Viva a música sem limites com Deezer!

Icone Conheça Chippu
Icone Fechar
Séries e TV
Artigo

Lembra desse? Galáctica

Lembra desse? Galáctica

EF
30.04.2001, às 00H00.
Atualizada em 10.11.2016, ÀS 10H01
A notícia caiu como uma bomba: Bryan Singer e Tom de Santo, respectivamente diretor e produtor de X-Men, o filme vão se dedicar à TV, ressuscitando Galáctica. Loucura&qt;& Nem um pouco. Com um imenso número de seguidores no mundo todo, este seriado dos anos 70 não faz feio perto de Star Wars e Jornada nas Estrelas. O problema é: os fãs e os executivos vão deixar que isso aconteça&qt;&

Omelete Recomenda

Mas que raios é Galáctica&qt;&

Criada na esteira de Star Wars, quando os estúdios descobriram que ficção científica dava lucro, Galáctica (Battlestar Galactica) estreou nos EUA em setembro de 1978. A série inspirava-se em Erick Von Daniken (Eram os deuses astronautas), que dizia que deuses e povos antigos nada mais eram que seres de outro planeta. As personagens tinham nomes de divindades e constelações, bem como capacetes dos pilotos copiavam o sarcófago de ouro de Tutancamon.

A décima terceira colônia

A história começava com uma conferência de paz entre humanos e cilônios numa galáxia distante (outra, não aquela). Originalmente répteis, os tais alienígenas eram agora uma raça de máquinas, com quem os humanos lutavam havia muito tempo.


Os Cilônios

Tudo não passava de uma cilada. No meio da festa, que marcava o desarmamento de ambos os lados, os cilônios surpreenderam os humanos e destruiram a maior parte da frota. Com 5 mil tripulantes cada uma, mais de 1600 metros de comprimento, dezenas de canhões laser, mísseis termonucleares e 75 caças Viper a bordo, as astronaves eram a base da defesa humana. Na confusão, apenas uma delas escapou, a Galáctica, do Comandante Adama (Lorne Greene de Bonanza), que passa a ser responsável pela defesa dos poucos humanos que restaram nas doze colônias.

Sem possibilidade de voltar aos planetas que ocupavam antes, os sobreviventes se reúnem sob a proteção da Galáctica e o comboio parte em busca de uma lendária décima terceira colônia. Ou seja, além do aquecimento global e da poluição, ainda vamos ter de hospedar parentes distantes.

O Elenco

O elenco, além de Greene, era chefiado por Richard Hatch (San Francisco Urgente), como o Capitão Apolo, filho de Adama, e Dirk Benedict (Esquadrão Classe A), como o mulherengo e divertido Starbuck. Além deles, Laurette Spang era Cassiopéia, que aparecia no piloto como "socializadora", mas virou enfermeira na série, e Maren Jensen como a irmã de Apolo, Athena. Jane Seymour, a Dra. Quinn, participou como Serina, a namorada de Apolo que morre pouco antes do casamento e Fred Astaire interpretou o pai de Starbuck. Do lado inimigo, os cilônios contavam com John Colicos, como o humano traidor Baltar e Jonathan Harris (Dr. Smith de Perdidos no espaço) como a voz do robô Lúcifer.

Aqui no Brasil, o piloto foi exibido nos cinemas como um longa metragem. Por isso, quando o programa estreou na Globo, todo mundo pensou que o filme havia virado série. Ao todo, existem doze versões do piloto exibidas na TV, no cinema, lançadas em VHS, LD e DVD nos EUA, Canadá e Europa.

Cancelamento

Galactica foi um sucesso de audiência, ficando entre os 30 seriados mais assistidos. No entanto, isso não impediu que fosse cancelada. Hoje, dizem que o motivo foi o alto custo de produção. Afinal, se séries são caras, as ficção científica são ainda mais, exigindo cenários, modelos (foram produzidos mais de 40) e efeitos especiais aos montes (supervisionados por John Dikstra, recém saído de Star Wars); o que, no final, aumenta a má vontade dos executivos para com o gênero. Só o piloto de Galáctica custou 3 milhões de dólares, o mais caro de toda a história da TV até então. Ninguém imaginava que, um dia, James Cameron torraria 10 milhões no piloto de Dark Angel. Há quem diga que cada episódio custava um milhão de dólares (o mesmo que 3 milhões de hoje), enquanto outros garantem que não chegava a 750 mil. De um jeito ou de outro, era muito dinheiro.

Outros problemas, entretanto, também interferiram. Para começar, o plano original era de uma mini-série de sete horas, algo muito diferente da produção de 22 episódios semanais de uma hora. A mudança transformou todo o calendário de produção num pesadelo. Além disso, a idéia de um grupo de sobreviventes fugindo por sete horas é muito boa. Manter essa fuga por várias temporadas é muito mais difícil. Para piorar, a produção foi processada pela Fox, alegando problemas de direito autoral em relação à novelização de Star Wars.

Para cortar os custos, a segunda temporada veio como o nome de Galactica 80, só com Lorne Greene e um bando de novatos. O espaço foi substituído por ruas e prédios normais, já que a série passou a mostrar o que acontecia após a chegada dos aliens na Terra. A manobra pode ter sido muito boa para o orçamento, mas não enganou o público, que rejeitou esse arremedo de continuação, e tudo chegou ao fim em maio de 1980, após dez tristes episódios.

O retorno

Com o cancelamento, Richard Hatch, que, no início, teve medo de fazer um "Star Wars para TV", assumiu a liderança para tentar trazer Galáctica de volta. Para tanto, apareceu em convenções, escreveu livros e produziu um trailer chamado Battlestar Galactica - The Second Coming. Toda essa dedicação acabou gerando problemas com o dono da série, o produtor Glen Larson, mas nada abalou Richard e seus seguidores.

Infelizmente, quando a decisão foi tomada, Hatch ficou de fora e os direitos foram para Bryan Singer e Tom de Santo. Para alegria dos fãs, no entanto, os dois são os caras que comeram o pão que um mutante amassou, produzindo X-Men sob os olhares raivosos de milhões de leitores de quadrinhos e se saíram muito bem.

De modo nada sutil, em entrevistas, os dois foram sabatinados a respeito de Lúcifer, Apolo e Adama, e deram respostas próprias de quem assistiu à série e sabe no que está se metendo. Em troca, De Santo e Singer pediram só uma coisa: tempo para planejar os novos episódios e evitar os problemas da versão original.

Diplomaticamente, Hatch colocou uma declaração em seu website, dizendo-se feliz com a escolha e pedindo a todos que dêem espaço aos novos produtores. Só não se sabe ainda se a cortesia garantirá a participação do homem que manteve o público aquecido por 20 anos.

Ainda não se tem certeza também se o sucesso de Singer e De Santo pode convencer os executivos a tirar o escorpião do bolso. É esperar pra ver. Antes, porém, há outro obstáculo, a greve dos roteiristas e atores que promete parar tudo em Hollywood durante meses. Se isto acontecer, todos os pilotos que deveriam estrear no outono americano (setembro/outubro), sofrerão atrasos, o que, em linguagem de produtor significa gastos. Afinal, os atores e técnicos já contratados continuam recebendo, mas não trabalham. Mesmo assim, Galáctica já recebeu o "go ahead" (prossiga).

Seu retornou coloca mais uma ficha no debate sobre a falta de idéias da indústria. Afinal, se houvesse algo de novo no fronte, Galáctica não teria a menor chance. Resta saber se a gente vai comemorar ou lamentar esta oportunidade.

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.