectada da realidade, evitando assim, confrontar sentimentos como culpa, saudade e, é claro, tristeza. Ainda que a melancolia de Annie se manifeste de forma completamente diferente da de Owen, não é menos dramática. A jovem também está sempre em busca do escapismo e, quando precisa confrontar minimamente a realidade, faz isso passando por cima de qualquer contrato social normatizado - mas nada disso confere a ela uma atmosfera rebelde, apenas de alguém que jogou a toalha e desistiu.

Além de Hill e Stone, há de se destacar o demais elenco da série. Nos dois primeiros episódios, Billy Magnussen (Unbreakable Kimmy Schmidt) brilha como o irmão constrangedor de Owen e, paralelamente, como uma alucinação do protagonista em uma versão com bigode. No núcleo familiar de Owen, Jemima Kirke (Girls) também parece interpretar uma personagem promissora, como alguém que pode ser uma espécie de âncora para o rapaz esquizofrênico. Há outras participações muito interessantes, como a de Selenis Leyva, a Gloria de Orange is the New Black, que vive uma mulher que contrata um serviço de amigos fake - há algumas críticas às relações modernas na série, diga-se de passagem - e Julia Garner, de Ozark, foco das angústias de Annie.

Maniac se apresenta, ao mesmo tempo, lúdica e sorumbática. A trama embarca em uma investigação sobre o cérebro humano onde os dois protagonistas são as cobaias perfeitas de um estudo que promete reestruturar suas funções neurológicas de defesa - ou não, levando em conta a forma como eles chegam até a Neberdine Pharmaceutical & Biotech, a empresa misteriosa central na história. Se, como foi dito no começo do texto, a série é uma montanha-russa de sensações estranhas, o fim do seu segundo episódio é sua primeira queda-livre - e um prelúdio de que loopings, curvas aceleradas e inversões estão vindo na sequência do passeio.

Maniac tem dez episódios e estreou na Netflix em 21 de setembro.

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